Real é novamente a pior moeda do mundo, dessa vez por 2 dias seguidos
O real sofre forte desvalorização nesta quinta-feira (20) seguindo pressões externas e internas. No segundo dia de perdas, o desempenho da moeda brasileira é, novamente, o pior de todos dentro de uma cesta de 30 ativos nacionais no par com o dólar.
O dólar abriu a R$ 5,63 após fechar em alta de R$ 5,55 na quarta-feira (19). Por volta das 16h, já chega a registrar R$ 5,67. Já o euro, que fechou em R$ 6,58 ontem, já é cotado acima dos R$ 6,68.
Para tentar conter a subida, o Banco Central vendeu o lote completo de 10 mil contratos de swap cambial. No total, foram US$ 500 milhões ofertados. No entanto, a ação não foi suficiente para segurar a desvalorização do real.
Como consequência, o Bitcoin também voltou a avançar no Brasil apesar de não subir em dólares. A criptomoeda ainda está abaixo do patamar de US$ 11.900 após recuar de US$ 12.000. No entanto, mais uma vez rompeu o nível de R$ 67.000 no mercado nacional, segundo o Cointrader Monitor.
Por enquanto, tudo indica que qualquer avanço do BTC no mundo pode levar o ativo ao maior preço da história em reais.
O que faz o real ser a pior moeda do mundo hoje
Uma combinação de fatores internos e externos contribuem com o baixo desempenho do real. Um deles é uma leve recuperação do dólar. O índice DXY, que compara a moeda com as mais importantes do mundo, chegou a subir momentaneamente, mas voltou a estabilizar.
Nos EUA, o FED também citou especificamente o real e o Brasil na ata divulgada ontem. O Banco Central americano usou a moeda brasileira como uma espécie de âncora para afirmar que o dólar não está tão mal.
Entre os motivos, o FED mencionou os cortes na Selic, os casos crescentes de coronavírus e a turbulência política no país.
Internamente, foi justamente o cenário político que ajudou a puxar o real para baixo. Na quarta-feira, o mercado mostrava preocupação com a possível derrubada do veto presidencial ao reajuste dos servidores. Nesta quinta-feira (20), o Senado confirmou a medida.
Como resultado, investidores temem degeneração mais acelerada das contas públicas. Além disso, aumentariam as chances de rompimento do Teto de Gastos. Em levantamento da XP, o mercado considera que a quebra da regra levaria o dólar a R$ 6,50.
Ao mesmo tempo, o cenário volta a acender o alerta de uma possível saída de Paulo Guedes do governo. O Ministro chegou a dizer que a derrubada do veto seria um “’crime contra o país”.
Receio com contas públicas faz juros subirem
O receio em torno das contas públicas já impacta na capacidade de financiamento do governo no mercado. Os juros pagos em títulos de longo prazo subiram 20 pontos-base. O prêmio busca atrair investidores para ajudar a rolar a dívida.
Nas redes sociais, críticos da política cambial voltam a atacar o problema. Fernando Ulrich, histórico crítico da Selic baixa, diz que a taxa básica de juros está descolada da realidade e também impacta no real fraco.
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