Testes do Real Digital avançam no Banco Central

Como parte do avanço dos testes do Real Digital, o Banco Central do Brasil (BC) anunciou a realização de um workshop focado na CBDC.

Como parte do avanço dos testes do Real Digital, o Banco Central do Brasil (BC) anunciou a realização de um workshop focado na CBDC. Segundo o BC, o evento pretende esclarecer as diretrizes do Real Digital e as premissas do Piloto RD, incluindo-se a apresentação dos modelos de negócio e do regulamento para participação.

O BC já havia anunciado que, assim como no LIFT Challenge, empresas privadas serão selecionadas para ajudar o BC no desenvolvimento do Real Digital. No entanto, diferente do LIFT no qual a proposta era o desenvolvimento de prova de conceito para a CBDC nacional, nesta fase o foco é testar a segurança e funcionamento do sistema.

O evento do BC será realizado no dia 10 de abril, a partir das 14h, em Brasília, com transmissão ao vivo pelo canal do regulador no YouTube.

“As diretrizes foram atualizadas para direcionar a evolução da iniciativa do Real Digital e guiar discussões com reguladores domésticos e estrangeiros, organismos internacionais, indústria e academia”, explica Fabio Araujo, consultor do Departamento de Operações Bancárias e de Sistema de Pagamentos (Deban) do Banco Central.

Para o desenho da infraestrutura dos testes, o BC considerou a tendência crescente de tokenização de ativos e a emissão de ativos digitais em plataformas de registro descentralizado não reguladas.

Com a condução do Piloto RD, o BC avaliará os ganhos de programabilidade permitida por uma plataforma DLT por meio de operações com ativos tokenizados. Os testes serão realizados usando o Hyperledger Besu, no entanto, não há garantia de que a plataforma será a blockchain oficial do Real Digital.

Entre os ativos selecionados para o Piloto RD, estão os depósitos tokenizados, que são representações digitais de depósitos mantidos por instituições financeiras (IFs) ou instituições de pagamento (IPs). Esses depósitos seguirão seus respectivos regimes normativos para acesso e trânsito de informações durante os testes e serão usados para liquidar operações com Título Público Federal tokenizado emitido na plataforma.

Real Digital

Na avaliação de Leandro Vilain, diretor-executivo de Inovação, Produtos e Serviços Bancários da Febraban, em um primeiro momento, o Real Digital provavelmente terá mais aplicabilidade para a pessoa jurídica, não sendo utilizado em larga escala por pessoas físicas (que só terão contato com a CBDC indiretamente, via stablecoins emitidas por instituições financeiras)

“O que estamos construindo é uma infraestrutura que permita a tokenização desses depósitos. E, a partir daí, você abre um leque de oportunidades para outros produtos e serviços no sistema financeiro”, explica.

A Febraban (Federação Brasileira de Bancos), tem participado ativamente das discussões em torno do Real Digital desde o início dos trabalhos técnicos do projeto junto ao Banco Central. Recentemente, criou um novo grupo de trabalho, composto por representantes de cerca de 15 bancos, para contribuir com o regulador para o início do desenvolvimento do projeto-piloto.

Jonatas Leandro é VP de Inovação da GFT Brasil, destaca que com a implementação do Real Digital, o Brasil dá mais um passo sendo dado a caminho da digitalização econômica. Ele aponta que a chegada do 5G vai alavancar ainda mais todos os processos tecnológicos, com ajuda também da Web 3.0, que fornece muito mais suporte aos criptoativos e moedas digitais.

“Hoje temos o usuário como parte estratégica dos negócios empresariais. A pandemia acelerou muito a questão da digitalização e personalização de produtos, além de serviços. Só que o mercado financeiro vai ter que acompanhar de perto esse movimento, pois teremos uma transformação em commodities. As informações relevantes vindas dessas novas transações, poderão ser convertidas em produtos futuramente, algo extremamente valioso”, destacou.

Segundo ele, o Real Digital, mesmo que ainda não seja ofertado para toda a população brasileira, tem um fator muito importante para o Banco Central, sendo o de estimular ainda mais a competitividade do sistema econômico nacional.

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