Suposto golpista que prometia lucro de 320% com bitcoins pode ter quebrado corretora no PR

Tiago Costa Bentes, de Santarém (PA), ficou conhecido no mundo das criptomoedas depois de uma denúncia feita em 2018 pelo GAP – Grupo Anti Pirâmide.

No texto do GAP, ele é apresentado com um golpista que consegue dinheiro das vítimas ao prometer supostos lucros de até 320% ao mês em cima do capital aportado. Esses rendimentos surreais seriam supostamente obtidos por meio de investimentos em criptomoedas.

O inusitado da história é que Bentes, além de ter supostamente tirado dinheiro de pessoas – o que já foi citado em diversos processos que correm na Justiça do Pará e de São Paulo – também pode ter quebrado uma corretora de criptomoedas de Curitiba (PR), a NewCoin Cash.

A falência da exchange, no entanto, está envolta em mistério, como é de praxe nos casos que ocorrem no mercado de criptoativos. Isso porque as vítimas do suposto criminoso, conforme advogados ouvidos pela reportagem, acreditam que o dono da NewCoin Cash na verdade estava em conluio com Bentes. O proprietário da corretora nega.

Tiago Costas Bentes. Imagem: GAP/Reprodução

Relação entre Bentes e corretora levantou suspeita por causa de processo

A relação entre a corretora da capital paranaense e o suposto golpista começou a ser questionada, segundo os advogados Andre Luiz Fernandes de Freitas e Vinnicius de Matos Hipólito, por causa de um processo que o próprio Bentes moveu contra a NewCoin Cash. A ação foi distribuída no começo de 2018 para a Justiça do Pará.

No processo citado pelos advogados – que defendem 11 vítimas que alegam ter perdido dinheiro em investimentos com Bentes – o suposto criminoso pediu bloqueio de cerca de R$ 450 mil que ele teria depositado na exchange paranaense. Ao longo do processo, no entanto, ele desistiu da ação por alguma razão desconhecida.

Os advogados não têm provas que atestem tal conluio. Na Justiça, de qualquer forma, eles pediram penhora dos R$ 450 mil citados no processo. Outros advogados também têm suspeita semelhante.

Imagem: GAP/Reprodução
Imagem: GAP/Reprodução

Dono da Newcoin Cash nega relação com Bentes

O empresário Hugo Alves, proprietário da Newcoin Cash, negou qualquer envolvimento com Tiago Costa Bentes. Em entrevista à reportagem do Livecoins, ele falou que também foi vítima do suposto golpista, assim como os investidores que alegam ter sido lesados por ele.

Segundo Alves, Bentes teria entrado em contato com a exchange, no começo de 2018, para comprar cerca de R$ 450 mil em bitcoins. O suposto golpista teria enviado foto, extrato bancário e toda documentação necessária para a transferência.

Quem teria cuidado da transação foi um intermediário de Bentes, que se indetificou apenas como “Claudio”, segundo Alves.

É aí que o negócio fica complexo. Assim que Bentes enviou os R$ 450 mil para Alves e a exchange encaminhou os bitcoins para o intermediário, o suposto golpista teria ligado para Alves e alegado que o tal do “Claudio” era um estelionatário que se passava por ele.

“Como resultado disso, Bentes veio aqui em Curitiba, me perseguiu e até me ameaçou. Ele entrou então com uma ação e pediu o bloqueio dos R$ 450 mil da empresa”, disse Alves.

Esse conflito todo resultou na falência da Newcoin Cash, que foi fundada no início de 2017 e chegou a movimentar cerca de R$ 2 milhões em seu auge, segundo Alves. “Ficamos quebrados depois disso”, falou o empresário.

Por que Bentes desistiu da ação?

O advogado de Alves, Guilherme Guimarães, acredita que Bentes tentou dar um golpe em seu cliente. “Entendemos que Bentes engendrou golpe e conseguiu medida cautelar para efetuar o bloqueio de R$ 450 mil que pertenciam aos investidores NewCoins, mesmo já tendo recebido esse dinheiro em bitcoins”, disse.

Ainda segundo Guilherme Guimarães, Bentes teria desistido da ação porque, durante o processo, ele teria descoberto que o “Claudio” – que se passou por intermediário de Bentes – poderia ser o próprio suposto golpista.

“Nós pedimos ao Google informações sobre a conta de e-mail usada pelo tal Claudio. Foi diante dessa nossa requisição que Bentes resolveu desistir da ação, provavelmente porque as informações que seriam enviadas pelo Google mostrariam que o Claudio era Bentes”.

Sobre a alegação de possível conluio, Guimarães disse que entende o desespero daqueles que perderam dinheiro, mas que isso não justifica as “acusações levianas e sem provas” que estão sendo feitas.

A reportagem não conseguiu localizar a defesa de Bentes para comentar o caso.

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