Porque o software está engolindo o dinheiro

por Bruno Caratori*

Em 2011, Marc Andreessen escreveu seu famoso editorial no Wall Street Journal “Por Que o Software Está Engolindo o Mundo“, argumentando que nossa sociedade estava no meio de uma “ampla e dramática mudança econômica” na qual as empresas de software estavam “prontas para assumir grandes setores da economia “.

Nesse artigo, o cofundador da Netscape e do fundo de venture capital Andreessen Horowitz postulou que, seis décadas após a revolução dos computadores, a tecnologia necessária para transformar produtos e serviços por meio de software finalmente funcionava.

E mais: ela poderia ser entregue em larga escala, com o número de usuários de internet banda larga e de proprietários de smartphones na casa dos bilhões. Diferentemente do pano de fundo da bolha de tecnologia dos anos 90, o mundo estava finalmente pronto para ser engolido por software.

Dez anos depois, é impossível não admirar a presciência do pioneiro da Internet. Ainda assim, um tanto ironicamente[1] para um investidor cuja empresa de venture capital é atualmente a maior apoiadora do mundo cripto, aquele artigo, escrito em 2011, não foi profético o bastante para mencionar uma parte bastante importante do mundo que em breve começaria a ser engolida pelo software: o sistema monetário. 

O software em questão é o bitcoin, especificamente, e as tecnologias de registro distribuído (abreviadas por DLT, do termo em inglês Distributed Ledger Technologies) de forma mais ampla.

Para compreender plenamente porque as DLTs estão devorando o sistema monetário mundial, é essencial refletir sobre o papel fundamental que o consenso desempenha no funcionamento de nossas instituições e sociedades. Após tal reflexão, torna-se bem mais fácil apreciar a engenhosidade de Satoshi Nakamoto, inventor do bitcoin.

A importância do consenso nas sociedades 

A existência de consenso entre grupos de pessoas e entidades é o que possibilita quaisquer harmonias que hoje existem em nossas sociedades. Quando grupos de pessoas entendem as mesmas coisas como sendo verdadeiras, elas são capazes de se coordenar e de colaborar em grande escala. Instituições como matrimônio, mercados, leis, governos e empresas, são todas exemplos de como humanos se coordenam e colaboram a partir de consenso.

Nosso sistema monetário, em sua miríade de componentes, é outra dessas instituições viabilizadas por consenso. O dinheiro, em papel ou em um livro-razão de terceiros, permite-nos fornecer com eficiência nossos serviços e produtos e receber em troca o que desejamos ou consideramos necessário. Ações de empresas, títulos de dívida, metais preciosos e outras commodities, permitem-nos investir e armazenar nossas riquezas para o futuro. Economizar para o futuro, fazer comércio, colher os frutos do nosso trabalho… Estas são necessidades básicas de todo ser humano e só conseguimos realmente suprí-las porque conseguimos, como sociedade, atingir consensos.

E os consensos não surgem espontaneamente. São alicerçados em nosso conhecimento compartilhado das leis naturais do universo, em tecnologias que desenvolvemos, em sistemas sociais que criamos para funcionar em equilíbrio, ou (mais comumente) numa combinação de todos esses.

Quando dois indivíduos trocam uma nota de US $100, entendendo que ela realmente vale US $100, eles só o fazem porque ambos sabem como se parece uma nota de US $100 (ela é intencionalmente desenhada para ser facilmente reconhecível). Eles também o fazem porque ambos aceitam que a tecnologia do papel de algodão da nota, de seus filmes holográficos, e de suas marcas d’água, que são sensíveis à luz ultravioleta, fazem com que a nota seja difícil de ser falsificada. Finalmente, ambos acreditam que há uma única entidade no mundo capaz de produzir tais notas (o Federal Reserve, banco central dos EUA), e que ela faz parte de um intricado sistema de leis e instituições governamentais, com tecnocratas que são incentivados a manter um valor previsível para suas moedas[2]. Os consensos entre o enorme grupo de indivíduos e entidades que usam notas de US $100 é o que permite o uso delas.

