Robinhood, vício e daytrade: histórias de fracasso para investidores e de lucro para empresa
Robinhood ‘popularizou’ no mercado o daytrader que acaba perdendo mais do que ganhando e jogando investidores em um vício que acaba por destruir sonhos
A empresa americana de negociação de ativos, Robinhood é um fenômeno no mercado de capitais.
Fundada há sete anos, a Robinhood já tem 13 milhões de clientes e bilhões em investimento.
Assim, a grande “façanha” da empresa que levou a companhia ao sucesso foi, entre outros, seu modelo de corretagem zero, aliado a uma experiência de usuário simples que acabou por popularizar o daytrade.
Porém, enquanto a empresa acumula fundos, sucesso e recuros, muitos de seus clientes, acumulam derrotas, desastres e sonhos perdidos.
Viciados
Recentemente o The New York Times revelou a história de Richard Dobatse e seu desastre na corretora.
Dobatse é um médico da marinha americana que começou na Robinhood em 2017 e ficou empolgado com a plataforma e com as possibilidades de lucratividade.
Resultado, pegou US$ 15.000 emprestados no cartão de crédito para começar a operar.
Porém os confetes que a Robinhood exibe na tela quando um usuário acerta e “lucra” não estavam caindo para Dobtse que só perdia.
Mas o médico não desistiu e resolveu apostar mais.
Pegou dois empréstimos de US$ 30 mil dando sua casa como garantia.
Com novos recursos e mais experiente, chegou a ter US$ 1 milhão na conta porém já perdeu quase tudo.
Suicídio
A mesma “sorte” não teve o jovem Alexander Kearns, um cliente de 20 anos de idade da plataforma de negociação de ações e criptomoedas Robinhood que cometeu suicídio depois de ver um saldo negativo de mais de US$ 730.000 em sua conta.
Kearns tirou a própria vida se jogando na frente de um trem em Plainfield, Illinois.
Como relata a CNN, a tragédia chamou a atenção para os perigos potenciais do boom do livre comércio inspirado por Robinhood, que deu aos jovens investidores iniciantes acesso fácil a instrumentos financeiros exóticos normalmente usados por investidores sofisticados.
Porém, segundo levantamento feito depois pela própria empresa, Kearns não devia US$ 730.000. Mas ele aparentemente foi levado a acreditar que sim.
Brewster culpou a Robinhood por simultaneamente empurrar seu produto para jovens comerciantes, sem colocar salvaguardas para evitar esse tipo de confusão.
Uma fonte familiarizada com os procedimentos de Robinhood disse à CNN Business que durante a negociação de opções é possível que o dinheiro e o poder de compra sejam exibidos como negativos até que o outro lado da negociação seja processado.
Isso não significa, porém, que se trate de um saldo devedor ou devedor negativo.
Enquanto traders vão a falência, empresa lucra
Enquanto isso, segundo o NYT, para cada ação negociada, a Robinhood ganha 15 vezes mais que a Schwab porque os clientes que pagam pelo order flow consideram mais fácil lucrar em cima dos clientes da Robinhood.
Os fundadores da Robinhood — filhos de imigrantes que se conheceram em Stanford — dizem que se inspiraram no movimento Occupy Wall Street para criar um negócio que “torna os investimentos acessíveis a todos”
Por isso o nome da empresa que faz referência ao famoso personagem da literatura que “tira dos ricos para dar aos pobres.
Porém, especialistas apontam que a empresa não é nenhum personagem mítico mas apenas um companhia em busca de lucro e que acaba “tirando” dos pobre para deixar os ricos, ainda mais ricos.
“Inovações à parte, o que a Robinhood conseguiu mesmo foi tirar das ‘sardinhas’ para colocar no próprio bolso”, destaca o jornalista Pedro Arboex
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