‘Não tem 1 placa de vídeo para comprar no Brasil’, diz minerador brasileiro

A escassez de placas de vídeo atinge o auge enquanto mineradores de Ethereum recebem mais de R$ 8 bilhões em recompensas pela mineração.

No começo da pandemia, grandes empresas de hardware como Qualcomm, AMD e Sony alertaram sobre o problema crescente da escassez de chips. 

O problema da escassez não se limita aos chips novos e sofisticados, afetando tanto os processos de fabricação de produtos para uso geral, como a venda e negociação dos produtos usados. 

A escassez dos componentes eletrônicos afeta PS5, torradeiras e placas de mineração. Todos os setores vivem o mesmo fenômeno: escassez e aumento exponencial do preço do produto. E talvez não vejamos melhoras imediatas. Durante a divulgação dos resultados financeiros da AMD, a CEO da empresa, Lisa Su disse que a escassez deve continuar em 2021.

Além das restrições à China e os problemas na cadeia de suprimento global, o mundo viveu um aumento da demanda por chips e placas decorrentes do crescente interesse na mineração das criptomoedas. 

Receita da mineração do Ethereum 

Desde de que a pandemia começou, a capitalização total das criptomoedas subiu mais de 2.000%, indo de US$ 108 bilhões em março de 2020 para mais de US$ 2.3 trilhões em maio de 2021.

Nesse meio tempo, o Bitcoin (BTC) se tornou o 8º ativo mais valioso do mundo e o Ethereum (ETH), o 19º, segundo a classificação do 8marketcap.

Fonte: Tradingview

Durante esse crescimento, os mineradores  de Ethereum e Bitcoin receberam grandes recompensas por colocar suas placas caras para trabalhar pelas redes. Só em abril de 2021, os mineradores de ETH receberam mais US$ 1,65 bilhão ou R$ 8,62 bilhões em recompensa. 

Fonte: The Block

Para disputar uma fatia desse hashrate bilionário, é necessário disputar um cenário cada vez mais escasso de placas de vídeo. 

Em conversa exclusiva com o Cointelegraph, o minerador de Ethereum identificado como tg88 disse:

”Sábado estava olhando para comprar mais placas, deixei para olhar dois dias depois, todas tinham sido vendidas e só restou em um site uma que subiu R$ 1.000 em dois dias. Hoje voltei a procurar, não tem 1 placa de vídeo pra comprar no Brasil. Só tem anúncios de pessoas querendo comprar.”

Além de compartilhar com o Cointelegraph anúncios curiosos de compra de placas no Mercado Livre – que recentemente anunciou sua compra de US$ 7 milhões em Bitcoin-, o minerador também falou sobre o lucro exponencial da venda das placas usadas. 

”Como eu não há placas no mercado, eu consigo vender minhas placas antigas por preços cada vez maiores, alimentando a bola de neve. Eu paguei R$ 1.200 em algumas placas em 2019. Em dezembro eu vendi uma delas por R$ 1300 e agora em abril, vendi o mesmo modelo acima dos R$ 3000. ”

Anúncios de compra de placas de vídeo. Fonte: Mercado Livre

Anúncio de placas e indisponibilidade de estoque. Fonte: Terabyte

Para lidar com a escassez, cada empresa adota seu método. 

A fabricante de GPUs Nvidia tenta tanto lançar máquinas anti-cripto (que foram burladas em menos de um mês), como lançar placas voltadas exclusivamente para a mineração de criptomoedas, para evitar concorrência entre gamers e mineradores. 

Graças a essa demanda, a Nvidia triplicou sua previsão de receita para vendas de GPU de mineração. E em comunicado à imprensa, a vice-presidente da empresa, Colette Kresse disse:

“A demanda geral permanece muito forte e continua a exceder a oferta, enquanto nossos estoques permanecem bastante magros. Esperamos que a demanda continue a exceder a oferta durante grande parte deste ano.”

A Bitman, por sua vez, anunciou o Antminer E9, um ASIC focado na mineração de Ethereum com um super poder de processamento voltado para atender a demanda incontrolável pela mineração. 

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