Queda do Bitcoin trava exchanges; especialistas recomendam cautela
A queda brusca do Bitcoin que iniciou na madrugada desta quarta-feira (19) e bateu US$ 30.000 após meses trouxe uma avalanche de acessos que desestabilizou exchanges de criptomoedas no Brasil e no mundo.
Por volta das 10h, a Binance anunciou a suspensão de saques de Ethereum e todos os tokens criados com o protocolo ERC-20 “devido ao congestionamento na rede”. A procura por saques fez taxas de transação da rede dispararem, passando de US$ 50 por uma única transferência. Pouco depois, a corretora iniciou manutenção nas negociações com alavancagem.
Até mesmo os agregadores do mercado de criptomoedas saíram do ar. Nesta manhã, CoinMarketCap e Coingecko ficaram instáveis e acusavam erro indicando tráfego acima do normal – provavelmente pelo excesso de acessos para checar as atualizações de preço do mercado em queda generalizada de dois dígitos.
Cautela
No mercado brasileiro, o tom é de cautela entre investidores, analistas e executivos de empresas do setor. Alexandre Vasarhelyi, gestor de portfólio da BLP Asset, admitiu que uma correção dessa magnitude não é agradável, mas que ainda estaria “matematicamente dentro do esperado”.
“Por isso que sempre falamos para investir uma parte pequena do seu portfólio e espalhar as entradas. Eu acho que se entrou da forma que eu recomendo o investidor vai estar tranquilo.”
Vasarhelyi diz que o ciclo atual é muito diferente de 2017, e enxerga no Ethereum, que deverá passar por uma importante atualização no mês de julho, o potencial grande campeão do ano.
“Vai ser uma mudança de paradigma”, aposta.
Já Vinicius Frias, CEO do banco digital Alter, diz que o forte recuo de 53,8% da máxima de quase US$ 65.000 é absolutamente negativa e caracteriza pânico nos mercados. “Esperada acho um pouco de exagero, estamos em um panic sell”, opina.
Ainda assim, Frias também não considera que o movimento de alta de longo prazo terminou e diz que o momento ainda representa oportunidade para quem souber aproveitar a onda de liquidações em massa.
“Acredito que a tendência de alta do longo prazo se mantém. O próprio investidor está sendo testado de suas convicções nesse momento. Ele deve se perguntar: algo mudou nos fundamentos do bitcoin nesses últimos dias que justifique essa queda? A depender da resposta que ele se dá, ele pode tomar sua decisão.”
Bernardo Schucman, CEO da FastBlock, atribui a queda diretamente às notícias desta semana envolvendo as falas de Elon Musk. O bilionário voltou atrás e disse que a Tesla não aceitaria mais Bitcoin como pagamento e discutiu com apoiadores da criptomoeda. Em dado momento, ele chegou a sugerir que a empresa venderia seus bitcoins, mas negou logo depois.
Schucman também considera que a reafirmação por parte do governo chinês de que bancos e instituições de pagamento não podem se envolver com criptomoedas teria abalado os mercados. Mas ele tampouco enxerga que a queda brusca impedirá o Bitcoin de buscar novas máximas.
“Investidores devem esperar um rápida recuperação do preço do Bitcoin a longo prazo pois o ano de 2021 é o ano de maior aumento de casos de uso do Bitcoin e a tendência é a moeda seguir em alta.”
Ciclo de alta do Bitcoin
De fato, o analista Valdrin Tahiri mostrou em uma análise recente que a liquidação atual parece estar sendo movida principalmente por investidores de curto e médio prazo. Enquanto isso, compradores de longo prazo e mineradores seguem acumulando. Indicadores também sugerem que o ciclo de alta ainda não terminou.
Vinícius Terranova, Head de Trading do BeInCrypto, concorda e já aponta uma possibilidade de recuperação em V.
Michael Saylor, CEO da MicroStrategy, comentou nesta manhã que entidades que controla acumulam no momento 111.000 bitcoins, avaliados em cerca de US$ 3,9 bilhões mesmo no momento atual – na máxima, chegaram a valer mais de US$ 7 bilhões. “[as entidades] não venderam um único satoshi. Bitcoin para sempre”, disse.
Até Elon Musk, apontado como um dos causadores da correção, garantiu não ter liquidado bitcoins. Em tuíte, ele usou emojis para dizer que a Tesla teve mãos de diamante, gíria que significa “segurar e não vender”.
No fechamento da matéria, o Bitcoin era negociado por pouco mais de US$ 37.000, mais de 23% acima da mínima de US$ 30.000.
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