Popó ‘toma nocaute’ de R$ 1,2 milhão e se junta aos 2,7 milhões de investidores lesados em pirâmides de criptomoedas no Brasil

Levantamento feito pelo Fantástico aponta que as 20 maiores pirâmides movimentaram quase R$ 100 bilhões nos últimos seis anos.

Uma reportagem exibida pelo Fantástico na noite de domingo (1) revelou que cerca de 2,7 milhões de investidores foram vítimas de pirâmides financeiras brasileiras envolvendo criptomoedas nos últimos seis anos. O que representou um volume de quase R$ 100 bilhões pelas 20 principais empresas que prometiam lucros que exorbitavam o praticado no mercado. Entre essas vítimas está o ex-campeão de boxe Acelino Popó, que revelou à reportagem ter sofrido um golpe de R$ 1,2 milhão ao investir na Braiscompay.

De acordo com o levantamento, o primeiro lugar do ranking em termos de número de vítimas é a Trust Investing, que teria lesado 1,3 milhão de pessoas, no Brasil e no exterior, um total de 80 países. Em termos de volume, a liderança é da GAS com R$ 38 bilhões movimentados pela empresa de Glaidson Acácio dos Santos, o Faraó dos Bitcoins, preso desde agosto de 2021.

Falando à reportagem sobre o porquê de ter acreditado nas promessas de lucro mensal de 8% feitas por Antônio Ais, sócio da Braiscompany, Popó disse que foi “muito otário, muito besta e muito infantil” ao argumentar que não existe rendimento mensal desse percentual prometido. O boxeador confirmou que “apanhou feio” e que Antônio Ais “nocauteou” muita gente, que, segundo ele, está passando necessidade e fome.

Umas dessas pessoas entrevistas é dona Maria José Vilar, que aparece em um vídeo exibido pela reportagem junto a Antônio Ais dizendo que o marido taxista venderia o carro dele para investir na Braiscompany.

O que se transformaria em prejuízo e arrependimento quando a dona de casa parou de receber os repasses da Braiscompany, após dois anos. Isso porque dona Maria José contou que reinvestia os recebimentos, já que o sonho dela era comprar um apartamento em João Pessoa (PB), aportes que também contavam com o dinheiro dos filhos, em um total de R$ 97 mil.

A reportagem abordou a vida de luxo ostentada pelos donos das pirâmides. Entre eles Renan Bastos, da FX Wining, que teria movimentado R$ 2 bilhões. Segundo o program dominical, ele vive nos EUA e chegou a morar em um apartamento de 300 metros quadrados em Miami, locação avaliada em US$ 40 mil mensais, cerca de R$ 200 mil, enquanto Renan responde por diversas ações na Justiça, uma delas em Goiás em que os investidores pedem um ressarcimento de R$ 100 milhões.

Em relação à Trust Investing, o Fantástico conversou com Patrick Abrahão, que foi preso em outubro de 2022 e solto em setembro desse ano. Ele negou ser sócio da empresa e argumentou que é apenas um investidor. Abrahão, segundo o Ministério Público do Estado do Rio de Janeiro, teria sido alvo de uma tentativa de assassinato encomendada pelo Faraó dos Bitcoins, já que a Trust Investing era concorrente da GAS.

Além disso, Glaidson também é acusado de ser o mandante do assassinato do jovem Wesley Pessano, que era influencer e investidor de criptomoedas.

No caso da esposa de Glaidson, Mirelis Zerpa, a reportagem informou que as investigações internacionais apontam que a venezuelana, considerada foragida, comprou um avião e um carro de luxo usando nome de laranjas, além de saques de Bitcoin. Segundo o Fantástico, a PF conseguiu um novo mandado de prisão de Mirelis, já que o Superior Tribunal de Justiça (STJ) teria revogado o mandado anterior, no final de 2022.

Entre outros entrevistados, o Fantástico conversou com Luiz Henrique Soudarti, popularmente conhecido como “Ceifator”, que passa horas na internet caçando os donos das pirâmides a fim de alertar investidores e autoridades. Trabalho que ele começou depois que o melhor amigo suicidou após perder todos os recursos na GAS. Ele afirmou que não sabe como os “piramideiros” conseguem dormir depois de terem enganado tanta gente, que perderam seus sonhos com esperança de lucratividade.

Quem também discorreu sobre as pirâmides de criptomoedas no país foi o deputado federal Aureo Ribeiro (SD-RJ), presidente da CPI das Criptomoedas, que também está de olho em pirâmides de outros segmentos, como a 123milhas, que estimulou a proposta de um projeto de lei para disciplinar os programas de fidelidade das companhias aéreas, conforme noticiou o Cointelegraph Brasil.

LEIA MAIS:

Você pode gostar...