‘A missão é tokenizar todos os ativos’: representante da Paxos fala sobre planos da empresa no Brasil
Juliana Felippe falou com o Cointelegraph Brasil sobre os planos da Paxos no Brasil envolvendo tokenização e novas parcerias
Desde maio de 2022, a Paxos está no Brasil prestando serviços para instituições que oferecem compra e venda de criptomoedas. Em maio deste ano, a empresa ampliou sua presença no país com o anúncio de Juliana Schlesinger Felippe como Enterprise Partnership Manager. Em entrevista durante o Blockchain Rio, ela compartilhou os planos que a Paxos tem para o Brasil no curto, médio e longo prazo.
‘Tokenizar todos os ativos’
A Paxos já tem experiência na tokenização de ativos através de suas stablecoins, que são moedas fiduciárias representadas na blockchain. O Pax Dollar (USDP) e o Pax Gold (PAXG) são os exemplos mais famosos, com a recente adição do PYUSD (PYUSD), stablecoin do PayPal.
O Brasil, no entanto, apresenta um mercado de tokenização diverso. Além de moedas fiduciárias e títulos públicos, ativos como recebíveis e precatórios também são transformados em tokens.
“A missão da Paxos é tokenizar todos os ativos. No curto prazo, nós temos muito trabalho e investimento para emitir, por exemplo, ouro tokenizado, o USDP e a PYUSD”, conta Felippe sobre a possibilidade de uma plataforma de ‘tokenização como serviço no Brasil’. “Então, hoje nosso foco está em otimizar esses serviços que temos e que funcionam”, acrescenta.
O médio prazo se resume em identificar ativos cujos tokens façam sentido e estudar as questões regulatórias envolvidas em sua tokenização. Felippe destaca que este estudo é trabalhoso, e “leva meses”. O último passo, que envolve o longo prazo, é focar na parte operacional e agilizar a tokenização.
“Se eu penso em regulamentação no Brasil, nós já estamos alinhados aos requerimentos das VASPs [entidades que operam no mercado de criptoativos], ainda que a regulamentação não esteja pronta. […] Nós estamos super antenados com tudo que podemos fazer, e queremos estar alinhados para, além de poder operar como VASP, ter todos os pré-requisitos para trabalhar efetivamente no Brasil.”
Chega no Brasil e expansão de parcerias
A Paxos oferece infraestrutura para operações com criptomoedas de três grandes entidades que atuam no Brasil: Nubank, PicPay e Mercado Livre. A Enterprise Partnership Manager da Paxos conta que a aproximação partiu dessas instituições, que viram na Paxos uma parceira forte.
“A Paxos é a mais regulamentada no mercado, com mais de dez anos de atuação. Se pensamos nos clientes, como o Nubank, estamos falando de uma empresa de capital aberto, que tem milhões de questões regulatórias que são importantes para o posicionamento deles. Então, eles viram a Paxos como melhor escolha naquele momento. A estrutura fez sentido, a regulação fez sentido, e nós seguimos. A gente deu sorte de começar com os grandes”, explica Felippe.
De qualquer forma, o Brasil já era um mercado cobiçado pela Paxos, conta Felippe. Como grandes atrativos, ela menciona as posições do Banco Central em relação ao mercado e o celeiro de fintechs atuando no país, e reforça o foco da empresa em otimizar os serviços oferecidos e potencializar os resultados de seus clientes.
“Nós também temos olhado para parcerias. Quando pensamos no Brasil, sabemos que é bom ter parceiros locais para várias questões, como liquidez e mudanças bancárias. Existem vários pontos que estou endereçando”, diz.
Falando mais sobre as parcerias buscadas pela Paxos, Felippe destaca que a empresa é “extremamente regulada”. Por isso, há uma exigência de que as empresas apresentem alto nível regulatório para trabalhar em conjunto com a Paxos.
“O Chad [CEO da Paxos] sempre falou que a regulamentação é fundamental para [o mercado cripto] chegar ao mainstream Sem isso, a gente não chega. Então, hoje temos essa barra de entrada: se alguém quiser trabalhar fora das leis, ou das regras da Paxos, não podemos trabalhar juntos.”
Visão sobre os rumos regulatórios
A postura dos reguladores brasileiros em relação à indústria blockchain é frequentemente elogiada por instituições do mercado brasileiro. Os players internacionais, porém, também vêem com bons olhos o processo regulatório no Brasil, e a Paxos é um deles.
“Eu vejo que o Banco Central está pegando o melhor dos riscos e oportunidades do mercado. Ele está aberto para ouvir e aprender. Diferente dos reguladores dos Estados Unidos, por exemplo, que não queriam inibir a imaginação e criatividade do mercado, mas acabaram sendo muito austeros e perderam a mão na dosagem de supervisão e punição”, avalia Felippe.
Além disso, a representante da Paxos afirma que a equipe técnica do BC é de “altíssima qualidade”, demonstrando interesse em aprender o que tem sido feito a nível global e como aplicar as partes mais positivas no ambiente brasileiro.
“Que bom que temos uma equipe tão antenada e profissional, que forma um grupo super positivo. […] Tem muita coisa acontecendo, e eu acho que eles têm alinhado os pontos muito bem.”
Comentando sobre o Drex, Felippe afirma que nem todas as aplicações do sistema planejado pelo BC estão claras, e pode levar dois anos, no mínimo, para que a dimensão de todas as possibilidades seja entendida.
“A caminhada nos testes com o Drex vai ajudar a entender o que podemos criar, e também vai depender dos bancos ter uma agilidade na criação dos casos de uso com essa estrutura, que é quando veremos adoção e utilidade”, conclui Felippe.
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