Estudo indica que o mercado cripto é fragmentado, incipiente e cheio de narrativas: ‘Bola quente do dinheiro’

Criptoativos com melhor ou pior desempenho mensal tendem a repetir movimento nos próximos sete dias, potencializando estratégias de negociação de longo prazo.

Apesar dos altos ganhos e perdas, o mercado de criptomoedas é fragmentado, negociado em diversos países, com legislações distintas assim como os diversos projetos de seus variados segmentos desse setor com “pouco valor intrínseco”, com maior participação nas exchanges centralizadas e com “evidências substanciais que apoiam a existência de uma anomalia no impulso dos criptoativos baseados em blockchain.” Pelo menos, essas são algumas das principais concluões de um relatório divulgado nos últimos dias pela Starkiller Capital, uma empresa de investimento institucional focada em criptomoedas, que qualificou as negociações no mercado cripto como “bola quente do dinheiro.”

“Especialmente, os ativos com melhor ou pior desempenho em um período de 30 dias tendem a continuar a ter desempenho superior ou inferior nos próximos sete dias. As estratégias de negociação de impulso de longo prazo que exploram esse fenômeno forneceram consistentemente retornos excessivos em relação ao benckmark, o Bitcoin (BTC)”, avaliou a  Starkiller Capital.

Segundo o estudo, a durabilidade e o motivo da “anomalia de precificação” das criptomoedas são variáveis e incluem algumas características exclusivas do mercado cripto. O relatório diz que os criptoativos “têm pouco valor intrínseco no sentido de que não existe um longo histórico de participantes do mercado avaliando esses ativos usando um conjunto geralmente aceito de variáveis fundamentais.”

“Embora você possa produzir uma relação preço/vendas ou até mesmo uma relação preço/lucro para alguns protocolos, na há evidências relatadas de que essas variáveis tenham qualquer poder explicativo na seção cruzada de retornos desses ativos”, emendou a análise. 

Em relação à fragmentação do mercado cripto, o documento explicou que os participantes pertencem a países com diferentes jurisdições e variados graus de acesso à exchanges centralizadas, que, por sua vez, possuem níveis variados de liquidez e diferentes conjuntos de criptoativos listados. Isso porque as centralizadas dominam o volume de transações sobre as exchanges descentralizadas, embora, por exemplo, os investidores domiciliados nos EUA sejam proibidos de acessar a Binance, detentora de 75% das negociações.

“Essa fragmentação do mercado pode criar limites à arbitragem, pois o capital pode ser impedido de participar entre fronteiras regulatórias ou geográficas”, acrescentou o documento. 

O levantamento também evidenciou a dificuldade de longo prazo dos criptoativos de futuros perpétuos, apesar de muitos desenvolvedores terem obtido sucesso em obter liquidez para permitir o hedge do risco, mas observou que a liquidez na cauda longa desses criptoativos é altamente concentrada na Binance. 

“Existe alguma especulação legítima de que as relações sobrepostas entre as equipes de protocolo, seus investidores e grandes bolsas centralizadas afetam o momento das listagens no mercado spot [`a vista] e futuro com o objetivo de controlar as características de oferta/demanda do mercado”, observou a Starkiller Capital.

Em relação aos protocolos de empréstimo de finanças descentralizadas (DeFi) do top 300, observou o estudo, eles são muito finos e “exigem uma colocação de colateral significativa para que os empréstimos se efetuem em posições shorts (venda a descoberto).”

Sem esboçar surpresa, a análise ressaltou que acredita que o mercvado cripto é repleto de informações privilegiadas e manipulações. 

“Variáveis de movimentação do mercado, como quando um criptomoeda específica será listada em uma grande exchange centralizada, quando uma equipe de um protocolo divulgará notícias sobre uma nova versão de seu protocolo ou uma mudança em sua tokenmonics, aumentos de capital, período de qued de invesidores, airdrops, ações regulatórias, grandes anúncios de relacionamento de desenvolvimento de negócios, programas de inventivo… e uma série de outras variáveis ocorrem com pouca ou nenhuma supervisão regulatória. Whashing trading, esquemas coordenados de pump and dump de manipulação geral estão todos bem documentados no espaço”, observou o levantamento. 

O relatório ainda chamou a atenção para o pouco tempo para a tomada de decisão por parte dos investidores ao lembrar que a “teoria da desatenção racional argumenta que algumas informações podem ser avaliadas com menos cuidado ou até mesmo completamente ignoradas”, problema que se tornou extremo no mercado de criptomoedas , que se tornou uma “bola quente do dinheiro.”

A empresa lembrou ainda que, a qualquer momento há apenas um grande número de narrativas que afetam os preços, já que, diferente dos mercados tradicionais, os negociantes de criptomoedas estão “muito online” e tendem a serem participantes ativos das mídias sociais (Twitter, Reddit, etc.). O relatório citou alguns exemplos de narrativas específicas que direcionaram quantidades significativas de capital para certos ativos nos últimos três anos:

“Elon Musk falando sobre Dogecoin no Twitter, protocolos L1 lançando programas de incentivo ao desenvolvedor para pegar TVL (“SoLunAvax”), verão DeFi e o farming associado de protocolos de negociação/empréstimo DeFi, NFTs (ArtBlock e arte generativa em geral) ou renomeação de Mark Zuckerberg de Facebook para Meta para focar no metaverso. Essa rotação narrativa também tem o efeito de direcionar liquidez significativa para os protocolos (valor total bloqueado – TVL) em curto período de tempo”, observou.

Na esteira das possíveis informações privilegiadas, na última semana um “trader vidente” comprou tokens minutos antes de um anúncio de listagem na Binance e lucrou US$ 55,4 mil, conforme noticiou o Cointelegraph Brasil

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