O ”problema” da abundância de energia no Brasil e a solução da mineração
A mineração pode ser uma ótima fonte de riqueza para locais com abundância de energia, como deve ser o caso do Brasil no futuro, segundo as projeções do PNE 2050.
As projeções do PNE 2050 apontam que até 2050, teremos um potencial energético de 280 bilhões de tep e uma demanda de energia acumulada de 15 bilhões de tep. A discrepância entre demanda e consumo resultaria no ”problema” da abundância de energia, segundo matéria publicada nesta manhã (7) pelo Valor Econômico.
Aos preocupados com a abundância, a mineração de criptomoedas pode ser a grande aliada na solução desse ”problema”, transformando ”excedente” em ”riqueza”.
A grande vantagem da mineração é sua liberdade. Os mineradores podem mover-se para onde é mais rentável. Qualquer lugar com eletricidade barata e abundante e uma regulamentação favorável, atrairá mineradores. E com eles, investimento internacional, desenvolvimento de indústria nacional e modernização das redes telecom.
Por isso, a mineração tem funcionado como arbitragem pelo mundo, criado oportunidades ao consumir energia, que de outra forma, seria desperdiçada. E ela pode fazer o mesmo pelo Brasil. Principalmente com regulamentações que não estrangulam o setor, mas incentive-o.
O excedente energético pode ser de fato um grande problema para alguns países, porque não há formas baratas de armazená-lo ou de ”desligar” sua produção . Além disso, os locais de abundância na produção costumam estar distantes dos locais de abundância de demanda. ”Armazenar” energia na forma de criptomoedas é transformar o excedente não aproveitável em um ativo que pode ser negociado no mundo – o que é um grande problema quando a energia está em sua forma original.
Apesar dos dados comparativos entre o gasto de energia do Bitcoin em relação a alguns países, a mineração tem se estabelecido majoritariamente em áreas onde há excedente de energia. Províncias rurais na China e terras pós-soviéticas esquecidas têm sido as residências dos mineradores. Além disso, 74% do consumo da mineração provém de fontes verdes, enfraquecendo o argumento da mineração como o ”fim do mundo”.
Antonopoulos abordou a questão em uma conferência sobre o consumo de energia, falando desse mal entendido do consumo de energia da mineração.
“O consumo de energia na mineração, eu acho, é mal representado. […] O que acontece quando você constrói uma usina de 50 megawatts em um lugar onde eles têm apenas 15 megawatts de demanda? Você está basicamente desperdiçando energia. E se, naquele ambiente, você puder encontrar uma maneira de transformar essa energia em uma reserva alternativa de valor […] O Bitcoin pode contribuir para converter energia excedente em uma mercadoria valiosa, simplesmente trabalhando como ela.”
Em 2019, a Hydro-Quebec, uma concessionária canadense tinha um excedente equivalente a 100 terawatt-hora, o que atraiu mineradores. A ”parceria” com os mineradores deu tão certo, que a concessionária foi obrigada a dividir o lucro de $ 45 milhões com os consumidores, porque excedia o retorno aprovado pelos reguladores.
Nic Carter, co-fundador do Coinmetrics, escreveu uma ótima metáfora para explicar o potencial da sinergia entre excedente de energia e mineração:
“Imagine um mapa topográfico 3D do mundo com pontos de acesso de energia barata sendo menores e a energia cara sendo maior. Eu imagino que a mineração de Bitcoins seja semelhante a um copo de água derramado sobre a superfície, acomodando-se nos cantos e fendas e alisando-o.”
O Brasil ainda não é um país em que a mineração é lucrativa, mas o ”problema” futuro do excedente pode ter uma solução já no presente.
Os pontos de vista, pensamentos e opiniões expressos aqui são exclusivamente do autor e não refletem nem representam necessariamente os pontos de vista e opiniões da Cointelegraph.