Traficantes e milicianos do Rio de Janeiro fazem uso de criptomoedas para lavar dinheiro

Traficantes e milicianos adotam criptomoedas para ocultar o dinheiro dos crimes.

Os grupos criminosos de traficantes de drogas e milicianos do Rio de Janeiro estão usando criptomoedas para lavar dinheiro, segundo investigação da Polícia Civil revelada pelo jornal O Globo.

Segundo o colunista Ancelmo Gois, o Departamento de Combate à Lavagem de Dinheiro da Polícia Civil do Rio de Janeiro descobriu que milicianos e traficantes, organizações criminosas que disputam o controle das comunidades do Estado, estão transacionando criptomoedas.

O uso de criptomoedas se justificaria para ocultar o dinheiro obtido pelas atividades dos criminosos. Os traficantes de drogas começaram a dominar partes da capital do Estado do RJ nos anos 1980, quando surgiu a facção Comando Vermelho. O grupo cresceu principalmente nas comunidades abandonadas pelas administrações municipais e estaduais e de uma cisão do grupo nasceu o principal rival, Amigo dos Amigos, ou ADA.

Depois, nos anos 2.000, com o crescimento do poder do tráfico, grupos milicianos formados por ex-policiais civis e militares abriram guerra contra os traficantes passaram a controlar parte das comunidades, mantendo as atividades criminosas mas sob nova direção. A implementação das UPPs, em ações espetaculares transmitidas ao vivo pela TV, também contribuiu para o rápido crescimento dos grupos de milicianos.

Um levantamento de outubro de 2020 revelou que os grupos de milicianos já dominam 1/4 dos bairros da cidade do Rio de Janeiro.

Há, inclusive, ramificações políticas entre os milicianos, que já foram defendidos por uma série de prefeitos, governadores, parlamentares e até por quem ocupa o mais alto escalão da República. O Presidente da República, Jair Bolsonaro, e seus filhos, Carlos, Flávio e Eduardo, já defenderam os grupos marginais, admitem relações com milicianos e inclusive homenageram uma série de criminosos durante a carreira política da família.

O ex-assessor de Flávio, o famigerado Fabrício Queiroz, é suspeito de ligações com milicianos, assim como Adriano Nóbrega, ex-capitão do Batalhão de Operações Especiais (Bope) e suposto chefe de uma milícia ligada ao jogo do bicho. Nóbrega foi apontado como um dos possíveis suspeitos de mandar assassinar a vereadora Marielle Franco (PSOL) em 2018. Os mandantes do crime até hoje não foram descobertos. Adriano foi homenageado por Flávio Bolsonaro e também pode estar envolvido no esquema de “rachadinhas” na Alerj.

O miliciano mais procurado do Rio de Janeiro é Ecko, ou Wellington da Silva Braga, de 34 anos, chefe das milícias que atuam na Zona Oeste da Baixada Fluminense. O “Disk-Denúncia” do RJ oferece R$ 10 mil por pistas de seu paradeiro. No interior do Estado, já são 14 cidades dominadas pelas milícias.

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