Quem é Satoshi Nakamoto? Origem do criador do Bitcoin é tema de livro brasileiro
Quem é Satoshi Nakamoto?
Essa é uma das perguntas que rondam a trama do livro “Satoshi”, do autor brasileiro Rafael Boskovic. Advogado de dia e escritor nas horas vagas, Boskovic usa sua paixão pelas criptomoedas para ensinar conceitos básicos da blockchain em uma história de ficção. Ao mesmo tempo, sugere uma teoria sobre a origem do criador da tecnologia em meio a ideias libertárias.
Ele mesmo admite que não gostou do que viu quando teve o primeiro contato com o Bitcoin. Mas, após se converter de vez a um amante das criptomoedas, conta em uma história com muito suspense um cenário temido por adeptos dos criptoativos. Afinal, o que pode acontecer se governos forem à caça do Bitcoin?
“Satoshi” é o quarto livro de Boskovic, advogado e articulista do Instituto Liberal de Santa Catarina. Em uma entrevista ao BeInCrypto, ele conta um pouco sobre sua visão de mundo e dá pistas sobre o que esperar do livro.
1) Você é um jovem advogado que lançou um livro. Pode nos contar um pouco como surgiu a vontade de escrever, especialmente sobre Bitcoin?
Eu já escrevia há algum tempo antes deste último livro que tem o Bitcoin como plano de fundo. Em relação a textos de ficção, já publiquei outros três livros.
A vontade de escrever uma história que envolvesse não apenas o Bitcoin, mas também conceitos básicos da ética libertária, decorreu do interesse em introduzir esses assuntos a pessoas que, por desconhecimento ou preconceito, jamais investiram algum tempo em saber mais sobre eles.
Pulverizar informações relevantes no meio de uma história intrigante e cativante é uma bela maneira de capturar a atenção e transmitir ideias a pessoas que, de outra forma, talvez jamais se aprofundariam nelas.
Os conhecedores do Bitcoin, porém, também tendem a gostar muito da história, pois ela traz uma teoria bem impactante e original a respeito da real identidade por trás do pseudônimo Satoshi Nakamoto. Vários libertários e entusiastas do Bitcoin adoraram a trama!
2) Quando você conheceu o Bitcoin e a blockchain pela primeira vez?
Não recordo a data exata em que ouvi falar do Bitcoin pela primeira vez, mas lembro bem da péssima impressão que tive, justamente em decorrência da minha própria ignorância sobre seu funcionamento.
Parti da premissa de que uma moeda digital fosse uma ideia estúpida, imaginando que ela estaria fadada ao fracasso em razão do problema do gasto duplo. Na época, me limitei ao preconceito da primeira impressão e não procurei saber mais sobre o assunto.
Foi apenas alguns anos depois, em 2016, por meio do amigo Edson Brusque, que comecei a entender melhor o Bitcoin e a blockchain. A ideia de escrever um livro de ficção que, no meio da história, explique o funcionamento básico do Bitcoin, é justamente furar a barreira de preconceito que muitas pessoas têm.
3) Pode nos dar um resumo sobre o livro com suas palavras?
A história é cheia de suspense e tem algumas reviravoltas importantes. A sinopse foi o resumo que eu consegui fazer do livro sem dar spoilers.
Os governantes das principais potências globais articulam a criação de restrições às criptomoedas. Enquanto isso, a agente Claire Atkins descobre um misterioso galpão e desconfia que ele esteja ligado a uma rede internacional de tráfico de crianças que faz uso de moedas digitais.
Ela pede ajuda de Ulrich Fersen, um dos maiores especialistas nesta tecnologia. Numa frenética perseguição que envolve hackers, robôs de alta tecnologia, inteligência artificial e políticos influentes, eles descobrem que enfrentar o sistema pode ser a única saída.
4) Seu livro fala, por exemplo, sobre o uso de criptomoedas pelo crime organizado. É uma visão que a comunidade de cripto tenta desfazer entre pessoas que ainda não conhecem esse mundo.
Na verdade, a história do livro fala justamente sobre esse preconceito e seus diálogos tratam bastante de combatê-lo. Tenho certeza de que pessoas leigas que venham a ler o livro acabarão respeitando mais as criptomoedas e tenderão muito menos a concordar com restrições eventualmente propostas por políticos e burocratas. É o que posso dizer sem dar spoilers.
5) Você considera que realmente chegaremos a um ponto em que o Bitcoin e as criptomoedas serão utilizados amplamente como o principal meio de trocas no mundo?
Acredito que sim, e que isso talvez ocorra em menos de dez ou quinze anos.
6) O cenário da literatura nacional não parece ser dos mais animadores levando em conta os problemas enfrentados pelas maiores livrarias do país. Pode explicar o que ainda o faz acreditar no formato?
Citando Ludwig von Mises: “Ideias, e somente ideias, podem iluminar a escuridão”. Uma parte relevante das pessoas que poderíamos classificar como inteligentes e formadoras de opinião lêem, ao menos, um pequeno punhado de livros todos os anos.
Escrever uma história que prenda a atenção de algumas centenas ou milhares destas pessoas é uma excelente maneira de atingi-las com ideias que consideramos importantes.
Mesmo não sendo a minha atividade principal, já vendi cerca de 3.500 exemplares das minhas publicações anteriores e quase 1.000 unidades do livro “SATOSHI”. Estão longe de serem best-sellers, mas cada pessoa atingida é uma potencial nova disseminadora dessas ideias. Recebo muitos feedbacks de leitores nesse sentido: de que entenderam melhor o Bitcoin e de que adotarão a tecnologia, ou, ainda, de que assimilaram alguma ideia libertária. Isso sempre me deixa muito satisfeito.
7) O que você falaria para um jovem que se interessa pelo mundo das criptomoedas e quer ir além do trade? Vale a pena aprender sobre cripto sem pensar apenas em ganhar dinheiro com isso?
Eu enxergo algumas das criptomoedas, em especial o Bitcoin, por sua relevância, descentralização e dinâmica de emissão, como um grande avanço na pulverização do poder e na proteção dos indivíduos contra uma das mais perversas formas de espoliação estatal: a inflação.
É claro que ganhos financeiros com o trade de criptos é muito interessante. Ganhar dinheiro é excelente! Mas penso que seja algo muito pequeno diante da grandiosidade das mudanças que estão em curso em decorrência desta tecnologia.
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