Startup Societies: conceito de cidades independentes ganha evento dedicado no Brasil

Entusiastas dos ideais de network state e startup societies têm até quinta-feira (30) para confirmar a participação no Startup Societies Conference, que acontece na sexta-feira

O Network State é um conceito que foi popularizado pelo livro publicado por Balaji Srinivasan em julho de 2022. Trata-se da ideia de uma comunidade online com ideais alinhados e capaz de realizar ações coletivas para mudar territórios ao redor do mundo, culminando no reconhecimento diplomático de estados já existentes.

Apesar do destaque após a publicação do livro, o conceito em questão é antigo, destaca Jean Hansen, fundador da Peerbase e um dos organizadores do evento Startup Societies Conference. Hansen salienta, no entanto, que o network state é o estágio máximo de um movimento de organização, que começa nas chamadas startup societies.

“Startup societies representam um ecossistema de organizações que atuam na inovação de instituições e modelos de governança. Elas compreendem desde a criação de novas cidades e comunidades online se estabelecendo em territórios descentralizados pelo mundo, até as instituições nativas digitais que almejam ser alternativas aos sistemas atuais”, explica Hansen.

Nesses coletivos, inovações tecnológicas substituem pilares da sociedade tradicional. As criptomoedas, por exemplo, substituem a moeda estatal, e as redes sociais se apresentam como uma alternativa à mídia mainstream. O mesmo ocorre com leis, ciência, regulação, segurança, saúde e o próprio sistema de governança.

O movimento no Brasil

A ideia de coletivos que se unem em prol da construção de um território autônomo já está presente no Brasil. Apesar de incipiente, Jean Hansen destaca que a disseminação do conceito de startup societies já mostra sinais de crescimento no país. A popularização da Web3, por exemplo, pode ser considerada como medidor.

“As organizações [da Web3] trabalham para criar uma nova infraestrutura monetária, financeira, econômica e legal para a sociedade, através de plataformas descentralizadas, que são as blockchains”, explica.

A adesão à ideia também pode ser vista na construção de novas cidades, como a startup social Gerando Falcões. Hansen conta que a startup tem demolido favelas e substituído as construções por vilas digitais inteligentes, além de fornecer acompanhamento sócio-econômico à comunidade local.

Outro projeto físico de startup society é a Ipê City, que foi lançado com o objetivo de criar uma jurisdição digital que opera sobre instituições nativas digitais. 

“A comunidade está crescendo em torno de valores de liberdade e uma visão otimista da tecnologia, que foram perdidos nos últimos anos. O objetivo do projeto é crescer como comunidade digital, inovar em instituições digitais, se estabelecer internacionalmente em territórios físicos e ganhar autonomia legal dos países hóspedes através de leis de zonas econômicas especiais e charter cities”, conta Hansen.

Evento para entusiastas

Com o intuito de atender aos entusiastas do conceito de network state no Brasil, o evento Startup Societies Conference organizará, pela primeira vez, uma conferência sobre o tema na América Latina.

Jean Hansen é um dos organizadores, e conta que o objetivo do evento é inaugurar um novo capítulo na história política brasileira. Nesse novo capítulo, política e instituições são construídas por startups, empreendedores e engenheiros usando software e protocolos de código aberto, “em vez de burocracia e tecnologias analógicas”.

“A conferência trará líderes do ecossistema, incluindo cofundadores de startup societies, especialistas em tecnologias descentralizadas e inovadores no universo social”, completa Hansen.

Alguns dos palestrantes confirmados são: Niklas Anzinger, residente de Próspera, uma cidade privada em Honduras, e fundador da Vitalia, cidade descentralizada dedicada à longevidade; Rodrigo Quercia, cofundador da Próspera, CEO Solpanamby, Business Development at Tipolis; Julia Machado, CFO da Gerando Falcões; e Ott Vatter, responsável pelo desenvolvimento da plataforma da Estônia.

O evento será realizado na sexta-feira, 1º de dezembro, nas instalações do Ibmec, em São Paulo. Os portões se abrem às 13h, com duração até 18h.

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