Rendimento e cashback em bitcoin: 99 acelera negócio de carteira digital

Quem usa aplicativos para solicitar corridas está acostumado a ver o nome da 99 na fatura
do cartão, ou seja, sempre associada a um gasto. Agora, a empresa quer mudar essa lógica
e ser também um aplicativo que ajuda você a entrar para o mundo dos investimentos e das
criptomoedas. Com o novo aplicativo 99Pay, a empresa expande a sua frente de carteira
digital e almeja o pódio desse setor no Brasil. Para isso, o plano envolve não só ter um
aplicativo com rendimento acima da média de investimentos conservadores de liquidez
diária, mas também algo inédito: cashback em bitcoin e negociações sem taxas.

“Não queremos mirar na pessoa que já entende de investimentos, queremos mirar na
pessoa que está começando nesse mundo. Tanto que a bonificação que daremos, que é de
220% do CDI, é algo super seguro e previsível”, afirma Maurício Orsolini Filho, diretor da 99
Pay, em entrevista exclusiva para a EXAME. A partir de 3 de novembro, o aplicativo 99Pay
começa a ser liberado para o uso por qualquer pessoa já com a possibilidade de comprar e
vender bitcoin. O cashback será liberado algumas semanas mais tarde, em campanhas de
marketing da empresa.

Separada do app de corridas, a carteira digital terá uma linha do tempo, assim como uma
rede social. Os usuários do 99Pay podem fazer transferências e compartilhamento de
mensagens com fotos, comentários e emojis. “As possibilidades da linha do tempo em um
aplicativo de pagamento foram demonstradas pela troca de mensagens entre pessoas em
transferências Pix de 1 centavo quando as redes sociais caíram recentemente”, conta Filho.

O foco do negócio é o Brasil, país onde nasceu a iniciativa do 99Pay, no ano passado. O
projeto, entretanto, é mais antigo, de 2019. Ele foi liberado pouco a pouco ao longo dos
últimos meses e agora está disponível em 1.600 cidades brasileiras. A carteira foi criada
com as facilidades da transferência Pix como premissa, e esse é um dos diferenciais do
aplicativo nesse segmento.

99 quer promover mais contato com o bitcoin para quebrar alguns mitos, como a necessidade de ter muito dinheiro para ter saldo em bitcoin99/Reprodução

“Todas as carteiras digitais que já existiam colocaram o Pix como uma solução a mais. Nós
quisemos construir algo em volta desse ecossistema. Queremos nos associar com essa
ideia de transações rápidas, fáceis e gratuitas. Ao mesmo tempo, queremos democratizar o
acesso a instrumentos financeiros não tão óbvios, mas que têm potencial enorme e
despertam a curiosidade das pessoas, como é o caso do bitcoin”, diz o diretor do 99Pay.

Compra e venda de bitcoin

O bitcoin não será utilizado como forma de pagamento de corridas na 99. A proposta de
oferecer dinheiro de volta no uso da carteira para algumas situações, como o pagamento de
boletos, visa oferecer acesso a uma classe de ativos que ainda tem a necessidade
específica de abrir contas em corretoras de criptoativos.

Além disso, a 99 quer promover mais contato com o bitcoin para quebrar alguns mitos,
como a necessidade de ter muito dinheiro para ter saldo em bitcoin. A criptomoeda não é
negociada apenas em unidades, mas também em frações, chamadas de satoshis. Mas o
satoshi é muito menos do que um centavo. Se o compararmos com o real, seria como
dividir um real em 100 milhões de centavos. Ou seja, mesmo com o preço do bitcoin a mais
de 300 mil reais, ele pode ser negociado por poucos reais.

Quem quiser comprar e vender bitcoin diretamente no aplicativo do 99Pay poderá fazer isso
gratuitamente, ou seja, a empresa zerou as taxas para a negociação da criptomoeda em
seu aplicativo. O valor mínimo da compra é de 10 reais e o máximo é de 10 mil reais. Com o
novo recurso, uma das principais expectativas da companhia é de que o usuário consulte o
aplicativo uma vez ao dia, aumentando, assim, seu relacionamento com a marca.

A 99 tem o objetivo declarado de terminar o ano de 2021 como uma das três maiores
carteiras digitais do Brasil. Para isso, além do rendimento e do cashback em bitcoin, a
aposta da 99 é no reconhecimento da sua marca pelos consumidores.

“As pessoas sabem que a marca da 99 é segura, ela não vai desaparecer amanhã.
Estamos aqui faz tempo”, diz Filho. Em paralelo, a empresa vai produzir conteúdos sobre
educação financeira para ajudar os usuários do aplicativo a entenderem cada vez mais
sobre o mundo dos investimentos.

Concorrência

A rival Uber não está fora do mercado de carteiras digitais. A empresa criou um serviço
semelhante ao 99Pay, em parceria com a fintech Digio, mas o foco é diferente: permitir
pagamentos instantâneos para os motoristas após cada corrida. Ou seja, a solução é
voltada aos condutores parceiros da empresa nas corridas do Uber e do UberEATs. A conta
oferece rendimento de 100% do CDI e uma loja on-line exclusiva que dá cashback a cada
compra.

Para a 99, a concorrência no mundo dos pagamentos pela preferência do consumidor vai
além dos aplicativos de transporte. As carteiras digitais são um negócio cada vez mais
popular e o usuário pode escolher várias opções, uma vez que essas contas são isentas de
taxas. O 99Pay vai disputar a preferência do consumidor com apps como iti, BTG+, PicPay
e MercadoPago. Todos oferecem benefícios como rendimento automático do saldo em
conta ou cashback em pagamentos. Mas a negociação de bitcoin é a grande arma do
99Pay nessa disputa, e ninguém mais oferece algo similar isento de taxas de negociação.
Ao menos, por enquanto.

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