Robinhood supera IPO polêmico e estreia na Nasdaq valendo US$ 32 bi
O Robinhood estreia nesta quinta-feira, 29 de julho, na Nasdaq como um dos símbolos da onda de popularização da bolsa entre pequenos investidores não só nos Estados Unidos como em diferentes mercados mundo afora.
O app de negociação de ações e outros ativos chega avaliado em cerca de 32 bilhões de dólares, depois de ter precificado a sua ação no IPO (oferta pública inicial, na sigla em inglês) no piso da faixa indicativa, a 38 dólares, e levantado 2,1 bilhões de dólares com a operação. O ticker da ação será HOOD.
É um valor de mercado equivalente a um quarto do apresentado pela Charles Schwab, a maior corretora independente do mercado americano, com 7,6 trilhões de dólares de clientes em mais de 32 milhões de contas. A corretora fundada nos anos de 1970 foi uma das pioneiras e responsáveis pela popularização de investimentos no país.
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A história do Robinhood é mais recente. O app fundado em 2013 pelos empreendedores Vladimir Tenev and Baiju Bhatt — ex-colegas de quarto e de sala na Universidade Stanford — já estava em ascensão no começo de 2020, quando a pandemia do novo coronavírus paralisou a economia e colocou todo mundo dentro de casa.
Negociar ações, opções e criptoativos se tornou uma das atividades mais populares entre americanos e potenciais investidores de outras nacionalidades. Com uma interface simples e sem cobrança de taxas de corretagem, o Robinhood viu a sua base de clientes explodir, especialmente entre millennials e gerações mais novas.
O número de usuários com contas firmes no app (ligadas a contas em bancos) praticamente triplicou desde então, saltando de 7,2 milhões de clientes no primeiro trimestre de 2020 para estimados 22,5 milhões há um mês.
Em roadshow virtual no último fim de semana, Bhatt disse que, embora o mercado financeiro seja uma das principais fontes de riqueza no mundo, o acesso ainda é muito desigual.
“Alguns têm melhores acessos, ferramentas mais úteis e convites mais claros para participar do que outros. Nós acreditamos que o resultado disso tem sido a crescente desigualdade em nosso país. Nossa missão é consertar isso”, disse o cofundador americano de ascendência indiana.
Um dos novos alvos da democratização são justamente os IPOs, que, no mercado americano, acabam restritos a investidores institucionais. O Robinhood lançou em maio uma funcionalidade para dar acesso às ofertas ao investidor de varejo e foi além com seu próprio IPO: destinou até 35% das ações para pessoas físicas, uma prática não usual.
Um dos desafios para o Robinhood como companhia pública será voltar ao lucro que obteve em 2020, depois de amargar um prejuízo de 1,4 bilhão de dólares no primeiro trimestre deste ano e de cerca de 500 milhões de dólares nos três meses seguintes.
O app foi uma das vítimas do seu próprio sucesso, algo que especialistas apelidaram de “efeito Robinhood”.
A perda de 1,4 bilhão de dólares foi atribuída à dívida emergencial que a empresa teve que fazer para honrar pagamentos inesperados, entre os quais depósitos de garantia exigidos pelo órgão regulador em meio à febre no início do ano das “meme stocks“, ações meme como GameStop e AMC, cujos volumes de negociação explodiram.
Milhares de investidores de varejo, muitos dos quais por meio da plataforma do Robinhood, foram às compras para pressionar as cotações de certas ações, em movimentos combinados em fóruns em redes sociais como o Reddit.
O aumento expressivo no número de ordens é uma de suas principais fontes de receita, mas acabou servindo também como vulnerabilidade naquele momento. Além disso, a empresa está sob escrutínio dos órgãos reguladores pela prática de cobrança das ordens e pelo seu envolvimento no episódio das ações da GameStop.
Por fim, em caso relacionado, o Robinhood teve que pagar uma multa de 70 milhões de dólares do órgão regulador pela acusação de prejudicar investidores com informações imprecisas.