Desempregado, ex-jogador de Vasco e Santos cai em golpe de R$ 150 milhões com Day Trade

O ex-jogador do Santos e do Vasco Madson foi uma das vítimas de uma pirâmide de Day Trade que lesou milhares de pessoas no Brasil.

O jogador de futebol Madson, com passagens por Vasco e Santos, é uma das mais de 1.500 vítimas de um golpe com Day Trade que teria movimentado mais de R$ 150 milhões, segundo reportagem do UOL.

O jogador, sem clube há quase um ano depois de uma passagem pelo São Caetano, enxergou em uma proposta de uma suposta empresa de Day Trade uma oportunidade de ter ganhos financeiros a partir de investimentos de curto prazo na Bolsa de Valores do Brasil.

Apesar de não revelar os valores investidos, Madson viu o golpe ser desarticulado pelo Ministério Público de Minas Gerais, que nas investigações descobriu que a pirâmide lesou pessoas em 12 estados do país.

Madson diz que usou por três meses uma falsa plataforma de Day Trade pelo celular. Seu advogado, Jorge Calazans, que atende boa parte das vítimas, diz que o jogador tentava uma nova possibilidade de renda, já que não estava empregado por nenhum clube.

Madson teria feito um curso de day trade em um site chamado “Aprenda Investindo”, que ensinava a operar pela ferramenta, e depois um suposto “consultor” passou a aconselhar seus investimentos:

“Mostravam uma tela, que é como se fosse um simulador, mas na cabeça do Madson era real. Faziam movimentos e ganhavam 10% de lucro. Ele [Madson] viu que isso deu certo e passou a fazer depósitos para esses ativos serem comprados e vendidos. No começo parece um ótimo negócio, então os golpistas ganham sua confiança e ficam puxando para você investir mais e mais. Quando o Madson percebeu já tinha feito mais de 30 depósitos para essa organização criminosa.”

Como acontece nas pirâmides financeiras, os primeiros “lucros” de Madson eram pagos, mas o restante teria sido desviado para pagar novos investidores que também estavam sendo vítimas do golpe.

O aplicativo mostrava informações manipuladas, simulando um painel da Bolsa de Valores. O jogador repositava quantias expressivas em empresas de fachada, acreditando que estava fazendo investimentos em ações. Calazans explica:

“Esse tipo de golpe envolvendo investimento ou pirâmides financeiras já levou 11 milhões de pessoas no Brasil, não é tão incomum. Esse do Madson só é mais sofisticado, específico. Na pandemia muitas pessoas fizeram como ele e há alguns casos terríveis, que me fizeram praticamente psicólogo. Tem casos de suicídio, depressão, problemas de família e dificuldades financeiras a ponto de o cara colocar todo o dinheiro numa operação e passar fome. É bem nefasto”

O jogador só começou a desconfiar quando a plataforma passou a mostrar um “erro de operação” e os donos da suposta empresa começaram a cobrar o pagamento de uma “apólice de seguros” para recuperar o valor.

Madson então procurou o advogado, que já havia recebido outros clientes vítimas da mesma fraude. Os criminosos recebiam as quantias em contas de diversas empresas e depois convertiam os valores em Bitcoin e bens de luxo.

Segundo o MP, as empresas envolvidas usavam os sites “Aprenda Investindo” e “Investing Brasil”, que eram direcionados para as corretoras “VLOM” e “LBLV”, entre os anos de 2019 e 2020. A operação teria movimentado R$ 150 milhões.

O líder da quadrilha foi detido em João Pessoa, junto a carros de luxo avaliados em R$ 5 milhões. Todas as contas do acusado foram bloqueadas, assim como carteiras em exchanges de criptomoedas usadas para converter o dinheiro do golpe.

O advogado diz que é preciso ter cuidado ao realizar investimentos como pessoa física, consultar a Comissão de Valores Mobiliários e ver se a empresa tem registro na autarquia, mesmo no caso de investimentos em Bitcoin. No caso de Madson, a empresa não tinha nem CNPJ:

“Se a empresa não estiver com registro ativo já saia fora, mesmo que seja investimento em bitcoin, que ainda não tem regulação específica. Também é importante que se pesquise o histórico, quem são os sócios, como são os investimentos deles, uma pesquisa ampla. Nesse caso do Madson a empresa não tinha nem CNPJ. E por fim é importante criar uma educação financeira. Por que repassar para terceiros se com estudo você mesmo pode investir?”

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