O dinheiro físico vai acabar e as criptomoedas vão morrer com ele, diz economista

O dinheiro físico vai morrer assim como as criptomoedas e no seu lugar as CBDCs e as moedas digitais emitidas por grandes corporações de tecnologia vão dominar o mundo, diz economista

Para o economista indo-americano Eswar Prasad não só o dinheiro físico, mas também as criptomoedas como conhecemos hoje vão acabar em um prazo de dez anos. Ele apresenta essa teoria no livro “The Future of Money: How the Digital Revolution is Transforming Currencies and Finance”, publicado em 2021.

Em entrevista concedida à revista Época Negócios em fevereiro deste ano, Prasad explicou que o processo de extinção do dinheiro físico e de transformação do mercado de criptomoedas acontecerá em tempos diferentes em cada país. 

Para ele, um dos principais problemas das criptomoedas é a instabilidade, o que as coloca num lugar de “ativo financeiro meramente especulativo”. Por isso, ele acredita que as moedas digitais serão emitidas pelos bancos centrais (CBDCs) e pelas grandes corporações, como a Amazon e a Meta (ex-Facebook).

“Serão moedas digitais estáveis, com lastros oficiais, que não apresentarão os mesmos riscos das criptomoedas atuais”, afirmou à revista.

Presente mostra um futuro do dinheiro cada vez mais diversificado

No entanto, enquanto Prasad argumenta que as CBDCs vão acabar não apenas com o dinheiro físico mas também com as criptomoedas, uma recente pesquisa da Comissão Econômica para América Latina e Caribe das Nações Unidas (CEPAL), mostra que a transformação digital não terá volta e que a tendência é diferentes formas de pagamento e dinheiro digital coexistirem em uma sociedade digital cada vez mais ampla e complexa.

Segundo o levantamento, há pouco mais de três anos, 430 milhões de pessoas já estavam conectadas à Internet na América Latina e no Caribe, o que equivale a 67% da população latinoamericana.

Isso fez da América Latina a quarta região do mundo com maior concentração de usuários de Internet, depois da América do Norte (88,5%), Europa (82,5%) e dos países da Comunidade de Estados Independentes (CEI, 72,2%).

O levantamento aponta que a ultra-digitalização permeou quase todos os mercados; desde marketplaces, serviços financeiros, bancos, viagens, produtos e serviços digitais, desenvolvedores de videogames, entre outros.

De acordo com dados da Agenda Digital para a América Latina e o Caribe, cerca de 70% da população da região é usuária de Internet, e, em 2021, a penetração da Internet cresceu 2.658%. Atualmente, a penetração da internet no continente latinoamericano atingiu 75,6%: 10 pontos acima da média mundial, segundo dados da Internet World Stats.

Essa digitalização acelerada que vem ocorrendo nos últimos anos impulsionou o aumento das formas de pagamento, desde criptomoedas, PIX ou pagamentos através do celular.

No Brasil, de acordo com o Digital 2021 Global Overview Report, pouco mais da metade (50,8%) dos usuários de internet no Brasil afirmaram ter comprado online usando um dispositivo móvel no último mês, número que se aproxima da média global, que é de 55,4%.

Criptomoedas são mais que moedas

Já Orlando Telles é sócio-fundador e diretor de research da Mercurius Crypto, discorda de Prasad e aponta que as criptomoedas vão além de apenas ‘pagamentos’ ou ‘moedas criptográficas’.

“Existe a ideia da maioria dos investidores de que esta classe tem como único objetivo ser um meio de pagamento ou, no máximo, uma reserva de valor. Entretanto, essa é uma visão equivocada do mercado de criptomoedas, especialmente após o advento das plataformas de contratos inteligentes, que permitem a geração de fluxo de caixa”, disse.

Segundo aponta Telles, as blockchains consistem em plataformas que podem desenvolver um contrato automaticamente executável através de códigos, o que abre a possibilidade para a criação de diversas aplicações opara além do que se convém atribuir as criptomoedas.

“Dentro desse escopo, é importante destacar dois setores principais: o mercado DeFi, que consiste em um mercado de soluções financeiras descentralizadas, e o Metaverse, indústria de entretenimento e jogos em blockchains. Esses dois setores possuem diversos ativos com características distintas das principais criptomoedas, como o Bitcoin e Litecoin”, apontou.

Mundo não será dominado por apenas 1 forma de dinheiro

Serge Baloyan, cofundador da X10 Agency, uma das principais agências que trabalham com projetos web3 e cripto, destaca que o mundo não será dominado por apenas 1 forma de dinheiro. No entanto, em algum momento o papel moeda será totalmente eliminado do mercado.

“Acho que os dois tipos de moedas digitais existirão: cripto e CBDC. Nos últimos dois anos, entendemos que a criptomoeda não é apenas uma tendência temporária, ela permanecerá com a humanidade mesmo sob restrições, crise financeira e outros possíveis problemas. Ao mesmo tempo, os CBDCs são o tópico em que muitos grandes governos estão trabalhando no momento”, apontou.

Desta forma, a questão do futuro será quais governos permitirão que CBDCs e criptomoedas coexistam e quais restringirão as criptomoedas.

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