‘Produzir’ o Real custa R$ 90 bilhões mas ele pode virar uma Moeda Digital daqui a 6 meses, revela Banco Central

Banco Central revela que em até 6 meses deverá decidir se vai ou não transformar o Real em uma Moeda Digital

O Real pode ganhar um “irmão” virtual daqui a seis meses, revelou o Banco Central do Brasil.

Assim, segundo o BC, este é o período que o Grupo de Estudo de CBDC tem para avaliar ou não a emissão de uma Moeda Digital nacional para o Brasil.

“Já participamos de diversos fóruns internacionais sobre o tema e iniciamos oficialmente o grupo de trabalho. Montamos um cronograma e a projeção é que essa fase inicial, de levantamento das informações e sugestão de modelo, seja concluída em seis meses”, afirmou à Folha, o chefe adjunto do departamento de tecnologia da informação e coordenador do grupo de trabalho, Aristides Andrade.

CBDC

Segundo vem declarando o presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, a emissão de uma Moeda Digital para o Real seria um “caminho natural” para o PIX.

“No nosso caso é muito importante o PIX porque vemos daqui para frente a união de uma forma de pagamento instantâneo, aberto e interoperável. com um sistema de dados aberto. Onde ele se encontram em algum momento lá na frente  junto com uma moeda que tem que ser aperfeiçoada… Lá na frente a gente enxerga um mundo muito mais digitalizado com uma moeda digital”, revelou.

Porém, segundo o BC o Grupo de Trabalho de CBDC vai analisar todos os aspectos de uma digitalização do Real e, com base no relatório, a Diretoria Colegiada, tomará a decisão de levar ou não adiante o projeto. 

 “Essa nova forma de moeda, no entanto, pode provocar mudanças substanciais no sistema financeiro”, disse, em nota o BC alegando que precisa analisar o relatório antes de emitir qualquer opinião sobre o tema.

Blockchain or not blockchain

Como o tema ainda é parte do estudo do Banco Central a instituição não revelou se poderia utilizar blockchain para a emissão de seu CBDC.

No entanto, tudo indica que, caso o Brasil opte pela emissão de um CBDC a tecnologia blockchain não seja utilizada.

“A CBDC pode ser um complemento ao Pix. Seria distribuída pelo sistema financeiro, como é feito com o dinheiro físico, só que por meio digital”, adiantou o técnico do BC a Folha.

Em 2019, o ex-presidente do Banco Central, Gustavo Franco, já havia declarado que não fazia o menor sentido usar blockchain na emissão de uma moeda controlada pelo Banco Central.

Segundo ele, o princípio do blockchain era eliminar a necessidade de um “terceiro validador” , porém, se uma moeda será emitida e distribuída justamente por uma entidade que deve validar e garantir a “coisa toda” não faria sentido usar blockchain.

Entusiastas e empreendedores de Bitcoin e criptomoedas no Brasil também concordam com a premissa, como é o caso do CEO da Stratum, Rocelo Lopes.

Lopes defende que se uma Moeda Digital for emitida por um Banco Central ela não é uma criptomoeda e sim somente uma versão digital da mesma moeda e de seus “problemas”.

“Para que usar blockchain em um CBDC emitido por um Banco Central? Não faz sentido. O Banco Central sempre vai controlar o seu desenvolvimento, emissão, circulação e todo o resto, porque senão não será uma Moeda Digital de Banco Central, então blockchain para que? Só por causa do hype? Além disso, não podemos esquecer que um CBDC não é nada de novo, só é a mesma moeda nacional, com todos os seus problemas políticos, só que emitido digitalmente”, revelou durante o Debate Descentralizado, do Canal Dash Dinheiro Digital.

Banco Central quer diminuir o custo do dinheiro

Porém, com ou sem blockchain, a ideia do Banco Central, tanto com o PIX, como com a emissão de um CBDC é diminuir o custo do dinheiro no Brasil.

Somente em 2019 o Banco Central revela ter gasto mais de R$ 90 bilhões com transporte, armazenamento e segurança de numerário.

“Isso engloba todos os custos, como carro-forte e procedimentos de segurança obrigatórios”, disse Andrade.

No entanto, embora os meios digitais tenham avançado no Brasil, o Banco Central destaca que ainda 60% dos brasileiros usam dinheiro em espécie e cerca de 30% da população não tem acesso a internet.

“Há uma tendência de convergência dos meios de pagamento eletrônicos em moedas digitais. Ela seria tipicamente idêntica ao papel-moeda, só que virtual. Em termos econômicos, é mais um instrumento para diminuir custos. Mas seria uma mudança gradual, até porque sabemos que muitos não têm acesso à internet ou são desbancarizados”, pontuou.

Outro ponto levantado pelo Banco Central é que nas transações com papel-moeda, o consumidor não precisa ter conta em banco. Já para utilizar a moeda virtual, ele precisaria ser bancarizado.

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