E apesar do entendimento comum, porém errôneo, de que as coisas sempre foram como são, as tecnologias e sistemas que permitem o consenso evoluíram continuamente ao longo da história. Nós, humanos, sempre buscamos formas mais seguras, eficientes e escaláveis ​​de chegar a um consenso, a fim de coordenar nossas ações e colaborar. Um exemplo pertinente é a evolução do próprio dinheiro.

O dinheiro é, fundamentalmente, uma tecnologia. O mito difundido, porém falacioso, é de que o dinheiro surgiu nas civilizações primitivas como uma alternativa ao escambo. Em realidade, a teoria predominantemente aceita por cientistas[3] é a de que, na antiguidade, indivíduos cediam o fruto de seus trabalhos em troca de promessas, mantendo um controle rudimentar (em suas mentes ou alguma forma de registro) de dívidas e créditos que possuíam com outros indivíduos em suas comunidades. Não é difícil de se imaginar como esses créditos e dívidas frequentemente terminavam por não serem liquidados de maneira correta entre suas partes. Entra em cena a engenhosa invenção do dinheiro.

Dependendo do local e do momento da história, ele tomava diferentes formas: pedras, contas, conchas, sal… Independentemente da forma que tomava, em todas as civilizações o dinheiro buscava cumprir o mesmo papel: manter um registro objetivo das dívidas e créditos existentes entre os indivíduos daquela comunidade.

O ouro, tão valioso até hoje, emergiu há cerca de 5 mil anos como a primeira forma universal de registrar dívidas e créditos, à medida que diferentes civilizações primitivas começaram a se integrar e a fazer comércio. Mais importantemente, tais civilizações aprenderam que o ouro era escasso, uma propriedade essencial de um ativo monetário. Além disso possuía também outras propriedades que o tornavam um ótimo facilitador de consenso e que permitiam seu uso.

Devido às suas propriedades físicas e químicas, o ouro é extremamente durável. Sua maleabilidade permite que seja muito bem divisível[4]. Ademais, apesar de pesado, o ouro é razoavelmente transportável e o desenvolvimento tecnológico atingido em seus processos de exploração e purificação permitiu que fosse muito bem reconhecível e fungível. Não é à toa que o ouro persiste como um ativo monetário há milhares de anos. A despeito disso, a humanidade não desistiu do progresso tecnológico do dinheiro.

O papel-moeda utilizado atualmente foi outra etapa do progresso tecnológico do dinheiro. Ele tem suas origens na China do século 7, como um substituto para as pesadas moedas de cobre. Séculos adiante, nos Estados Unidos o dinheiro em papel era originalmente emitido por bancos comerciais nos anos 1800, os quais eram legalmente obrigados a trocá-lo por moedas de ouro ou prata. Normalmente, o uso eficiente (isto é, à valor de face) de notas de banco privados era limitado aos mercados locais atendidos pelos emissores. Com o tempo, as notas nacionais substituíram as notas privadas. O dinheiro emitido pelo banco central permitiu um controle mais eficaz contra a falsificação (maior segurança), a produção e a verificação mais baratas (maior eficiência) e um uso muito mais amplo (maior escala). O progresso tecnológico do papel-moeda é um dentre inúmeros[5] exemplos de tecnologias e sistemas evoluindo para aprimorar o sistema monetário mundial.

