‘O desafio não é a tecnologia mas o engajamento do produtor’, diz Marfrig que recebeu R$ 155 milhões para produzir ‘boi verde’ na Amazônia

“O desafio não é a tecnologia, é o engajamento do produtor e a identificação ao longo de uma cadeia complexa e desverticalizada”, disse Marfrig sobre desafidos para produzir ‘boi verde’ na Amazônia

A Marfrig, uma das maiores produtoras de carnes do Brasil, anunciou que recebeu um aporte de US$ 30 milhões do fundo holandês &Green para a produção de ‘boi verde’ na Amazônia e no Cerrado.

Segundo anunciou a companhia, a meta da empresa é garantir que nenhuma cabeça de gado que abate em suas unidades esteja associada ao desmatamento até 2030.

Para isso a empresa pretende usar diversas tecnologias, incluindo blockchain, no manejo da cadeia produtiva e, com isso, entre ouros, evitar o desmatamento ilegal e demais práticas ilicitas que podem ocorrer na criação de animais para abate.

Ainda segundo a empresa, o foco dos recursos será no rastreamento do ‘buraco negro’ da cadeia produtiva do setor que são os fornecedores indiretos, aqueles que entregam o gado aos criadores para a engorda final.

Porém, segundo a empesa, o problema não é o uso de novas tecnologias como blockchain, que inclusive já é usada pela empresa no monitoramento da cadeia produtiva, mas a adesão dos produtores.

“O desafio não é a tecnologia, é o engajamento do produtor e a identificação ao longo de uma cadeia complexa e desverticalizada”, disse ao Valor, Paulo Pianez, diretor de sustentabilidade e de comunicações da Marfrig.

Blockchain

No entanto, a companhia declara que já vem dando importantes passos em sua meta e já consegue rastrear 62% do volume de abate de gado na Amazônia e 47% do abate de gado no Cerrado, do bezerro à engorda final.

Além disso, todos os fornecedores diretos já estão rastreados. A Marfrig calcula que, além dos 30 mil fornecedores diretos que possui nos dois biomas, existam para cada um 10 a 20 indiretos, o que implica uma cadeia de cerca de 300 mil fornecedores apenas da companhia.

A empresa destaca também que deve expandir seu Programa de Produção Sustentável de Bezerros, implantado pela IDH no Vale do Juruena, em Mato Grosso, que utiliza brincos de identificação e blockchain.

Pará, Gado, Lava-Jato e blockchain

Quem também está comprometido com o desenvolvimento sustentável do setor pecuarista é o Governo do Pará que declarou que usará cerca de R$ 92 milhões recebidos da Operação Lava Jato em ações de fomento, fiscalização e regularização do setor pecuário no Estado.

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Assim, o objetivo do estado é busca de evitar que a atividade cause desmatamento em florestas e, pretende usar blockchain como uma das soluções.

Em 2019, o aumento do desmatamento para a criação de animais para abate intensificou a pressão nas grandes indústrias do setor, como JBS, Marfrig e Minerva, que compram ao menos 38% do gado no bioma amazônico e enfrentam problemas para garantir que o gado seja de fontes ‘legais’ e não de produtores que fazem produção predadora.

“Trazer o pessoal para a legalidade e incentivar a eficiência são nossas metas”, disse Mauro O’de Almeida, secretário de Estado de Meio Ambiente e Sustentabilidade do Estado.

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