Pedido usado pela BlackRock pode ser caminho para aprovar mais ETFs de Bitcoin

Ao pedir autorização para lançar um trust, e não um ETF, BlackRock aumenta suas chances de aprovação e mercado responde positivamente, diz analista

No dia 15 de junho, a BlackRock enviou à SEC um pedido para criar seu ETF indexado no preço de varejo do Bitcoin (BTC). A notícia foi vista como extremamente positiva, visto que a BlackRock é a maior gestora de ativos do mundo. Henrique Paiva, analista CNPI do Cripto Select, afirma que a possibilidade de aprovação é alta, e isso pode ter relação com a alta de 9,4% exibida pelo BTC nas últimas 24 horas.

Diferentes regras

Os ETFs são fundos negociados em bolsa, com preço atrelado a algum índice. Os ETFs de Bitcoin atualmente negociados nos Estados Unidos são vinculados aos preços de contratos futuros do criptoativo. Não existem nos EUA, contudo, fundos negociados em bolsa que sigam o preço de varejo do Bitcoin. Todos os pedidos feitos até hoje foram negados pela Comissão de Valores Mobiliários dos Estados Unidos (SEC, na sigla em inglês).

Henrique Paiva conta que, comumente, são usadas duas normas em pedidos de registro de ETF: o Securities Act of 1940 e o Securities Act of 1933. A diferença entre ambos, diz o analista, está no objeto a ser negociado pelo fundo. Enquanto a norma de 1940 exige que o objeto a ser negociado no fundo seja um ativo financeiro, a norma de 1933 não faz a mesma exigência.

“Por isso outros ETFs que usaram o Securities Act of 1940 foram rejeitados no passado pela SEC, porque ela não entende o Bitcoin como ativo financeiro”, avalia Paiva. No estado atual do mercado de criptomoedas, porém, o BTC adquiriu uma parcela significativa de relevância, o que pode tornar a aprovação do ETF da BlackRock mais favorável.

Além disso, o peso da BlackRock deve ser levado em consideração quando consideradas as chances de aprovação do pedido. A gestora é a maior do mundo em ativos sob gestão, chegando a US$ 10 trilhões. O valor é maior do que a soma dos PIBs de Japão e Alemanha, terceira e quarta maiores economias do mundo, respectivamente.

Efeito dominó

O pedido da BlackRock usa a norma de 1933, geralmente aplicada a trusts. Um caso famoso de trust aprovado pelo Securities Act of 1933 é o Grayscale Bitcoin Trust, ou GBTC. “Como já existe um trust aprovado pela norma de 1933, é mais provável que a SEC aprove o pedido da BlackRock. Na teoria, se o GBTC foi aprovado, o pedido da BlackRock também será”, avalia Henrique Paiva.

Na prática, um trust se comporta da mesma forma como um ETF para os investidores: é um ativo negociado em bolsa, adquirido através de cotas e que não demanda custódia direta do ativo. Desta forma, os investidores institucionais que aguardam a criação de um ETF ligado ao preço de varejo do Bitcoin seriam atendidos por um trust gerido pela BlackRock.

A escolha da norma de 1933 também foi feita pela gestora WisdomTree, que enviou um pedido à SEC na terça-feira (20) para criar seu ETF de Bitcoin vinculado ao preço do varejo. Assim como no pedido da BlackRock, o requerimento da WisdomTree é sobre um trust de Bitcoin.

“É comum que trusts sejam interpretados como ETFs. Um caso famoso é o SPY, que é um trust, mas é comumente chamado de ETF pela forma como é negociado”, conta Paiva.

Impacto no preço do Bitcoin

A soma de fatores positivos envolvendo o pedido da BlackRock para lançar um trust de Bitcoin está gerando no mercado a expectativa de que a proposta seja aceita. Essa expectativa, diz Henrique Paiva, é o que pode estar impulsionando o preço do Bitcoin nesta quarta-feira (21). Nas últimas 24 horas, o BTC valorizou 9,4%, e ultrapassou os US$ 30 mil.

Mas não se trata apenas de uma notícia positiva melhorando o sentimento do mercado. Investidores podem estar acumulando Bitcoin antes que a BlackRock precise ir às compras, já que cada BTC comprado por investidores através do trust deve estar em posse da gestora.

“O mercado sabe que, caso o pedido da BlackRock seja aprovado e tenha adesão, será necessário ter Bitcoin sob custódia, e eles precisarão comprar isso no mercado. Isso pode aumentar o preço”, conclui Paiva.

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