Funcionários públicos solicitam que salário mínimo na Venezuela seja de 2,5 Petros
O líder sindical na Venezuela pede que o salário mínimo dos trabalhadores seja vinculado ao Petro, a criptomoeda do estado de Maduro.
O presidente da Federação Nacional dos Funcionários Públicos da Venezuela (Fedeunep), Antonio Suárez, solicitou que o salário mínimo dos trabalhadores fosse vinculado ao valor de 2,5 Petros (PTR), a criptomoeda lançada pelo governo da Venezuela.
De acordo com o câmbio oficial do Banco Central da Venezuela (BCV), o valor associado à criptomoeda venezuelana representaria aproximadamente US$ 150 por mês, de acordo com a taxa oficial da criptomoeda apresentada pela Sunacrip, equivalente a VES 4.318.214,27 bolivares hoje.
O pedido foi feito através de uma entrevista concedida pelo líder sindical a uma estação de rádio local, em um momento em que a hiperinflação que assola o país significa perda do valor de compra da moeda local em níveis históricos.
Para contextualizar o cenário acima, o ajuste implicaria um aumento de 43 vezes no salário mínimo atual, estipulado em cerca de US$ 3 dólares à atual taxa oficial de conversão emitida pelo governo central, bem abaixo da promessa indicada em agosto de 2018 pelo governo de Nicolás Maduro, que seria de meio Petro, ou seja, cerca de US$ 30 dólares aproximadamente.
Essa indexação representaria um aumento de 15.000% acima do valor nominal do salário mínimo integral atual, que é de VES 450.000 bolívares. Suárez considerou que ajustar o salário ao valor da moeda digital controlada pelo governo venezuelano cobrirá os custos da cesta básica.
No entanto, vale ressaltar que esse pedido dos funcionários públicos não leva em consideração que no mercado secundário o Petro está desvalorizada. O representante pediu às autoridades governamentais que se reunissem com os representantes das associações e membros dos diferentes setores para “chegar a um acordo sobre os cuidados e os custos da medicina privada”.
“Aumentando a quantia, que permita ao trabalhador, aposentado, aposentados da administração pública, acesso a bens e serviços, porque no final, esse dinheiro estará fluindo em nossa economia”, afirmou.
Um salário mínimo não chega nem à metade do Petro
Faz 16 meses desde que Nicolás Maduro anunciou o ajuste do salário mínimo na Venezuela à criptomoeda estatal Petro. Mas o anúncio nunca foi realmente cumprido, pois, devido às condições instáveis do país na esfera econômica, o governo desistiu dessa idéia, criando duas taxas de referência paralelas para a criptomoeda: uma ancorada ao salário mínimo e outra livremente conversível para o mercado secundário.
Depois de mais de um ano, o salário ficou em moeda local e não foi levado em consideração para defini-lo à taxa de referência emitida pela Sunacrip para a troca da criptomoeda.
Consequentemente, com o atual salário mínimo venezuelano, estabelecido em VES 250.000, ele mal chegaria a 0,057 Petros, de acordo com a taxa oficial da Sunacrip, que é a agência responsável por definir o preço das criptomoedas no país, como pode ser visto na calculadora oficial abaixo.
A Venezuela está atualmente passando por uma hiperinflação que, segundo estimativas do Fundo Monetário Internacional (FMI), encerrou o ano de 2019 com uma taxa de 10.000.000% e um declínio de 25% na economia, o que obrigou os venezuelanos a se refugiarem em outros ativos digitais como o Bitcoin, o principal motivo da recuperação de volumes nos últimos meses na exchange P2P LocalBitcoins.
Recentemente, Nicolás Maduro, em um evento em Caracas, anunciou que estava preparando “surpresas” em relação ao Petro. O escopo de seu anúncio é desconhecido.