Top 5 Setembro: Tokens do Terra lideram ganhos mensais com atualização polêmica, manchetes policiais e alta de 80%
Implementação do mecanismo de queima do Terra Classic recebeu apoio da comunidade e da Binance, provocando disparada do LUNC ao mesmo tempo que perseguição a Do Kwon, cofundador do projeto, passou a envolver a Interpol.
Setembro se aproxima do fim com o Bitcoin (BTC) operando entre o verde e o vermelho a menos de 12 horas do fechamento semanal. No início da tarde desta sexta-feira, 30, é impossível cravar se a vela de setembro será verde ou vermelha, como previam os analistas no início do mês.
Um fechamento mensal positivo para a maior criptomoeda do mercado depende do rompimento e da manutenção da ação do preço acima do nível psicológico de US$ 20.000. Embora os touros estejam no comando nesta semana, por enquanto o BTC ainda opera abaixo dessa marca.
Independentemente do comportamento do mercado, setembro de 2022 ficará marcado na história das criptomoedas devido ao sucesso da mais importante e desafiadora atualização da Ethereum (ETH). O The Merge foi concluído com perfeição na madrugada de 15 de setembro, ratificando a transição do mecanismo de consenso da rede líder de contratos inteligentes de Prova-de-Trabalho (PoW) para Prova-de-Participação (PoS).
Apesar da redução do consumo de energia da rede, que decaiu em mais de 99%, e da queda na emissão de novos tokens, que promete transformar o ETH em um ativo deflacionário, o êxito da atualização não teve influência sobre os movimentos do mercado. O Ether chega ao final de setembro acumulando perdas de aproximadamente 12%, confirmando que o The Merge foi um típico evento “compre o boato, venda a notícia”.
Top 5 criptomoedas de setembro
De certa forma, o token de melhor desempenho mensal também foi impulsionado por um evento da mesma natureza. O LUNC disparou na segunda semana de setembro, se aproximando de uma valorização de 400% motivada pela notícia de que os desenvolvedores do protocolo implementariam um mecanismo de queima do token.
Em tese, a atualização teria o efeito de gerar uma pressão positiva sobre o preço do LUNC, apesar de alguns analistas terem imediatamente questionado a eficácia do sistema. Assim como disparou, o LUNC caiu logo em seguida.
Com o apoio da Binance à nova política monetária do protocolo, inclusive com o envolvimento direto de Changpeng Zhao, o CEO da maior exchange de criptomoedas do planeta, o token ganhou um novo impulso. Apesar de a ação de preço ter se mantido volátil a partir de então, o LUNC chega ao final de setembro com uma valorização expressiva de pouco mais de 80%, ainda mais considerando-se que o inverno cripto ainda não chegou ao fim.
O segundo token de melhor desempenho mensal foi o LUNA. Nesse caso, sem motivação aparente, a não ser devido ao fato de estar intimamente ligado ao Terra Classic e à personalidade de seu criador, o polêmico Do Kwon.
Enquanto o LUNA se valorizava, Do Kwon se esquivava do mandado de prisão emitido contra ele por violação às leis dos mercados de capitais da Coréia do Sul. No Twitter, o cofundador do Terra negou que estivesse em fuga, sem no entanto revelar o seu paradeiro.
Supostamente, Kwon ainda teria tentado movimentar US$ 67 milhões em Bitcoin para custear suas despesas, ao que a Justiça da Coréia do Sul solicitou o congelamento dos ativos às exchanges de criptomoedas KuCoin e OKX.
O fato é que o LUNA chega ao fim do mês acumulando ganhos de 47,4% enquanto o nome de Kwon foi incluído na lista de “alerta vermelho” da Interpol, tornando-o oficialmente foragido das autoridades sul-coreanas.
O XRP ocupa o terceiro lugar na lista, aparentemente também beneficiado por um evento “compre o boato, venda a notícia”. Este mês, a Ripple Labs e a SEC entraram com um pedido junto ao Tribunal Distrital dos EUA, no Distrito Sul de Nova York, solicitando um julgamento sumário do caso que contrapõe o órgão regulador e a empresa emissora do XRP. Segundo a SEC, a Ripple teria comercializado valores mobiliários, através de uma oferta pública de tokens XRP.
Antecipando-se a uma possível vitória da empresa sediada em São Francisco (Califórnia) nos tribunais, os traders impulsionaram o preço do XRP em direção a uma alta mensal de 46%.
