O futuro da Blockchain: para onde ela está indo?
Mudanças provocadas pela Blockchain, casos de uso, interoperabilidade e o futuro da tecnologia.
As tecnologias Blockchain estão mudando profundamente a forma como realizamos negócios que precisam de auditoria constante, como os cartórios ou a logística, por exemplo. Se você já comprou uma casa, provavelmente teve que assinar uma pilha enorme de documentos de uma variedade de diferentes partes interessadas para fazer que transação acontecer.
O processo de registro de imóveis ou veículos costuma ser problemático e burocrático, porque todas as partes envolvidas precisam provar suas credenciais e veracidade. No que tange à logística, pode ser desafiador rastrear seus registros médicos, cargas remetidas que passarão por vários modais diferentes, tais como navios, caminhões e aviões até chegar às gôndolas dos supermercados.
Blockchain é uma tecnologia que redefine esses processos e muitos outros. Para ser claro, a tecnologia Blockchain não é limitada ao Bitcoin. Ela é a base digital subjacente ao ativo, a responsável pelo suporte de projetos, tais como o Bitcoin. O alcance da Blockchain está muito além das criptomoedas.
A Blockchain é um livro razão compartilhado e imutável que facilita o processo de registro de transações e o rastreamento de ativos. Um ativo pode ser tangível (uma casa, um carro, dinheiro, terras) ou intangíveis (propriedade intelectual, patentes, direitos autorais, marcas). Praticamente qualquer coisa de valor pode ser rastreada e negociada em uma rede Blockchain, reduzindo riscos e cortando custos para todos os envolvidos.
Quatro áreas que a Blockchain mudará
Transações financeiras
Transações ligadas a serviços financeiros serão as mais afetadas pela disseminação da economia das criptomoedas. Quando vemos os maiores bancos do mundo, tais como Santander e Barclay se organizando em torno das pesquisas sobre o blockchain, já podemos supor que a revolução está em curso.
Operações entre organizações
Redução dos custos, eliminando a necessidade de terceiros e processos intensos de verificação manuais. Por exemplo, quando os bancos utilizam o Automated Clearing House (ACH) para transferências de fundos. Ou, quando eles fazem a autenticação e verificação por conta própria, que normalmente envolve processos manuais trabalhosos e caros. Com o uso de Blockchain reduz-se os custos, eliminando a necessidade de terceiros e os processos de verificação manual. Por esta razão, blockchain parece prestes a desempenhar um papel em transações de alto volume entre Internet of Things (IoT), Internet of Everything (IoE) e a vindoura Fog Computing.
Fluxo de trabalho dentro de grandes organizações
A capacidade de fornecer autenticação e verificação através de grandes redes pode promover mais eficiência entre diferentes departamentos ou divisões de uma grande organização em projetos multidepartamentos. Projetos que poderiam levar entre um ano ou dois para se empreender podem ser acelerados com a implementação de redes Blockchain.
Uso governamental
Diversos governos já começam a enxergar na tecnologia um uso adequado para diminuir seus processos burocráticos e acelerar a inovação. No Brasil, já vemos casos de uso no governo do Paraná e no Banco Central.
O Rio de Janeiro sediará o maior evento de hackaton do ano, o Hacking.Rio, que é reconhecido por ser o maior Hackathon do Brasil e da América Latina, que acontece dos dias 9 a 11 de outubro, é patrocinado pelo Serpro, empresa de TI do Governo Federal.
A Serpro lançou desafios para soluções em Blockchain para uso intensivo nos processos do governo federal.
Surge uma economia
Visto que a tecnologia fornece uma camada transacional segura e robusta, cada vez mais empresas começarão a explorar as áreas da organização onde eles poderiam aproveitar essa tecnologia.
De forma muito ampla, a tecnologia será usada massivamente no contexto empresarial, para ativos digitais, valores mobiliários, ativos físicos, até mesmo coisas como compliance, notas fiscais e identidade. Um case bem interessante é do Dr. John Halamka, CIO do Beth Israel Deaconness Medical Center em Boston, explicou as potencialidades do uso de uma blockchain nos registros médicos em um artigo da Wired.
Esta indústria começou com um ativo financeiro (Bitcoin) e infraestrutura financeira (a blockchain do Bitcoin) e nos próximos anos continuará a encontrar a maior utilidade no domínio do dinheiro programável (não soberano). Mas diversos bancos centrais também estão no processo de explorar essa tecnologia. O Brasil estuda a possibilidade de ter sua moeda soberana digital em 2022, como declarou o presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto.
Os benefícios para os negócios serão os seguintes:
»Economia de tempo: tempos de transação para processos complexos envolvendo multipartes serão reduzidos de dias para minutos. Transações de liquidação financeira serão mais rápidas porque não requer verificação por uma autoridade central.
»Economia de custos: uma rede blockchain reduz despesas em um algumas maneiras:
• Menos supervisão será necessária porque a rede é autônoma e policiada por participantes da rede.
• Intermediários são reduzidos porque os participantes podem trocar itens de valor diretamente.
• A duplicação de esforços é eliminada porque todos os participantes têm acesso ao livro razão compartilhado.
»Maior segurança: os recursos de segurança do Blockchain protege contra adulteração, fraude e crimes cibernéticos. Se uma rede é permissionada, os membros podem provar de forma confiável que são quem dizem ser e que os bens ou ativos negociados são exatamente como representados.
O que futuro das Blockchains nos reserva
O futuro é a interoperabilidade, diversas redes funcionando ao mesmo tempo e simultaneamente. Atualmente, esse é o maior gargalo existente entre as diversas blockchains, pois nenhuma se comunica diretamente, como são os casos das principais blockchains existentes: do Bitcoin e do Ethereum.
Há alguns projetos buscando essa interoperabilidade, como o Symbol da NEM que preconiza a interoperabilidade entre as redes.
E com o advento das redes IoT essa interoperabilidade será exponenciada a um limite que ainda não conhecemos, principalmente com o uso do 5G turbinando essa comunicação entre diversas redes heterogêneas.