Por que as confirmações via SMS não impedem roubos de criptomoedas

Há uns dias, Michael Terpin, fundador de um grupo de investidores em empresas de criptomoedas chamado BitAngels, teve nada menos que 24 milhões de dólares em criptoativos roubados.

O caso do Terpin chamou a atenção porque ele tascou um processo milionário contra a AT&T (a segunda maior operadora de telefonia celular dos Estados Unidos), pedindo os  US$ 24 milhões de volta e mais US$ 200 milhões a título de indenização.

Ele alega que o roubo foi causado por uma fraude dolorosamente comum no mundo da telefonia celular, chamada “SIM swap”, aqui no Brasil conhecida como “resgate de chip”: o fraudador finge ser o verdadeiro dono da linha e convence algum atendente da operadora a reassociar o número do telefone ao novo chip.

Dessa forma, o fraudador passa a receber suas mensagens SMS (recebendo as notificações e códigos de confirmação de login da sua corretora de criptomoedas ou site de banco via internet), e, tem acesso aos seus contatos do Whatsapp, e às vezes têm até a audácia de falar com seus amigos ou familiares via Whatsapp e pedir-lhes dinheiro, fazendo-os pensar que é pra você.

Vai ser interessante acompanhar o caso do Terpin – se ele ganhar, vai abrir um precedente enorme para se responsabilizar as operadoras de telefonia por todos os pecados de segurança dos usuários. Enquanto isso, você pode evitar tornar-se a próxima vítima adotando as seguintes práticas:

  • Se sua corretora confirma logins por e-mail ou SMS (além do nome e senha, é claro), pare o que estiver fazendo e vá aprender sobre o Google Authenticator (GA). Eis aqui um vídeo sobre como instalar e configurar na Binance, mas o processo é bem parecido para as demais corretoras.

Resumidamente, trata-se de um sistema que cria “senhas descartáveis”, na forma de um código numérico, que mudam uma vez por minuto. A graça da coisa é que o GA consegue calcular essas senhas sem usar a internet. Experimente: desligue  a WiFi  e o 3G/4G e veja que continua funcionando. Como não depende da internet, os fraudadores não conseguem interceptar.

Com o GA pareado com o site da sua corretora, desative qualquer coisa que tiver a ver com SMS ou e-mail. Se sua corretora não te oferecer esses recursos, troque de corretora o quanto antes.

  • Se você está poupando quantidades grandes de criptomoedas para o futuro, compre um dos vários aparelhos de “carteira em hardware”, como o Safewise, Trezor ou Ledger. Fisicamente, parecem-se com pendrives, mas na verdade são um computador totalmente separado que só roda o aplicativo de carteira. Como ele não tem Windows, nem navegador, nem e-mail, não tem quase nada que possa pegar vírus. Aprenda a usar bem o seu aparelho e guarde o “grosso” das suas criptoeconomias nele.
  • Algumas dessas “carteiras em hardware” também podem ser usadas para substituir o nome+senha para autorizar saques e no login em sites de corretoras. Ainda são poucas as que suportam esse recurso (aqui no Brasil só conheço a Omnitrade), mas você deveria seriamente considerar migrar pra elas, ou exigir da sua corretora que implemente esse recurso.
  • Se você usa um aplicativo de carteira de criptomoedas no celular, trate-o como você trata sua carteira convencional: nunca ande com muito dinheiro nela. Coloque apenas o que pretende usar em breve para pagar coisas do dia-a-dia. Quando o dinheiro nela acabar, “recarregue” a partir da sua carteira principal ou corretora – da mesma forma como você vai no caixa eletrônico do banco quando o dinheiro na sua carteira de couro acaba.
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