A distinção entre o dinheiro como uma alternativa ao escambo e o dinheiro como uma alternativa a registros frágeis e não confiáveis de dívidas e créditos é importantíssima, pois ajuda a caracterizá-lo de uma outra forma. O proeminente economista norte-americano Walter Williams conta um caso fictício a fim de exemplificar essa questão:

“Digamos que você me contrate para cortar a grama e depois me pague US $30. O que ganhei pode ser considerado como certificados de desempenho, isso é, uma prova que eu servi você. Com esses certificados de desempenho em mãos, visito uma mercearia e peço um quilo e meio de bife e um pacote de seis cervejas que meus semelhantes produziram. Com efeito, o dono da mercearia pergunta: “Williams, você está exigindo que seus semelhantes, como fazendeiros e cervejeiros, o sirvam; o que você fez para servir a seus semelhantes?” Eu digo: “Eu cortei a grama do meu semelhante”. O dono da mercearia diz: “Prove!” É quando entrego meus certificados de desempenho – os US $30.”

Ao invés de um objeto de valor por si só, fica óbvio e imediato entender o dinheiro como informação. Indo mais além, o registro de informação que o dinheiro representa é informação entendida como verdadeira pelos múltiplos agentes de uma sociedade (consenso) e por isso é útil. Dinheiro em moedas e notas é informação armazenada de forma descentralizada e distribuída, o que contribui enormemente para sua utilização em escala. Ativos que cumprem algum papel monetário evoluíram enormemente desde a invenção do dinheiro há cerca de 25 mil anos. A próxima etapa dessa evolução está em curso, com o consenso tornado possível por software.

O consenso de Nakamoto e o dinheiro digital

Para a grande maioria de nós, parece que o bitcoin surgiu misteriosamente do nada. Essa percepção equivocada a respeito de grandes progressos tecnológicos é comum. A computação pessoal nos anos 70 e a internet na década de 90 também pareciam ter sido criadas naquele momento, quando, na verdade, o oposto era verdadeiro. Como todos os avanços tecnológicos, o bitcoin foi o resultado de décadas de intensa pesquisa e desenvolvimento, realizados principalmente por pesquisadores anônimos. O bitcoin é um avanço na ciência da computação que se apóia em mais de 40 anos de pesquisa em criptografia e moedas criptográficas[6].

Ao inventar o bitcoin, seu misterioso criador, Satoshi Nakamoto, encontrou uma solução prática para um problema que havia assolado cientistas da computação por décadas. Até a invenção de Satoshi, por mais que uma rede aberta[7] de computadores fosse dominada por bons atores, era impossível que seus participantes alcançassem um consenso sobre seu estado[8] através de algum sistema de influência (por exemplo, um sistema de votação). As redes abertas são vulneráveis ​​ao que os cientistas da computação chamam de Sybil Attack. Basicamente isso significa que, em tais redes, maus atores podem distorcer seu verdadeiro estado criando uma quantidade arbitrariamente grande de participantes falsos, os quais conseguem subverter o estado da rede ao ganharem uma influência desproporcional na sua definição. A beleza da inovação de Satoshi foi exigir o comprometimento de recursos externos para poder efetivamente influenciar na definição do estado da rede. Ao trazer o conceito de Proof of Work para o bitcoin, Satoshi o tornou resistente a ataques Sybil, desde que mais da metade dos participantes fosse honesta. O feito de Satoshi Nakamoto foi marcante. Seu algoritmo de consenso, baseado em Proof of Work, é agora conhecido dentre os cientistas de computação como Consenso de Nakamoto.

O Consenso de Nakamoto viabiliza as blockchains, que são bases de dados descentralizadas em rede nas quais blocos de transações são registrados de forma praticamente imutável. Ora, se o dinheiro nada mais é senão um registro dos créditos e dívidas de cada membro de uma sociedade, com esse poderoso mecanismo de registro, Satoshi Nakamoto criou uma forma de dinheiro digital segura e descentralizada. Além disso, Satoshi também criou uma engenhosa maneira de distribuir as novas “moedas” colocadas em circulação: elas são dadas em recompensa para aqueles que validam os novos blocos de transação.  

