Banco Central vira ”trader” e perde 173% diante do Bitcoin.

Instituto Mises destaca como política monetária do Brasil afeta preço da criptomoeda que já bateu recorde histórico.

A desvalorização do real brasileiro em 2020 mostra que a moeda fiduciária caiu 173% em comparação com o desempenho do Bitcoin no mesmo período. Segundo o Instituto Mises Brasil, a soja teve uma variação de preço três vezes menor que a moeda brasileira nos últimos dez meses.

Considerada uma das moedas que mais se desvalorizaram ao longo do ano, o real brasileiro amarga ainda outras perdas, se for comparado com ativos como o ouro. Nesse caso, a moeda fiduciária do Brasil caiu 75% diante do metal precioso em 2020.

O cenário econômico brasileiro atual também é refletido na desvalorização da moeda em relação ao dólar. Mas isso poderia ser algo bom, segundo a tática do Banco Central. O dólar acima de R$ 5 seria uma forma eficiente de abater a dívida pública e ajudar o país.  Segundo relatado pelo portal seudinheiro, o ministro, no final de 2019, disse que a alta do dólar seria algo interessante, pois o BC poderia vender US$ 100 bilhões das reservas internacionais e abater R$ 500 bilhões em dívida. 

Mas a desvalorização do real em relação ao dólar não foi um bom trade e a desvalorização do real impulsionou o preço do Bitcoin em terras brasileiras. A moeda segue sendo negociada acima da sua máxima histórica de 2017 desde o dia 21 de outubro de 2020. 

Bitcoin subiu 173%

O preço do Bitcoin enfrentou um movimento de valorização no Brasil com a desvalorização do real perante a criptomoeda. Somente nos últimos dez meses a diferença entre o BTC e a moeda fiduciária registrou 173%.

Além do Bitcoin, a comparação do real com o próprio dólar mostra como houve uma grande desvalorização em 2020, acumulando até então uma queda de 43% frente a moeda fiduciária estadunidense.

“Só em 2020, em valores atualizados para o dia de hoje, o real já se desvalorizou 42% frente ao dólar; 75% frente ao ouro; e 173% frente ao bitcoin em 2020.”

Dessa forma, o preço do Bitcoin rompeu o recorde histórico no Brasil, impulsionado pela alta do dólar. Se, no final de 2017 a criptomoeda precisou chegar em cerca de US$ 20 mil para valer quase R$ 70 mil no Brasil, em 2020 o BTC ultrapassou este valor ao se aproximar de US$ 13 mil recentemente.


Comparação entre Bitcoin, Dólar e Real (Reprodução/Instituto Mises Brasil)

Além de representar uma expressiva desvalorização diante do Bitcoin, a volatilidade de preço do real representa atualmente 31% no mercado financeiro. Conforme cita a análise do Instituto Mises, a commodity de soja teve menor variação de preço em 2020 que a moeda do Brasil, com uma volatilidade de apenas 9%.

“A soja, que é uma commodity, tem menos volatilidade que o real. A volatilidade da soja este ano está em 9%, a do câmbio está em 31%.”

Desvalorização do real

O ministro da economia Paulo Guedes defende a desvalorização do real brasileiro como política monetária para o Brasil. Para Guedes, o enfraquecimento da moeda diante do dólar poderia trazer consequências positivas, como o abatimento da dívida pública e um possível lucro com as reservas financeiras do BC em dólar.

No entanto, o relatório publicado pelo Instituto Mises Brasil nesta quinta-feira (29) mostra que a desvalorização do real reflete a falta de autonomia do Banco Central.

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Publicado por Instituto Mises Brasil em Quarta-feira, 28 de outubro de 2020

Com o ministro da economia sugerindo uma desvalorização do real ao mercado financeiro, a moeda recebeu uma nova precificação e se aproximou de R$ 6 em maio de 2020, considerada uma máxima histórica até então.

“Se o Ministro da Economia declara que há possibilidade de sua moeda sofrer forte desvalorização, ele indiretamente está forçando o mercado a reavaliar sua moeda e realizar uma nova precificação. Em meados de maio, o dólar comercial alcançava sua máxima histórica: R$ 5,97.”

Fantasia suíça

A desvalorização do real brasileiro é resultado da redução da taxa básica de juros no país (Selic), que atualmente está abaixo que os valores praticados pelo sistema financeiro da Suíça.

Segundo o Instituto Mises, a taxa estipulada em 2% pelo Banco Central apresenta um juros negativo real, o que demonstra a “captura regulatória” do Banco Central pelo Ministério da Economia.

“Parece óbvio, mas, nestes curiosos tempos, vale a pena sublinhar o normal: o Banco Central está sofrendo captura regulatória do Ministério da Economia. O ministro da economia está abertamente estipulando o que uma autarquia controlada por outro ministro — o presidente do Banco Central tem status de ministro — irá fazer.”

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