Stablecoins como a Libra do Facebook podem ser um ‘risco social’, afirma diretor do BCE
O controle total de gigantes de tecnologia sob os dados pessoais de usuários e suas movimentações financeiras, vem preocupando autoridades que ressaltam o lado mais obscuro das stablecoins.
A alerta foi feita por Fabio Panetta, membro da Conselho Executivo do Banco Central Europeu (BCE). Durante o seu discurso em um evento na Itália nesta quarta-feira (5), o economista pesou os prós e os contras das stablecoins.
Conforme Panetta, o setor de pagamentos está passando por uma transformação digital. Ele indica que o modelo de negócios baseado em taxas, foi substituído pelo baseado em dados.
Dessa forma, mais serviços de pagamentos se tornam gratuitos. Em contrapartida, a empresa que pode coletar um número gigantesco de dados pessoais. De tal forma que possua uma visão profunda das preferências dos usuários.
Isso é praticado especialmente pelas gigantes da tecnologia. De acordo com o diretor do BCE, as empresas usam o modelo para aumentar a base de clientes. Também se expandem em mercados globais através de stablecoins.
Libra do Facebook está na mira do BCE
Penetta destaca como um exemplo a Libra, o projeto de criptomoedas do Facebook que também conta com stablecoin.
Ele confessa que as moedas virtuais de grandes empresas podem trazer eficiência e economia. Apesar disso, o controle que elas exercem sob os dados dos usuários não deve ser ignorado.
“O outro lado do stablecoins é a série de riscos que eles podem representar para nossa vida social e econômica. Os modelos baseados em dados podem representar um risco de uso indevido de informações pessoais para fins comerciais, o que pode colocar em risco a privacidade, a concorrência e prejudicar grupos vulneráveis.”
O BCE se preocupa com o impacto que pode causar a ampla aceitação na Europa de uma stablecoin criada por empresas estrangeiras. Conforme o economista, isso colocaria em risco a soberania monetária dos países europeus.
A declaração do representante condiz com os movimentos mais recentes da Comissão Europeia. O órgão tem buscado manter o controle e criar regras de circulação de criptomoedas e stablecoins.
Vale lembrar que a Europa está estudando seriamente a implementação do euro digital. Não se sabe ainda se a UE vai impor restrições quanto a circulação de stablecoins em paralelo ao CBDC. No entanto, a fala do economista pode dar sinais que stablecoins controladas por empresas estrangeiras, como a Libra do Facebook, pode sofrer resistências no futuro.
O discurso da autoridade do Banco Central Europeu deixa claro que as instituições ainda não esqueceram os episódios recentes de violação de dados do Facebook, e explicita que o movimento anti-libra em solo europeu está longe de acabar.
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