O entendimento das engrenagens do bitcoin é longe de ser trivial[9]. No entanto, para apreciá-lo basta entender que, assim como é dificílimo e custoso produzir cédulas de US $100[10] ou barras de ouro[11], é muito difícil produzir um registro válido de transações em uma blockchain. A criação de um bloco válido, ou seja, que todos os participantes honestos da rede considerem verdadeiro, requer o comprometimento de recursos externos caros. E por ser difícil corromper os registros, participantes honestos podem chegar a um consenso sobre quais foram todas as transações já realizadas na rede, mesmo que não se conheçam e que não confiem uns nos outros.

O objetivo de Satoshi Nakamoto era criar um sistema de dinheiro eletrônico sem intermediários. Para tanto, Satoshi nos deu um meio de chegar a um consenso por maneiras que não dependem das leis naturais do universo ou do estabelecimento de intermediários centralizados, os quais frequentemente são ineficientes e tendem a ser suscetíveis à captura. Agora, é possível chegar a um consenso apenas por meio de software, com todos os benefícios que sabemos que o software oferece: abundância (custo marginal zero) e flexibilidade quase infinita.

Por serem software, o bitcoin e outras criptos trarão ao sistema monetário progressos análogos ao que temos testemunhado na internet ao longo dos últimos 20 anos. Quais outras funcionalidades poderiam ter o dinheiro e as reservas de valor se fossem programáveis? A resposta verdadeira a essa pergunta virá com o tempo, mas já temos alguns sinais da revolução.

Uma das respostas está no desenho das próprias criptomoedas. Ao contrário do ouro e do papel-moeda, ativos monetários cujas funcionalidades são limitadas pelas suas características físicas, o bitcoin é um software e pode ser desenhado como seus usuários melhor entenderem. Por exemplo, o ouro possui oferta finita[12]. No entanto, a oferta do metal precioso para uso possui um bom grau de incerteza. Ela é, fundamentalmente, afetada pela demanda pelo ativo, à medida que movimentos de preços têm a óbvia consequência de aumentar ou diminuir os recursos empregados em extrair a commodity, afetando sua oferta.

O bitcoin, por sua vez, como um bom pedaço de software, pôde ser desenvolvido exatamente como seus criadores o planejaram, com um limite intransponível de 21 milhões de bitcoins. Além disso, com o engenhoso mecanismo de ajuste de dificuldade concebido por Satoshi Nakamoto, sabemos que, qualquer que seja o preço da criptomoeda, a quantidade total já minerada é bastante previsível em qualquer momento do tempo.

Outras aplicações do dinheiro programável poderiam ser promovidas, ironicamente, por governos. Há tempos, economistas e políticos discutem sobre a dificuldade de se conduzir política monetária no ambiente de baixíssimas taxas de juros que predomina há anos nas economias desenvolvidas. Uma das soluções favorecidas por economistas tradicionais é a fixação de taxas de juros negativas. Tal medida possui entraves regulatórios e práticos, dentre os quais está a inabilidade de se cobrar juros dos que mantém o dinheiro fora dos bancos.

Para o bem ou para o mal, o dinheiro programável do futuro poderá superar esse obstáculo. Outra potencial aplicação por parte de governos, é na condução de política fiscal. O uso de dinheiro “perecível” para estimular o consumo (ao invés de engordar as poupanças) já foi testado por alguns países e, caso se prove como uma medida eficaz, certamente seria potencializado com dinheiro programável.

Engolindo o sistema monetário e além

Com o benefício de podermos olhar para trás, é bastante óbvio hoje em dia que a tão importante parte do mundo que governa como transacionamos os frutos de nossos trabalhos e como economizamos para o futuro, seria também transformada pela revolução do software. Independente de o futuro dos sistemas monetários seguirem, ou não, o bitcoin tal como existe hoje em dia, nossa visão é de que a invenção do engenhoso Consenso de Nakamoto ficará marcado na história como a quebra de paradigma que precipitou um movimento tectônico em nossa sociedade.

