The Sandbox: o jogo em blockchain que pretende ser o centro da cultura pop no metaverso
O rapper Soop Dogg, a série de tv Walking Dead e a coleção de NFTs Bored Ape Yacht Club são alguns ícones da cultura pop contemporânea que vão fazer parte da experiência dos usuários do universo do jogo.
O metaverso está deixando de ser uma criação da ficção científica para se tornar parte da experiência cotidiana dos seres humanos. Como toda tecnologia nascente, ainda estão pouco claras as suas potencialidades e até que ponto ela pode transformar, de fato, nossas experiências cotidianas.
Se o metaverso for mais do que o próximo estágio do desenvolvimento da internet e vier a se sobrepor sobre a rede tal qual como a conhecemos hoje, tornando-se “a porta de entrada para a maioria das experiências digitais, um componente-chave de todas as experiências físicas e a próxima grande plataforma de trabalho”, como escreveu o investidor e ensaísta Matthew Ball, não há referências para imaginar como exatamente essa conexão entre o mundo real e ambientes digitais vai se desenvolver, exceto recorrendo à ficção.
Embora tenha características básicas fundamentais, estabelecidas a partir da fusão de realidade virtual, realidade aumentada conectadas em rede para criar mundos virtuais com uma dinâmica econômica própria, através dos quais os usuários possam transitar com facilidade sob uma identidade forjada por avatares e bens digitais, diferentes narrativas sobre como este universo paralelo vai se instalar e operar estão em jogo.
Literalmente em jogo, se considerarmos que apesar dos declarados e insistentes esforços do Facebook para tentar sair na frente nessa disputa, é a indústria de games que tem liderado essa revolução. E, agora,, começa a ficar claro que a criptoeconomia tem tudo para ser um dos pilares desses universos paralelos virtuais.
A trajetória do The Sandbox é bastante ilustrativa para mostrar como e porquê são empresas que unem jogos e blockchain que estão “inventando” o metaverso.
Inaugurada originalmente em 2011, a Sandbox baseava-se no modelo tradicional e começou a operar através de um aplicativo móvel que foi baixado por 40 milhões de usuários. No entanto, “o sucesso do jogo veio dos usuários”, admitiu o cofundador e chefe de operações do The Sandbox, Sebastien Borget. Foram eles que criaram 70 milhões de ativos dentro do ambiente do jogo. No entanto, nenhum deles foi recompensado por isso, tal como é o padrão em jogos tradicionais como Minecraft ou Roblox.
Sob o impacto do sucesso dos NFTs dos CryptoKitties e dos CryptoPunks, cujos ativos digitais tornam-se propriedade dos usuários, a empresa mudou o seu. modelo de negócios. A Sandbox passou a construir um metaverso descentralizado baseado na tecnologia blockchain, “transformando jogadores em criadores” para possibilizar a monetização dos ativos produzidos no ambiente do jogo.
Construindo o metaverso
Qualquer usuário pode criar jogos hospedados no metaverso de The Sandbox utilizando a ferramenta Game Maker, cuja utilização dispensa qualquer conhecimento de linguagem de programação ou experiência prévia.
Ao mesmo tempo, a empresa implantou um “fundo para criadores” para incentivar artistas digitais a criarem peças exclusivas para o metaverso do The Sandbox, permitindo também que eles vendam suas obras no marketplace do jogo e embolsem 100% dos valores obtidos. A empresa fica com uma comissão extra de 5% do total, cujo custo recai sobre os compradores que as adquirem para criar seus próprios jogos, revenderem-nas ou as incorporarem como parte de sua identidade virtual.
De acordo com Borget, apenas esses ativos criados por artistas digitais geraram uma receita de US$ 48 milhões antes mesmo do lançamento oficial da plataforma, e mais de 350.000 carteiras foram criadas.
As criações incluem itens corriqueiros como uma “van praiana”, uma casa de árvore, até itens mais peculiares, como uma incubadora de robôs ou uma banda de heavy metal.
Músicos de verdade também podem se apresentar no metaverso do The Sandbox. Sejam novatos tentando a fama diretamente em um ambiente virtual ou músicos consagrados, como o rapper norteamericano Snoop Dogg, oferecendo experiências exclusivas para um público seleto.
A interesecção com a cultura pop contemporânea é um dos diferenciais do metaverso de The Sandbox.
Snoop Dogg
Na semana passada, Snoop Dogg anunciou uma parceria com o The Sandbox para criação de um ambiente personalizado dentro do jogo. O rapper terá uma mansão virtual no metaverso e vai lançar coleções únicas de NFTs. A primeira ação virtual será uma festa privada cujo acesso será limitado a mil portadores de NFTs lançados exclusivamente para este fim.
Todos os 650 que foram colocados à venda já estão esgotados, mas ainda há 212 que serão oferecidos como bônus a quem adquirir terras virtuais em terrenos vizinhos aos de Snoop Dog. As vendas serão anunciadas em um futuro próximo.
