Dinheiro programável: 4 inovações que o Real Digital vai introduzir nos sistemas de pagamento e acesso ao crédito
Aplicações da CBDC brasileira em desenvolvimento no âmbito do LIFT (Laboratório de Inovações Financeiras Tecnológicas) começarão a ser testados em 2023.
As primeiras aplicações do Real Digital começam a tomar forma para entrar em fase de testes a partir do ano que vem, informou reportagem publicada pelo Valor Econômico nesta sexta-feira, 26.
Os nove projetos selecionados pelo Lift Challenge Real Digital utilizam contratos inteligentes, uma ferramenta baseada na tecnologia blockchain que viabiliza o estabelecimento de parâmetros específicos e delimitados para incrementar o funcionamento e a eficiência de sistemas de pagamento e de acesso ao crédito, fazendo da CBDC brasileira uma espécie de “dinheiro programável”.
Os testes que terão início no ano que vem vão avaliar os casos de uso de aplicações de entrega contra pagamento (DvP), pagamento contra pagamento (PvP), Internet das Coisas (IoT), finanças descentralizadas (DeFi) e soluções de pagamento digital off-line, quando pagador, recebedor ou ambos não estejam conectados à internet.
Empresa responsável pela rede de caixas automáticos, a Tecban participa do LIFT com um projeto desenvolvido em conjunto com o banco Capitual, antigo parceiro da exchange de criptomoedas Binance no Brasil. A solução baseada na internet das coisas (IoT) envolve a liberação de produtos comprados no comércio eletrônico e o Real Digital como meio de pagamento.
O contrato inteligente libera o pagamento para o comerciante somente após a retirada do produto armazenado em um locker, eliminando o componente humano da relação de confiança entre comerciantes e consumidores.
A interoperabilidade é um recurso fundamental à CBDC brasileira, inclusive para viabilizar a realização de transações internacionais, destacou Leandro Vilain, diretor executivo de inovação, produtos e serviços bancários da Febraban, que teve seu projeto de entrega contra pagamento (DvP) de debêntures selecionado pelo laboratório do Banco Central.
A solução é fruto de uma parceria com a empresa britânica R3 e está sendo desenvolvido através de grupos de trabalho com os bancos Itaú, Bradesco e Citi. O objetivo, explicou Vilain, é criar mais seguranças em transações de debêntures – títulos que empresas emitem para captar recursos no mercado – utilizando uma rede blockchain para liquidação.
O banco Santander, por sua vez, está trabalhando em uma solução de formato digital DvP para direitos de veículos e imóveis também para eliminar questões de confiança e os riscos de ambas as partes envolvidas nos negócios, conforme explicou Jayme Chataque, superintendente executivo de open finance do Santander:
“Na compra e venda de um automóvel é difícil sincronizar o momento em que o dinheiro é transferido para o vendedor, com o instante em que o documento de propriedade do veículo é transferido para o comprador.”
O projeto do Santander soluciona a questão da propriedade através da tokenização do ativo, viabilizando que a transferência do pagamento e a alteração da titularidade do bem ocorra de forma praticamente instantânea. Na prática, a representação digital do veículo sob o formato de um token não fungível é transferida mediante a transferência do pagamento realizado com o Real Digital.
No caso, as transferências serão executadas e ficarão registradas em uma rede blockchain permissionada, o que significa que uma entidade central tem o poder de autorizar ou não o acesso de eventuais usuários.
Por fim, a Visa está desenvolvendo um projeto em parceria com a Microsoft e a Consnsys, empresa responsável pela infraestrutura da rede Ethereum (ETH), para explorar instrumentos de finanças descentralizadas para financiamento de pequenas e médias empresas.
Através de sua infraestrutura global, a Visa pretende ser um hub de acesso ao crédito conectando CBDCs das mais diversas regiões do mundo. “A proposta da nossa solução é viabilizar o acesso global a opções de financiamento”, disse Cristiane Taneze, diretora executiva de inovação da Visa do Brasil.
Conforme noticiou o Cointelegraph Brasil recentemente, o presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, prometeu que a regulação vai unir o Bitcoin e as criptomoedas com o PIX, open banking e o Real Digital.”
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