Servidor público do Rio de Janeiro é acusado de aplicar golpe de R$ 25 milhões com ‘trading esportivo’

Um servidor da Justiça do Rio de Janeiro enganou advogados e colegas ao prometer retornos rápidos e altos com apostas esportivas.

Um servidor público da Justiça do Rio de Janeiro é investigado por um golpe de R$ 25 milhões prometendo grandes lucros através de apostas esportivas.

O servidor teria enganado advogados e outros funcionários de um fórum de Barra do Piraí, no interior do Estado, prometendo retornos rápidos e vultuosos com “trading esportivo”. Segundo o Valor Econômico, a prática baseia-se na compra e venda de probabilidades enquanto uma partida esportiva está em andamento.

O servidor teria diversas contas em casas de apostas online, segundo uma notícia-crime apresentada à Justiça.

As pessoas lesadas pelo servidor, chamado Felipe Tobler Lemgruber, afirmam que o servidor dizia trabalhar com um tipo de apostas conhecida como “cota fixa”, em que o jogador aposta contra a casa de apostas e se errar perde toda a quantia investida.

Os investidores prejudicados dizem que Lemgruber prometia “risco zero” com a atividade. O advogado Cristopher Taranto, que representa parte das vítimas, diz:

“Se errasse, devolveria todo o dinheiro investido e se acertasse pagaria com acréscimo”

As apostas esportivas não estão proibidas no Brasil e não configuram crime, mas as promessas do suposto “trader” são o problema, já que ele não cumpriu o prometido e teria causado prejuízo de R$ 25 milhões.

Já o as apostas do tipo “cota fixa” estão pendentes de regulação. Segundo o advogado Udo Seckelmann, do escritório Bichara e Motta Advogados, diz que o Ministério da Economia deve publicar um decreto regulamentando a atividade, mas enquanto isso nenhuma empresa no Brasil poderia operar nesta modalidade:

“Enquanto isso não acontece, nenhuma empresa com sede no Brasil pode operar. A lei fala que precisa ter uma licença e só será possível obter essa licença depois da regulamentação”

O suposto trader usava as credenciais do judiciário para tentar dar mais credibilidade aos investimentos. Entre os lesados, há ex-alunos e amigos dele, que também dava aulas em um curso de direito em um faculdade local. Uma das vítimas conta como ele operava:

“Dizia que não tinha risco de perda porque o lucro era muito grande, com uma só partida conseguia garantir o dinheiro do mês inteiro. Na primeira vez que investi com ele, depositei num dia e no outro pela manhã já havia retorno.”

O caso é investigado na 88a. Delegacia de Polícia de Barra do Piraí, sob segredo de justiça. Segundo o advogado Christopher Taranto, o servidor que aplicou o golpe tem pelo o menos 17 ações de cobranças na Justiça e as acusações, pelo caminho da investigação, devem ser pelo crime de estelionato:

“Até o momento não foi tomada nenhuma atitude para decretar a prisão preventiva. Estamos pedindo porque ele continua aplicando o golpe em outras pessoas.”

A 2a. Vara da Comarca de Barra do Piraí também determinou o bloqueio de contas bancárias e das casas de aposta do suposto golpista, mas não há informações se as contas já foram bloqueadas. Nem Lemgruber, nem seu advogado, nem o Ministério Público do Rio de Janeiro responderam à reportagem.

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