Por que o real enfraquece mesmo com mercado apostando na queda do dólar

Entenda por que o real vem perdendo força e o dólar voltou a subir mesmo estando em baixa histórica no mercado internacional.

Após semanas de ganhos frente ao dólar, o real voltou a se enfraquecer perante à principal moeda do mundo. A divisa americana, que chegou a fechar em R$ 5,03 no dia 10 de dezembro, voltou a subir e foi a R$ 5,23 na segunda-feira (28). Nesta terça-feira (29), o pregão abre novamente em alta.

O movimento de valorização do dólar na comparação com o real ocorre em meio a um sentimento negativo para a moeda americana no exterior. As posições vendidas em dólar já se aproximam ao recorde histórico, evidenciando, dessa maneira, uma forte aposta na queda da moeda.

Segundo aponta a Bloomberg, a quantidade de posições vendidas no mercado de futuros do ICE U.S. Dollar Index subiu a um nível visto pela última vez apenas em 2011. Na época, vale ressaltar, a economia americana ainda passava pelo pior da crise que surgiu em 2008. Além disso, o movimento vem na esteira de uma perda de 6% de valor para a moeda americana em 2020.

Já o índice DXY, que mede a força do dólar contra outras moedas fortes, atinge os 90.03 pontos. Um nível tão baixo assim foi visto pela última vez no primeiro semestre de 2018.

Contas brasileiras e operação de bancos impulsionam dólar

A situação das contas públicas é um dos principais motores para a subida recente do dólar. Analistas ouvidos pela Reuters apontam que o mercado ainda está na dúvida se o governo irá respeitar o teto de gastos em 2021. Agentes estariam receosos, por exemplo, pela falta de sinalização positiva para a agenda de reformas.

Além disso, há um componente de final de ano que ajuda a impulsionar a moeda americana. Segundo João Freitas, analista da Toro Investimentos, bancos se preparam para desfazer do overhedge, uma proteção cambial feita para enfrentar a crise. Com a virada para 2021, dessa forma, as instituições devem se livrar dessa gordura, processo que implica na compra de dólares.

Com o final de ano, a liquidez reduzida pode gerar algum movimento mais brusco nos mercados. Desde o começo de dezembro vimos o Banco Central ampliando oferta de swaps para melhorar liquidez.

Na última segunda-feira (28), o Banco Central interviu com a venda de US$ 530 milhões no mercado à vista. A ação veio após o dólar subir para o topo do mês, obrigando, assim, o BC a queimar uma parcela adicional de reservas cambiais.

Real atinge 30% de depreciação no ano

O real atingiu o patamar de 30% de depreciação em relação ao dólar em 2020. O resultado faz da moeda brasileira uma das piores em desempenho do mundo. O número, no entanto, chegou próximo de 40% em setembro.

A queda do real se deve, por exemplo, pela redução brusca na taxa de juros para 2%. Além disso, a saúde fiscal do país afugenta investidores desde o final de 2018.

Segundo o analista Jamie McGeever, da Reuters, o real teve uma quebra técnica potencialmente significativa de alta há um mês. O movimento coincidiu com uma previsão positiva de um ex-analista de grandes bancos internacionais. Na época, o dólar também havia caído abaixo da média móvel de 200 dias, chegando próximo de R$ 5. O impulso, no entanto, teria perdido força e se invertido desde então.

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