Unicórnios ou Camelos? Não dá para dar prejuízo para sempre a cultura da inovação de startups e fintechs precisa mudar

Head de Cultura do Grupo Squadra argumenta que cultura de inovação precisa mudar e que tecnologia por si só não resolve nada

A “avalanche” de inovação proporcionada pela popularização dos smartphones fez surgirem os milionários das startups.

Assim, muitas vezes com pouco capital, mas com a capacidade de desenvolver uma solução inovadora, jovens criaram startups e fintechs que passaram a valer Bilhões.

No universo dos criptoativos, o boom dos ICO´s mostrou como grandes idéias, nem sempre, significam sucesso.

Desta forma, para além de uma ideia, de uma inovação, de uma tecnologia, os ICO´s e tokens mostraram que tecnologia por si só não representa nada.

Assim, blockchain, tokenização e criptomoedas precisam estar “conectados”, com aquilo que a sociedade necessita.

Modelo Unicórnio não é sustentável

Nesta linha, para Alcebíades Araújo, Head de Cultura do Grupo Squadra, a cultura dos “unicórnios” precisa mudar.

“Um mundo encantado, repleto de ideias inovadoras surgindo a todo momento. Até bem pouco tempo esse era o ideal de startups de rápido crescimento, com estrutura agressiva e muita inovação, capazes de superar a casa de US$ 1 bilhão em valor de mercado – o suficiente para ser, portanto, um Unicórnio. Mas esse tem sido realmente um modelo sustentável?” argumenta.

Assim, segundo Araújo, unicórnios são espécimes fantásticos, fortes e incríveis, raros de se encontrar.

Porém, atualmente aproximadamente 350 empresas fazem parte dessa “categoria” em todo o planeta, sendo que muitas delas vêm registrando seguidamente desempenhos muito mais voláteis do que marcas com valor de bilhões de dólares deveriam apresentar.

“Isso nos leva ao segundo ponto: empresas do mais alto valor de mercado agora estão demonstrando uma série de inconsistências em seus modelos de negócios, deixando em dúvida a sustentabilidade de suas operações no longo prazo.

Não é raro encontrar exemplos de startups, a maioria delas do Vale do Silício (Estados Unidos) e da China, atraindo aportes milionários em rodadas bancadas por grandes fundos internacionais.

À medida que a crise pós-pandemia deixar suas cicatrizes, é improvável pensar na manutenção desse cenário de alto risco e volume de investimentos” revela.

Deixe os unicórnios de lado e procure os camêlos

Assim, segundo Araújo, citando Alex Lazarow, um dos nomes mais experientes do mercado investidor do Vale do Silício, o momento é de mudança de foco.

“Ao invés de procurar por novos Unicórnios é preciso valorizar os Camelos”, revela.

Araújo destaca que ao contrário dos unicórnios, camelos são animais altamente adaptáveis, resistindo mesmo em ambientes desfavoráveis, com postura extremamente resiliente e capacidade de sobreviver sem água e comida por longos períodos.

São animais fortes e preparados para a crise, mas também bastante equilibrados e longevos.

“Pense, por exemplo, nas empresas brasileiras que contam com serviços inovadores e realmente importantes para a população e que precisam conviver diariamente com condições inadequadas e dúvidas sobre quando e como terão receitas. Elas precisam fazer mais coisas com menos recursos e, por isso, são obrigadas a aprender a direcionar seus esforços e ser incansáveis em procurar novos horizontes.

Essas empresas têm muito potencial para crescer e podem certamente representar mais valor à sociedade do que a cultura fugaz dos unicórnios, já que parecem oferecer mais solidez e estabilidade para ecossistemas de investimento, consumo e geração de riquezas. Elas são camelos por essência”, destaca.

Brasil

Ainda segundo Araújo, mais importante do que ter propostas fantásticas e incríveis é construir um ambiente com alta capacidade de sobrevivência, com gestão inteligente do risco, eficiência de fluxo e parceiros confiáveis, deixando assim o caminho livre e seguro para inovar.

” As empresas brasileiras têm muito a ganhar com essa mudança de paradigma e a consolidação dessa cultura organizacional pautada na continuidade do negócio. Planejar, crescer e se sustentar devem ser pilares das organizações nesses novos tempos.

Resta saber quem saberá dar os passos certos em busca de tecnologia e conhecimento para avançar com a longevidade dos camelos e liderar essa jornada rumo ao futuro” finaliza.

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