Rússia propõe que BRICS desenvolvam sistema de pagamentos, como forma de driblar sanções internacionais

A Rússia está propondo mudanças nos pagamentos transfronteiriços realizados entre os países do BRICS como parte de uma estratégia para contornar o sistema financeiro global. O país busca proteger sua economia das sanções internacionais.

Entre as alternativas propostas estão o desenvolvimento de uma rede de bancos comerciais capazes de realizar transações em moedas locais e a criação de conexões diretas entre bancos centrais, de acordo com um relatório elaborado pelo Ministério das Finanças da Rússia, o Banco da Rússia e a consultoria moscovita Yakov & Partners.

O documento descreve um “sistema multimoeda” que deve “proteger seus participantes de quaisquer pressões externas, como sanções extraterritoriais”. O relatório ainda argumenta que os interesses dos Estados Unidos “nem sempre estão alinhados com os interesses de outros participantes” da rede financeira global.

O plano também prevê a criação de centros de comércio mútuo para commodities como petróleo, gás natural, grãos e ouro.

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Após a invasão da Ucrânia em fevereiro de 2022, ordenada pelo presidente Vladimir Putin, os Estados Unidos e seus aliados impuseram severas sanções à Rússia. Essas medidas incluíram o congelamento de ativos estrangeiros do país e a exclusão dos principais bancos russos do sistema de mensagens financeiras SWIFT, utilizado nas remessas e pagamentos internacionais. Em resposta, a Rússia busca reduzir sua dependência do dólar.

No entanto, outros países do BRICS que não enfrentam as mesmas sanções continuam a priorizar o acesso ao sistema financeiro baseado no dólar. Globalmente, 58% dos pagamentos internacionais, excluindo aqueles dentro da área do euro, utilizam o dólar, e 54% das faturas de comércio exterior são denominadas na moeda americana, de acordo com dados do Brookings Institution de 2022.

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O relatório foi publicado enquanto Putin se prepara para sediar a cúpula anual do BRICS em Kazan, de 22 a 24 de outubro. O grupo, formado por Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul, foi ampliado em janeiro para incluir Irã, Emirados Árabes Unidos, Etiópia e Egito.

Entre as propostas, a Rússia sugere o uso de tecnologia de registro distribuído (DLT) ou uma nova plataforma multinacional para permitir transações com tokens.

“A principal vantagem do modelo de liquidação baseado em DLT é a eliminação do risco de crédito” associado ao sistema bancário convencional, afirma o relatório.

A tecnologia DLT poderia ainda reduzir o tempo de processamento e os custos, eliminando a necessidade de intermediários e verificações de conformidade, o que poderia gerar uma economia de até US$ 15 bilhões anuais para os países do BRICS, caso metade das transações transfronteiriças passassem a utilizar esse sistema, segundo os autores do relatório.

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