‘Risco do regulador’ ameaça até stablecoins de DeFi, diz analista

As maiores stablecoins com emissão descentralizada possuem grande exposição àquelas emitidas por empresas

A paralisação na emissão de Binance USD (BUSD) na segunda-feira (13) levantou dúvidas sobre uma possível investida mais ampla. Investidores se questionam se mais stablecoins serão alvos de investidas da Comissão de Valores Mobiliários dos Estados Unidos (SEC, na sigla em inglês).

A possibilidade de que outras stablecoins emitidas por entidades centralizadas sejam alvo de sanções fez com que alguns olhos se voltassem novamente para as alternativas descentralizadas. Ao que parece, contudo, nem elas estão a salvo caso a SEC seja mais abrangente em suas proibições.

Stablecoins conectadas

É possível que as stablecoins emitidas por entidades descentralizadas sejam beneficiadas com o recente episódio envolvendo o BUSD, avalia Lucca Benedetti, analista do MB Research. Mais do que os tokens com valor pareado ao dólar, Benedetti acrescenta que os criptoativos vinculados aos protocolos responsáveis pela emissão também se favoreçam.

“É o caso do token MKR, da MakerDAO; o token FXS, da FRAX; o CRV, da Curve; e até mesmo o AAVE, da Aave, que passará a emitir a stablecoin GHO”, afirma o analista. “É possível que o mercado crie uma narrativa em cima desses ativos.”

As stablecoins ligadas a esses protocolos, contudo, não oferecem grande proteção contra uma possível investida regulatória mais ampla, salienta Benedetti. O motivo é a exposição desses tokens a outras stablecoins cuja emissão é centralizada, notadamente USD Coin (USDC) e Tether USD (USDT). “Esses podem ser vetores de ataques regulatórios”, diz ele.

Atualmente, as maiores stablecoins em valor de mercado que não são emitidas por entidades centralizadas estão, de alguma forma, relacionadas a elas.

Valor de mercado das stablecoins. Fonte: CoinGecko

A DAI, stablecoin emitida pela MakerDAO, guarda USDC em seu tesouro que representa mais de 50% de seu colateral total. Outro exemplo é a FRAX, que opera em um sistema de colateralização fracionária, através do modelo de “proporção colateral”. Nesse modelo, parte de cada FRAX possui lastro em USDC, e a outra parte em Frax Share (FXS). 

A proporção colateral da stablecoin é flutuante e, no momento da escrita desta matéria, é de 92%. Isso significa que a cada US$ 1 em FRAX, há um colateral de US$ 0,92 em USDC. A exchange descentralizada Curve também planeja lançar sua stablecoin, a crvUSD. O lastro será baseado em dois pools de liquidez da plataforma.

O problema do crvUSD, do ponto de vista de segurança quanto aos reguladores, está relacionado aos pools que atuam como colateral. Um deles é o tricrypto2, composto por USDT, Wrapped Bitcoin (WBTC) e Ethereum (ETH). A outra metade do lastro é composta pelo 3pool, composto pelas stablecoins USDC, DAI e USDT.

Benedetti menciona a stablecoin Liquity USD (LUSD), emitida pela Liquity. Trata-se de uma opção sobrecolateralizada, cujo lastro é mantido em ETH e, por isso, pode ser uma alternativa para os investidores que se preocupam com os reguladores.

Manter tudo em uma stablecoin?

O cuidado em diversificar o portfólio de stablecoins se intensificou após o colapso do Terra USD (UST), ocorrido em maio de 2022. O tema volta a ter relevância no cenário atual, para evitar que todo o capital seja perdido em um cenário extremo.

O analista do MB Research afirma que não há uma fórmula mágica de diversificação, e cada investidor deve avaliar sua tolerância ao risco. “O investidor médio pode optar por uma stablecoin de emissão centralizada e outra com emissão descentralizada, para balancear os riscos envolvendo reguladores e contratos inteligentes. No fim, depende do uso que cada investidor dará para suas stablecoins”, conclui Benedetti.

Leia mais:

Você pode gostar...