I’m entering the #metaverse with @TheSandboxGame !! #TSBxSnoopDogg #NFT https://t.co/DZvSV4NNSc pic.twitter.com/zoa87iDhRl
— Snoop Dogg (@SnoopDogg) September 23, 2021
Em um comunicado à imprensa, o rapper falou de sua incursão no metaverso e o que pretende proporcionar aos fãs com a experiência:
“Estou sempre em busca de novas maneiras de me conectar com os fãs e o que criamos no The Sandbox é o futuro dos encontros virtuais, dos drops de NFTs e shows exclusivos. Teremos um novo conjunto de NFTs no estilo Dogg que os jogadores poderão integrar nas experiências do jogo, levando esta experiência online a um nível superior, com certeza.”
The Walking Dead
No começo de julho, o The Sandbox anunciara planos de criar um ambiente baseado na popular série de temática apocalípitica The Walking Dead. No ambiente do metaverso de The Sandbox haverá um jogo interativo será o mesmo dos personagens da série: sobreviver à revolta dos zumbis, encarnando personagens com o herói Rick Grimes.
Os jogadores também poderão utilizar ativos temáticos baseados na série para incorporar ao design de jogos derivados através da ferramenta Game Maker.
Assim como no caso de Snoop Dogg, os jogadores poderão adquirir lotes de terras dentro das áreas do metaverso dedicadas a The Walking Dead. Cada pedaço de terra é um NFT que pode ser explorado comercialmente de formas diversas pelos seus detentores.
As vendas de terras são uma das principais fontes geradoras de receita do The Sandbox, sendo que uma das mais recentes ofertas públicas, realizada em abril, arrecadou US$ 5,9 milhões em menos de 24 horas.
Em declaração ao site Decrypt por ocasião do anúncio da parceria com a detentora dos direitos de The Walking Dead, Borget disse que a associação com grandes franquias da indústria do entretenimento é um ponto chave da estratégia de negócios da empresa:
“Trazer essas grandes marcas de entretenimento para o Sandbox significa que podemos alcançar mais de um bilhão de pessoas por meio delas.”
Bored Ape Yacht Club
O The Sandbox também está fechando parcerias com ícones da nascente cultura cripto. No início deste mês, anunciou a compra de um raro avatar da coleção de NFTs Bored Ape Yacht Club por 740 ETH – o equivalente a R$ 15,66 milhões à época.
We bought Bored Ape #3749 “The Captain” for 740 ETH.
A thread 👇 pic.twitter.com/twLsiBb4Lx
— The Sandbox (@TheSandboxGame) September 7, 2021
Foi o 31º NFT da coleção adquirido pelo The Sandbox, mas este com certeza foi o mais valioso, dada a sua raridade. Ao anunciar a aquisição, Borget afirmou que se tratava de parte de uma ampla iniciativa da empresa de apoio à comunidade de criadores e adeptos de tokens não fungíveis. A coleção particular de Bored Apes do The Sandbox poderá fazer parte do jogo no futuro:
“Vemos o The Sandbox contribuindo para o crescimento dos ecossistemas de NFTs e do metaverso, apoiando os criadores dentro e fora do nosso mundo virtual de jogos e agregando valor aos NFTs, dando-lhes maior utilidade por meio da interoperabilidade de avatar e apresentando-os em experiências dentro do The Sandbox”.
Em maio, já haviam se desenhado os primeiros sinais de uma colaboração entre ambos os projetos. Depois que a Yuga Labs, criadora do Bored Ape Yacht Club aquiriu terrenos virtuais no metaverso do The Sandbox, ambas as empresas anunciaram planos para transpor para o formato 3D os avatares de macacos da coleção, de forma que eles pudessem ser usados no universo interativo do jogo.
Outras parcerias com franquias eminentes das indústrias do entretenimento e de criptomoedas, incluem uma parceria com os detentors dos direitos sobre os Smurfs e a empresa de videogames Atari, e os gêmeos Winklevoss e a Galaxy Interactive, o braço de games da firma de investimento de Mike Novogratz.
Tokenomics
O The Sandbox possui o seu token do governança, o SAND. Além de promover a governança descentralizada da blockchain da empresa e permitir que os usuários compartilhem suas visões e ideias sobre o desenvolvimento do projeto, também funciona moeda nativa do metaverso. Pode ser utilizada para adquirir os ativos digitais disponíveis no marketplace do jogo.
Atualmente, o SAND tem US$ 543 milhões de capitalização total de mercado, ocupando o 119º lugar no ranking geral de criptomoedas. De um total de 3 milhões de unidades do token, 892.246.119 já estão em circulação.
No momento em que este texto está sendo escrito, o SAND está cotado a US$ 0,61, registrando uma baixa intradiária de 3% – e 49% abaixo de sua máxima histórica, de US$ 1,20, alcançada em 4 de novembro de 2020. Os dados são do CoinMarketCap.
O The Sandbox planeja lançar um versão alfa aberta ao público ainda este ano.
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