Pesquisa no Brasil aponta que WhatsApp é o veículo mais usado para propagação de Fake News

Pesquisa da Escola Nacional de Saúde Pública (Ensp/Fiocruz), com base nas informações do aplicativo Eu Fiscalizo revelou que o aplicativo WhatsApp é o principal veículo para propagação de Fake News no Brasil

Uma pesquisa realizada pela Escola Nacional de Saúde Pública (Ensp/Fiocruz), com base nas informações do aplicativo Eu Fiscalizo revelou que o aplicativo WhatsApp é o principal veículo para propagação de Fake News no Brasil. O levantamento também revelou que o número de notícias falsas distribuídas por meio da aplicação aumentou com o avanço da pandemia do coronavírus no país.

“Recebemos denúncias de diversas fake news circuladas no WhatsApp, principalmente, mas também no Facebook e no Instagram. São publicações  pessoais, como “não acredite no coronavírus”, coisas assim”, revelaram as pesquisadoras Claudia Galhardi e Maria Cecília de Souza Minayo responsáveis pelo estudo.

Segundo os pesquisadores o uso das redes sociais aumentou drasticamente por conta das medidas de isolamento e, com isso, também houve um aumento nas informações falsas divulgadas na rede. No caso do coronavírus são notícias falsas de todo tipo, desde mensagens que negam isolamento social e a existência do vírus até notícias falsas sobre receitas caseiras, álcool produzido em casa, inclusive usando o nome da Fiocruz como fonte da informação.

O aplicativo Eu Fiscalizo é um meio pelo qual os usuários podem notificar conteúdos impróprios em veículos de comunicação, mídias e redes sociais. A ferramenta foi lançada no dia 10 de fevereiro como projeto de pós-doutorado de Claudia Galhardi. Por meio da ferramenta, o usuário pode notificar conteúdos que violem os direitos das crianças e adolescentes ou que propaguem fake news.

São aceitas denúncias de peças veiculadas por TV aberta ou por assinatura, serviço de streaming, jogos eletrônicos, cinema, espetáculos, publicidade e mídias sociais.

“O aplicativo recebe notificações, mensagens, sugestões, elogios e denúncias de conteúdos nocivos nos meios de comunicação, entretenimento e mídias sociais. Podem denunciar conteúdos com relação a cenas de sexo, de violência. Incluímos publicidade, com a preocupação com o público infantil, a proteção em relação a publicidades enganosas e persuasivas.” O aplicativo permite o envio de foto, vídeos e mensagens de texto e está disponível na Playstore e Apple Store.

Recentemente uma pesquisa realizada pela Câmara dos Deputados e pelo Senado, revelou que o WhatsApp é a principal fonte de informação dos brasileiros. Segundo os dados, 79% dos entrevistados afirmaram receber notícias por meio da rede e, a maioria, não checa se a informação é verdadeira ou não.

Além de espalhar desinformação e medo, a disseminação de notícias falsas pelas redes sociais também é uma prática muito usada por hackers para executar ataques de phishing e distribuição de malwares, nestes casos, as mensagens com informações falsas em sua maioria são acompanhadas de um link que quando acessado permite uma ação maliciosa no equipamento que pode ser usado para diferentes fins, desde mineração indesejada de Monero a roubo de Bitcoins.

Recentemente, o governo argentino confirmou que sofreu uma invasão no site de seu boletim oficial (Boletin Official) baseado na tecnologia blockchain, onde foram divulgadas falsas declarações sobre o coronavírus. Segundo o governo hackers localizaram uma vulnerabilidade que permitia a disseminação de notícias falsas na edição 34.239 do boletim.

Essas informações mencionaram algumas diretrizes que supostamente foram adotadas para funcionários estaduais em meio à emergência de coronavírus no país. Devido à violação de segurança e subsequente tráfego intenso, o site oficial do Boletin ficou offline por várias horas.

Em 2019, uma pesquisa do Insikt Group revelou que hackers estavam usando a Deep Web para comercializar ferramentas para disseminação de Fake News e, o pagamento pelos produtos, era feito em Bitcoin. Além das ferramentas a pesquisa também revelou que os próprios hackers também vendiam serviços para disseminação de notícias falsas.

No caso, os pesquisadores simularam a posse de uma empresa e contactaram dois hackers diferentes um para disseminar notícias falsas com informações positivas sobre a companhia e outro para divulgar notícias falsas negativas contra a mesma empresa.No total, o Insikt Group gastou cerca de US$ 6.000 (pagos em Bitcoin) com as duas campanhas e, segundo eles, o resultado foi surpreendente.

“Em menos de duas semanas a empresa falsa virou reportagem em um grande jornal respeitado mundialmente. A facilidade que encontramos em nosso experimento serve de indicação, acreditamos que a desinformação como serviço em breve irá se espalhar, deixando de ser uma ferramenta usada por nações para uma cada vez mais usada por indivíduos e organizações”, alertaram.

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