Por que as plataformas DeFi não se desenvolvem no Brasil?
Exchanges do Brasil sofrem com a crise econômica e incertezas para o futuro breve. Plataformas DeFi podem ser a solução?
O mercado de exchanges no Brasil anda passando por período de transição e consolidação. Os desafios também envolvem aumento dos custos, pois toda a infraestrutura é cotada em dólar, que está em período de alta, e por conta das incertezas do mercado provocados pela pandemia de Covid-19.
Nesta semana, duas grandes exchanges anunciaram seu encerramento: Omnitrade e Xdex, da XP Investimentos.
O Brasil teve uma pequenos avanços no mercado de criptoativos nos últimos 3 anos, desde o início do boom das criptos no Brasil em 2017. Ainda operamos da mesma forma, com quase praticamente os mesmos players. Portanto, as exchanges continuam operando da mesma forma, como se ainda estivéssemos operando em um mercado de rali eterno, mas com custos escalonantes e baixo movimento. Essa conta uma hora não vai fechar para alguns desses players.
Contudo, qual seria a melhor alternativa para os investidores brasileiros se acontecer das exchanges quebrarem ou fecharem? Voltar a operar via P2P? A resposta pode estar nas Finanças Descentralizadas (DeFi), que porém não existem no Brasil, talvez por que os investidores de criptoativos brasileiros ainda não se interessaram pelo setor ao ponto de investir em seu desenvolvimento.
Por que isso ocorre? Primeiro, o investidor nacional é majoritariamente focado no Bitcoin. Além disso, o volume de Ether transacionado no Brasil é muito baixo para sustentar plataformas de DeFi.
Uma das exchanges que mais transaciona Ether (ETH) no país, a Bitcointrade, registra somente 232 ETH de volume diário negociado, algo como R$ 156 mil. Enquanto isso, a MercadoBitcoin, que apresenta o maior volume diário no Brasil, negociou nesta quarta-feira 375 ETH, algo em torno de R$ 253 mil.
O mercado de DeFi não para de crescer no mundo todo. Na grande baixa do mercado em março, plataformas como o MakerDAO, um protocolo de empréstimo automatizado que é executado na blockchain Ethereum, perderam valores significativos. O emissor da stablecoin Dai perdeu quase US$ 4 milhões, levando a um shutdown de emergência.
A dramática queda no preço do Ether em março atingiu nível de colateralização de 150%, deixando algumas atividades de empréstimos sem suporte. Apesar disso, dados do DeFi Pulse revelam que o setor já movimenta mais de US$ 600 milhões.
Gráfico: DeFi Pulse
Hoje, as principais plataformas do setor DeFi são: Compound, bZx, Maker, Instadapp, Sinthetix e Aave. Nenhuma delas, ou mesmo nenhum player surgiu no Brasil ainda.
Entre as vantagens das plataformas DeFi, os analistas destacam custos baixos, custódia individual, facilidade de financiamentos e empréstimos, expansão do mercado e baixíssimo custo de transações.