Polícia Civil de MG prende day trader que prometia lucros de 30% acusado de pirâmide financeira

Um suposto esquema de pirâmide financeira que atuava em Uberlândia (MG) foi desarticulado pela Polícia Civil no último final de semana. A Axe Trader era investigada desde 2018 e já teria movimentado R$ 27 milhões de forma ilegal, segundo os agentes.

Segundo o portal G1, a ação da polícia mirou 15 suspeitos, que foram alvo de mandados de prisão. Eles são acusados de estelionato, lavagem de dinheiro e de crimes contra relação de consumo.

O dono da empresa, Ronan Cassiano da Silva, que diz ser especialista em mercado financeiro, foi um dos nove detidos e o único com ordem de prisão preventiva. Segundo a imprensa local, ele foi encontrado pela polícia em uma chácara nos arredores da cidade ainda na sexta-feira (6).

Além das prisões, os agentes apreenderam também sete carros e buscam outros nove veículos. Um dos veículos já sob a guarda da Polícia Civil é um Ford Mustang com valor estimado em R$ 300 mil.

A operação desta segunda-feira foi chamada de Imhotep, uma referência ao homem responsável pela construção de Djoser, a primeira pirâmide do Egito.

Day trade como pretexto

Aberta em junho de 2018, a Axe Trader dizia oferecer um curso de day trade, por meio do qual prometia ganhos considerados irreais no mercado financeiro, com juros de até 30%.

De acordo com as investigações, os juros e supostos dividendos eram pagos como dinheiro aplicado pelos pagantes dos cursos.

Segundo investidores lesados, os atrasos nos pagamentos começaram em julho, com calote sacramentado em outubro.

A sede da empresa, localizada na avenida Rondon Pacheco, a principal de Uberlândia, está de portas fechadas desde o final de novembro.

Sede da Axe Trader, em Uberlândia (MG). Local está fechado desde novembro/2019
Sede da Axe Trader, em Uberlândia (MG). Local está fechado desde novembro/2019.
(Foto: Reprodução/TV Integração)

O que dizia a empresa

As investigações indicam que pelo menos 70 pessoas foram lesadas pela suposta pirâmide financeira. Já em dezembro, segundo o G1, 12 investidores denunciaram a empresa.

Á época, a empresa disse por meio do advogado Rafael Rodrigues que atravessava um período de instabilidade financeira e os pagamentos seriam realizados dentro de 120 dias.

Sobre a prisão preventiva de Cassiano nesta segunda-feira, o advogado disse ao telejornal local MG1 que era “infundada”, já que o cliente não teve oportunidade de ser ouvido pela polícia.

Crime comum

Pesquisa divulgada em dezembro passado pelo SPC Brasil e pela CNDL apontou que um em cada dez brasileiros já foi vítima de algum esquema financeiro fraudulento. As pirâmides financeiras respondem por mais da metade deles (55%).

Resistir à tentação, fugir de propostas que prometem demais e buscar informação são os principais recursos para evitar pirâmides e outras fraudes financeiras.

A suspeita deve ser ainda maior, quando são oferecidas taxas de retorno pouco usuais, muito acima das praticadas geralmente pelo mercado. Essa, inclusive, é uma das iscas favoritas das pirâmides financeiras.


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