Quênia utilizará blockchain para distribuir moradias com preços populares

O governo do Quênia planeja investir na tecnologia blockchain para distribuir novas unidades habitacionais financiadas pelo governo, revelou a CCN. O projeto será executado pelo Fundo Nacional de Habitação do país.

(Foto: Pixabay)

O Secretário Permanente de Habitação e Desenvolvimento do Estado, Charles Hinga, revelou que o fundo espera levantar cerca de US$ 545 milhões de dólares por ano para construir “500 mil moradias populares”.

Já o Secretário de Gabinete de Transportes e Habitação, James Macharia, comentou que a tecnologia seria usada para distribuir casas a candidatos carentes, em uma tentativa de reparar questões do passado envolvendo “corrupção em benefício de poucos e até mesmo legisladores”.

“O Quênia usará a tecnologia blockchain para garantir que os proprietários legítimos vivam em projetos habitacionais financiados pelo governo”.

Transparência

Segundo Hinga, a proporção de hipoteca e aluguel no país é de 6 para 1, ressaltando um grande problema de acesso à propriedade.

Isso porque a baixa renda da população dificulta a aquisição do bem. Por exemplo, dos mais de 2 milhões de cidadãos empregados em 2016, apenas 3% ganharam mais de 100 mil xelins quenianos, ou cerca de US$ 992.

Outro desafio que pode surgir — e ser superado com a ajuda da blockchain — é a questão da corrupção. Já que os quenianos perderam “a confiança no que o governo faz” em relação a moradia, acrescentou o funcionário.

Hinga usou como exemplo o escândalo do National Youth Service I e II, no qual funcionários públicos, incluindo o Diretor Geral do Serviço Nacional da Juventude, e outros agentes do setor privado foram presos por atividades fraudulentas, que levaram ao desfalque de 78 milhões de dólares dos cofres governamentais.

Expoente

O Quênia é um dos principais países da África no que diz respeito ao desenvolvimento de blockchain e criptomoedas, com alguns dos mais importantes projetos se originando no país.

No mês passado, Bitange Ndemo, presidente da Força Tarefa de Inteligência Artificial e Contabilidade Distribuída, aconselhou o governo a transformar a economia em uma tentativa de combater a corrupção e as incertezas no país.

“Precisamos começar a digitalizar a economia, incentivando os jovens a fazerem coisas que são pagas através de tokens que podem ser convertidos em moedas fiduciárias”, afirmou Ndemo na época.

Discussões legislativas constantes sobre programas relacionados a blockchain e criptomoedas mostram o interesse do governo sobre a tecnologia. E isso fica evidente no esforço do governo em encontrar estruturas regulatórias adequadas para a blockchain ao longo do tempo.

Em agosto desse ano, por exemplo, a comissão eleitoral do país mostrou sinais de adoção da tecnologia no processo eleitoral.

Em conversa com a BBC, em maio, o ministro da informação, Joseph Mucheru, confirmou que o país está buscando implementar o sistema distribuído no registro de terras do país.

O objetivo é que o banco de dados do Quênia, notoriamente poroso, seja registrado em uma blockchain. O que o tornará impermeável contra práticas fraudulentas aplicadas por funcionários corruptos em troca de suborno.

Fonte: CCN

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