Mais um token cujo preço vem se beneficiando de especulações do mercado ficou na quarta posição, acumulando ganhos mensais aproximados de 45%. O Quant (QNT) é uma rede blockchain interoperável cuja adoção estaria sendo estudada por órgãos governamentais e regulatórios dos EUA.
O token da plataforma de empréstimos DeFi Compound (COMP) fecha o top 5 de setembro com uma valorização de 30% impulsionada pela aprovação de duas propostas de governança do protocolo.
A proposta 126 tinha como deliberação optar pela renovação ou não da parceria com o OpenZeppelin, um aplicativo de segurança da Web3. Mais importante em termos econômicos, a proposta 127 aprovou o aumento da oferta de ETH, Wrapped Bitcoin (WBTC) e do próprio COMP para os usuários do DApp (aplicativo descentralizado) da Compound.
Gráfico de 4 horas das Top 5 Criptomoedas de setembro comparadas a BTC e ETH. Fonte: TradingView
Piores desempenhos
Em comum, os cinco tokens de pior desempenho mensal em setembro são do setor de finanças descentralizadas (DeFi). Os crescentes riscos regulatórios associados ao setor podem ter sido responsáveis pelo fraco desempenho.
O presidente da SEC, Gary Gensler, voltou a fazer comentários sobre a caracterização de tokens como valores mobiliários, e, portanto, passíveis de serem enquadrados nas leis financeiras vigentes. Mais ostensivo foi o posicionamento do órgão em um processo movido contra o pesquisador de criptomoedas e YouTuber Ian Balina. A SEC afirma que Balina realizou uma oferta não registrada de tokens Sparkster (SPRK), utilizando a Ethereum como plataforma para emissão e comercialização do SPRK.
A SEC afirma que, no momento em que os investidores sediados nos EUA participaram do pool de investimentos de Balina, as contribuições em Ether foram validadas por uma rede de nós na blockchain da Ethereum “que estão concentrados mais densamente nos EUA do que em qualquer outro país.” Em função disso, “essas transações ocorreram nos EUA.”
Além disso, o rascunho de um projeto de lei que visa regular as stablecoins propõe a proibição do lançamento de novas stablecoins algorítmicas por um período de dois anos, além de obrigar as atualmente existentes a reestruturarem seus mecanismos de manutenção da paridade e a constituição de suas reservas.
Uma das stablecoins que seria imediatamente afetada caso o projeto venha a ser aprovado é o Synthetix USD (SUSD). Emitido pelo Syntethix, o SUSD atualmente é colateralizado pelo token nativo do protocolo, o SNX. A stablecoin é utilizada para pagar rendimentos provenientes de taxas de transação realizadas na plataforma DeFi de emissão e comercialização de ativos sintéticos aos detentores do SNX.
Possivelmente não por acaso, foi justamente o SNX o token de pior desempenho mensal entre as 100 maiores criptomoedas por capitalização de mercado, com uma queda de 20%. Logo depois vêm os token da Thorchain (RUNE), um protocolo descentralizado de liquidez cross-chain, com perdas de 18,8%, e da plataforma de contratos inteligentes de camada 1 Fantom (FTM), cujo ecossistema DeFi está em declínio desde que Andre Cronje se desligou do projeto, com desvalorização de 18,6%.
O token da plataforma líder de staking líquido, Lido Finance (LDO), vem logo a seguir, com perdas de 18,3%. Provavelmente o LDO foi acometido pela ressaca do The Merge, pois a queda mensal foi consolidada justamente em um período no qual o valor do Lido Staked Ether (stETH) praticamente retomou a paridade com o ETH após ter chegado a ser negociado com desconto de quase 10% no auge da crise de liquidez e insolvência que abalou o mercado em função do colapso do Terra.
O stETH é um derivativo do ETH mantido em staking através da Lido. Além de gerar rendimentos passivos, ele permite que seus usuários o utilizem em operações de finanças descentralizadas.
Fecha a lista dos cinco tokens de pior desempenho de setembro o NEAR, token nativo do Near Protocol. A queda coincide com uma redução substancial do valor total bloqueado (TVL) em protocolos DeFi na rede alternativa de camada 1, ao mesmo tempo em que a popularidade do Sweatcoin tem contribuído para o aumento da atividade da rede e do número de carteiras e usuários ativos diários.
Apesar das expectativas de que o Bitcoin seja capaz de fechar setembro acima de US$ 20.000, analistas alertam para a possibilidade de haver um grande despejo de BTC nos mercados nos próximos dias, provocando novas quedas de preço, conforme noticiou o Cointelegraph Brasil recentemente.
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