Banco Central manda imprimir mais de R$ 437 milhões por falta de notas – e se o real fosse digital?

Pandemia de coronavírus escancara problemas do dinheiro físico e impõe questão fundamental: como seria se o real fosse uma moeda digital?

A pandemia de coronavírus trouxe uma série de demandas urgentes para que o governo brasileiro – federal, estadual e municipal – resolver para fazer chegar aos brasileiros os auxílios sociais diante dos riscos econômicos e sanitários da pandemia.

Um dos problemas evidentes desde o começo foi a rápida necessidade de digitalização e agilidade nos processos, já que a epidemia chegou ao país em março e em poucas semanas se espalhou pelo país, exigindo o isolamento social como medida primordial para evitar centenas de milhares de mortos.

Outro problema agora fica evidente: o Banco Central do Brasil pediu ao Conselho Monetário Nacional a emissão de quase R$ 438 milhões em cédulas físicas de real, para que o pagamento de auxílio emergencial possa ser pago em todo o país.

O documendo, segundo a agência de notícias Reuters, nem Banco Central nem Banco Do Brasil têm dinheiro físico o suficiente para chegar aos R$ 389 bilhões que devem circular pelo país até agosto, supostamente o último mês do benefício.

O Bacen fala no documento da necessidade da “criação de um estoque estratégico” para lidar com emergências, como é o caso.

O secretário do Orçamento Federal George Soares diz no texto:

“O Banco Central a partir de maio teve uma revisão do seu cenário e está solicitando ao Conselho Monetário um volume maior de emissão, que chegaria a mais de R$ 100 bilhões de emissão”

A previsão já foi elevada para R$ 101,6 bilhões, com a extensão do programa por mais dois meses, com o auxílio chegando a R$ 254,4 em cinco meses.

E se o real fosse digital?

Toda a dificuldade de fazer circular bilhões de reais – e mais: conseguir com que esse dinheiro chegue na ponta final do auxílio emergencial – traz à discussão a pergunta: e se o real fosse uma moeda digital?

O próprio presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, já admitiu que a inovação tecnológica foi acelerada pela pandemia, com os sistemas PIX e open banking no centro da pauta, e a ideia de uma CBDC brasileira também no centro do debate.

É verdade também que a necessidade do auxílio emergencial – ao qual o governo Bolsonaro se opunha no início da crise – também levou a Caixa e  o governo a traçarem o perfil de milhões de brasileiros que estavam à margem do cadastro federal de trabalhadores.

O benefício também sofreu com descaminhos por cidadãos que não têm direito ao benefício, entre eles milhares de militares, empresários e jovens com alto poder aquisitivo. Enquanto isso, milhões de brasileiros que têm direito ao benefício sofreram para receber o dinheiro, com muitos ainda por receber.

No caso de uma moeda digital apoiada em blockchain, a auditabilidade, a transparência e a rapidez para o dinheiro chegar às mãos dos brasileiros certamente seria muito maior. Mas em um país com enorme carência de infraestrutura, o dinheiro chegaria às regiões mais remotas? A experiência do bolsa-família poderia ajudar a trilhar este caminho.

Por enquanto, ficaremos com o problema do presente: a necessidade de bilhões de reais em notas que em poucos anos devem ficar obsoletas, já que a vida financeira da maioria do país deve adotar cada vez mais os caminhos digitais – e com grande estímulo do Banco Central.

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