Bitcoin aqui não: Pesquisas apontam que as mulheres são mais conservadoras que os homens nos investimentos

67% das mulheres investidoras afirmam optar por aplicações em títulos de renda fixa e preferem investimentos conservadores a arrojados como as criptomoedas

A maior disseminação de informações sobre investimentos, sejam eles em Bitcoin (BTC), criptomoedas ou no mercado tradicional tem atraído mais interessados ao mercado financeiro e, no Brasil, as mulheres surgem como um grupo de expressão nesse contexto.

Dados de um levantamento realizado em 2020 pela B3, Bolsa brasileira, apontam que o número de investidoras, pessoa física cresceu 118%, atingindo 847 mil. Mas elas ainda são apenas 26% do total de investimentos bruto.

Para melhor compreender este panorama, a Onze, fintech de saúde financeira e previdência privada, fez um estudo do comportamento financeiro feminino. A pesquisa contou com 1.800 mulheres com mais de 24 anos, economicamente ativas ou não.

Das entrevistadas, 37% são investidoras. Entre elas, um comportamento em comum é o uso dos aplicativos das corretoras de valores, adotado por 58% delas. Além disso, a maior parte das participantes disseram que preferem essas opções em detrimento aos apps dos grandes bancos.

Analisando outro ponto dos investimentos femininos, nota-se que as mulheres brasileiras tendem a seguir um perfil menos arriscado de investimentos, já que 67% delas afirmam optar por aplicações em títulos de renda fixa.

Em relação à aposentadoria, 42% das entrevistadas declaram guardar recursos para a aposentadoria por conta própria, ou seja, o capital que poderia estar rendendo em aplicações é guardado por quase metade delas. No entanto, cerca de 70% das pesquisadas contribuem para o INSS, mas não contam com o recurso para a aposentadoria.

O mercado de criptomoedas segue a mesma tendência e, segundo dados da Receita Federal, apenas 9% das operação no mercado de criptoativos no Brasil são realizadas por mulheres.

Mulheres de 60 anos começam a investir

Outro levantamento, conduzido pelo Nubank, via Nu Invest, revelou que o número de mulheres investidoras com mais de 60 anos cresceu 50% nos últimos dois anos. De acordo com os dados compilados pela plataforma, as mulheres já representam 45% do total de investidores dessa faixa etária na plataforma.

“Essa alta atesta que o mercado de capitais no Brasil pode ser para todos, independentemente da idade ou do sexo, quebrando um pouco daquele estereótipo antigo que o mundo dos investimentos é apenas dos homens ou adultos jovens. Esse é, inclusive, um dos objetivos do Nubank: ampliar o acesso aos bons produtos do sistema financeiro a todos, sem exceção, e sem complexidade”, disse Fabio Macedo, diretor comercial do Nu invest.

O volume sob custódia das mulheres que já passaram dos 60 anos também registrou um aumento expressivo na Nu Invest. Segundo o levantamento, o montante passou de R$ 1 bilhão em 2019 para 1,3 bilhão em 2021 -alta de 30%. 

“O montante sob custódia dessas mulheres também vem crescendo de forma relevante e deve continuar em uma trajetória de alta com a ampliação da educação financeira para todos esses públicos, que pesquisam mais e começam a investir a partir deste maior conhecimento sobre o mercado”, complementa Macedo.

O levantamento do Nu invest também identificou que as mulheres, que vem aumentando a presença no mercado de capitais, possuem características distintas dos homens dessa faixa etária na hora de investir.

Enquanto os homens com mais de 60 anos arriscam mais, com predominância em ativos de renda variável, as mulheres são mais moderadas, com maior parte do patrimônio em renda fixa, TD e CDBs, por exemplo.

Esse quadro, porém, parece começar a se alterar. Enquanto que, em 2019, as mulheres com mais de 60 anos mantinham apenas 13% do portfólio em renda variável, atualmente o percentual foi a 24% do total sob gestão no Nu invest.

“Historicamente, mulheres têm composições de carteira mais conservadoras. Isso, porém, não quer dizer que elas não optem por ter ações na carteira, por exemplo. Vimos essa alta na demanda por produtos de renda variável e isso mostra que elas também estão aprendendo e evoluindo,  interagindo muito mais com o universo dos investimentos”, conclui Macedo.

Jovens não tem fronteiras

Já entre os jovens a tendência é completamente diversa e eles tem optado cada vez mais por exposição a investimentos fora do Brasil e ligados a tecnologia. A descoberta foi pela Stake que identificou que no Brasil, especificamente, jovens são maioria investindo na bolsa de valores americana. 

“Os jovens, mais antenados com tecnologia, sabem que hoje, investir nos Estados Unidos pode ser fácil e barato. No Brasil, a proporção ainda maior de jovens talvez se explique pela grande perda de poder de compra que o real teve na última década, que mostra a importância de se manter um patrimônio em moeda forte para uma geração saudosa por um dólar mais barato e a realização da viagem dos sonhos”, avalia Rodrigo Lima, analista de investimentos e editor de conteúdo da Stake.

Atualmente, no Brasil, mais de 42% dos usuários da plataforma possuem entre 18 e 25 anos. As operações da Nova Zelândia, Austrália e Reino Unido possuem entre 26 a 34 anos.

O número de trades de brasileiros também é muito inferior ao dos demais países onde há operações da Stake, o que segundo Lima, tende a ser bom, pois o investidor pessoa física tende a sofrer de overtrading – operar de forma desapropriada, seja compulsiva, irracional ou emocional.

“Uma tendência que infelizmente os brasileiros seguem, é a de concentrar sua carteira em poucos ativos. O velho ditado diz que a diversificação é a arma dos que não sabem o que estão fazendo, e na maior parte das vezes não sabemos. É claro, há grandes investidores que tiveram excelentes resultados através da concentração em poucos ativos, mas a história não mostra aqueles que concentraram e se deram mal”, explica o analista.

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