Pesquisador refuta teoria de ‘chantagem’ por trás de transações misteriosas de Ether

As taxas de transação anormais da semana passada podem não ser chantagens, de acordo com Alex Manuskin, pesquisador de blockchain da empresa de carteiras ZenGo.

Na semana passada, a comunidade cripto detectou taxas de transação de até US$ 2,6 milhões em várias transações na rede Ether (ETH). Desde então, Vitalik Buterin sugeriu que as taxas anormais “podem realmente ser chantagens“, mas alguns pesquisadores já contestaram essa alegação. 

Teoria da chantagem

A primeira transferência suspeita ocorreu em 10 de junho, quando foram pagos US$ 2,6 milhões em taxas para movimentar apenas 0,55 ETH. Em 24 horas, uma segunda transação de 350 ETH foi feita da mesma carteira, gastando exatamente a mesma quantidade – US$ 2,6 milhões – em taxas.

No dia seguinte, a blockchain Ethereum processou uma terceira transferência anormal, embora de uma carteira diferente. A transação viu 2.310 ETH – ou aproximadamente meio milhão de dólares – sendo pagos para transferir 3.221 ETH.

Em 12 de junho, a empresa de análise chinesa PeckShield concluiu que as taxas multimilionárias foram pagas para hackers que “sequestraram” uma exchange de criptomoedas depois de obter acesso limitado às funções operacionais da plataforma. Segundo a PeckShield, os hackers ameaçam esvaziar a carteira da exchange se não receberem suborno.

Desde então, Vitalik Buterin retweetou o artigo, elaborando a teoria:

“Os hackers tiveram acesso parcial à chave da exchange; eles não podem retirar, mas podem enviar [transações] com qualquer valor de taxas. Portanto, eles ameaçam ‘queimar’ todos os fundos via [taxas de transação], a menos que sejam compensados”.

Pesquisador da ZenGo critica a teoria

Em uma entrevista recente ao Cointelegraph, Alex Manuskin, pesquisador de blockchain da ZenGo, empresa de carteiras de criptomoedas de Tel Aviv, disse que a teoria da chantagem “leva a circunstâncias muito peculiares para que seja possível”.

Manuskin enfatizou que, após o primeiro incidente, a conta supostamente invadida não mudou seu comportamento, continuando sendo executada no modo normal:

“As transações continuaram entrando e saindo. Se os hackers controlavam a chave, por que eles [a entidade invadida] continuavam operando o serviço como de costume?”

De acordo com Manuskin, se os hackers realmente tivessem acesso limitado à chave que lhes permitia enviar transações para os endereços da “lista branca” (como endereços de clientes que foram pré-aprovados pela entidade que controla a carteira invadida), o serviço invadido “faria tudo o que pode para interromper todas as operações e não colocar em risco fundos adicionais ”.

“Se de fato isso foi um bug, não perceber esse incidente é uma loucura”, continuou Manuskin, sugerindo que a história por trás das transações permanece um mistério por enquanto. Ele adicionou:

“Mas imaginar um serviço que administre 10 milhões de dólares em fundos e não mantenha backups das chaves desses fundos e não faça nada para tentar reverter a violação também é uma loucura”.

O pesquisador de blockchain sugere que o endereço poderia pertencer a “alguns serviços no leste da Ásia” que os usuários acessam “de várias exchanges, incluindo Bithumb, OKEx, Coinone e outras”.

Mineradores dizem que ninguém se manifestou em relação às transações

Nesta semana, dois pools de mineração envolvidos na seqüência anormal de transações – Etherchain e Sparkpool – anunciaram que vão distribuir os milhões de dólares em taxas que receberam das transações estranhas. Os dois grupos enfatizaram que deram tempo suficiente para que o remetente os contatasse.

“Se realmente fosse algum tipo de chantagem, esperaríamos que a vítima contatasse imediatamente os mineradores para recuperar os fundos perdidos”, afirmou Manuskin em um post no blog.

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