Moedas Digitais Soberanas entraram nas discussões do FMI com representantes de Bancos Centrais

Jerome Powell, presidente do Fed, falou sobre dólar digital em reunião anual do FMI e Diretora-Gerente do Fundo fala sobre novo Bretton Wood

Jerome Powell, Presidente do Federal Reserve (FED), falou, na reunião anual do Fundo Monetário Internacional (FMI), sobre o futuro dos pagamentos internacionais. Um dos tópicos no painel será sobre os “benefícios e riscos das moedas digitais internacionais”. Powell deve discutir sobre os interesses do FED em criar (ou não) o Digital Dollar, potencialmente a Central Bank Digital Currency (CBDC) mais relevante do mundo. 

Os CBDCs são vistos pelo criptomercado como ativos digitais híbridos, construídos de forma descentralizada em uma blockchain, mas controlados por uma instituição centralizadora.

Em um webcast realizado na última segunda-feira (19/10), diversas personalidades ligadas a Banco Centrais de diversos países discutiram soluções potenciais para melhorar os pagamentos transfronteiriços, os benefícios e riscos do uso internacional de moedas digitais e suas implicações macrofinanceiras. 

O aumento dos pagamentos transfronteiriços tornou-se uma agenda da política global para combater a fragmentação e facilitar o funcionamento ordenado contínuo do comércio internacional e do sistema financeiro e por isso a discussão sobre as CBDCs e criptomoedas entrou em destaque, mesmo não sendo o foco das discussões.

Para Jerome Powell, um crítico das criptomoedas e também das CBDCs, é mais importante legalizar esses instrumentos e lançar instrumentos dentro dos marcos legais, que lançar algo rapidamente, em detrimento da segurança institucional e regulatória. O Federal Reserve — o banco central dos EUA — não tem planos imediatos de lançar uma CBDC.

Dívidas nacionais poderiam acelerar a adoção das CBDCs e das criptomoedas

Segundo um recente estudo do Instituto Mises, que promove educação e pesquisa relacionada à economia e que serve de think tank liberal da Escola Austríaca de Economia, um aumento na inflação poderia impulsionar a adesão das criptomoedas.

Para o Instituto Mises, a manutenção do dólar como reserva de valor e sua consequente emissão para manter o sistema financeiro dos EUA com liquidez, promoverá um aumento da inflação e endividamento não somente nos EUA, mas em todo o mundo. 

Destaca-se o fato que os EUA conseguem financiar sua dívida interna mais facilmente que qualquer outra nação, com a venda dos seus títulos públicos.

FMI conclama um “novo Bretton Woods”

Para a diretora do FMI Kristalina Georgieva é necessário que haja uma nova discussão sobre o modelo econômico vigente e pede por um “novo Bretton Woods“. Principalmente por conta da escalada da dívida pública mundial e pela crescente influência da China sobre a economia mundial.

“Hoje enfrentamos um novo “momento” de Bretton Woods. Uma pandemia que já custou mais de um milhão de vidas. Uma calamidade econômica que tornará a economia mundial 4,4% menor neste ano e retirará cerca de US$ 11 trilhões de produção no próximo ano. E desespero humano indescritível em face de enormes perturbações e aumento da pobreza pela primeira vez em décadas.”

A preocupação do FMI e de diversos think tanks é quanto a escalada da dívida interna americana que gira na ordem de US$ 25 trilhões e que terá um impacto direto sobre a economia mundial.

A fala de Georgieva que se refere a Bretton Woods, tem a ver com a possibilidade potencial de que o lançamento do Yuan digital, a CBDC chinesa, se torne uma reserva de valor alternativa para o comércio mundial. Esse processo de transição entre uma moeda hegemônica para outra, aconteceu durante a transição da libra esterlina para o dólar como moeda global após a Primeira Guerra Mundial. 

Há muitas incertezas em torno dessa transição, destacando os problemas que podem ocorrer durante as transições de reserva de moeda. 

Um dos problemas potenciais que foi observado durante a transição entre a libra esterlina e o dólar foi a concorrência entre se manter duas moedas de reserva ao mesmo tempo que por fim desestabilizou o sistema monetário internacional. Essa concorrência juntamente com a falta de coordenação entre os formuladores de políticas monetárias, contribuiu para a escassez global de liquidez, agravando a severidade da Grande Depressão em 1929.

O Bitcoin poderia ser beneficiado nesse processo de transição entre a perda de hegemonia do dólar para o Yuan Digital, contudo, esse processo de adoção não aconteceria sob a regulação estatal de nenhum banco central. Contudo, é importante destacar que diversos atores institucionais globais já estão adotando o Bitcoin como reserva de valor, apesar da sua forte e constante oscilação, empresas como Fidelity e a Square, que alocou 5% do seu faturamento em Bitcoins.

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