A revolução em curso impulsionada pelos criptoativos não irá se limitar ao sistema monetário. A própria internet, que viabilizou tanto a revolução antevista por Andressen quanto os próprios criptoativos, pode vir a ser disruptada por cripto nos próximos anos.

Mark Andreessen concluiu seu marcante editorial de 2011 afirmando categoricamente que a mudança “ampla e dramática” que ele enxergara naquele momento era uma grande oportunidade para investidores. Em suas palavras, ele sabia “onde estava colocando seu dinheiro”. O tempo provou que ele estava correto. Hoje em dia, as empresas com modelos de negócios baseados em software são predominantes entre as maiores do mercado. Dada a magnitude da revolução desencadeada pelo Consenso de Nakamoto, pode-se esperar que, do ponto de vista do investimento, os criptoativos sejam, hoje, uma oportunidade de investimento tão boa ou até melhor que as empresas de tecnologia em 2011.   


[1] Marc Andreessen merece crédito por ser um dos primeiros embaixadores do Bitcoin, como mostra outro de seus influentes e prescientes editoriais, publicado no New York Times em 2014, Por Que o Bitcoin Importa.

[2] Entendemos que, especialmente nos dias atuais, essa crença é bastante controversa em muitos círculos.

[3] O empreendedor serial e pioneiro do Bitcoin Wences Casares descreve com riqueza a história da criação do dinheiro neste curto vídeo.

[4] A alta densidade e maleabilidade do ouro dão ao metal características realmente incríveis. Com apenas 1 onça de ouro (31g) é possível produzir um fio com 50 milhas de comprimento (80 km).

[5] Inúmeros não é uma hipérbole. Outros exemplos vão do nascimento das moedas de metal na antiguidade ao surgimento, na modernidade, de fundos garantidores de depósitos à vista e dos ETFs de metais preciosos.

[6] Para os leitores mais curiosos, recomendamos muito a leitura do livro Crypto: How the Code Rebels Beat the Government Saving Privacy in the Digital Age do autor Steven Levy. O livro, escrito e publicado quase uma década antes do surgimento do Bitcoin, é um narração magnífica sobre como a criptografia que hoje torna nosso mundo digital possível foi criada por rebeldes e hackers.

[7] Uma rede de computadores aberta é uma rede com um número indefinido de participantes e que não requer autenticação (i.e. uma senha) de seus membros. A Internet é uma rede aberta.

[8] O “estado de uma” rede é um termo técnico que engloba diversos tipos de informação que são úteis quando entendidas como verdade pelos participantes honestos da mesma. Por exemplo, a reputação de vendedores e compradores em uma plataforma como eBay ou MercadoLivre é um “estado de uma rede”. Equivalentemente, a quantidade de bitcoins detidos por cada participante da rede Bitcoin é um “estado da rede”.

[9] Para os leitores tecnicamente inclinados, a aula “Blockchain Fundamentals” de Dan Boneh, professor do Departamento de Criptografia Aplicada da Universidade de Stanford, discorre com riqueza sobre os aspectos técnicos que possibilitam o Bitcoin e outras criptos.

[10] Novamente, os mais cínicos são da opinião de que governos e banqueiros centrais possuem demasiada facilidade na criação de dinheiro.

[11] Apesar das promessas dos alquimistas, o único método conhecido para se produzir ouro é uma colisão entre estrelas de nêutrons, um conhecimento relativamente novo. Até poucos anos atrás, astrofísicos e outros cientistas teorizavam que o ouro e outros metais pesados surgiam da explosão de supernovas. Qualquer que seja o real método, é justo tomar como premissa que produzir eventos cósmicos continua distante de nossas possibilidades tecnológicas.

[12] Vale mencionar que fatores antes desconsiderados como possíveis, tais como a mineração de ouro em asteroides, hoje não mais são vistos assim, e em algumas décadas, podem introduzir choques significativos na oferta do metal precioso.

* Bruno Caratori é cofundador e COO da Hashdex.

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