CEO da Pantera Capital diz que mercado cripto continuará a crescer apesar da turbulência econômica

Dan Morehead previu que o desempenho do mercado de criptomoedas se baseia em seus próprios fundamentos, assim como a Amazon e a Apple.

O cenário macroeconômico pode parecer terrível no momento, mas é improvável que afete o desenvolvimento da indústria de criptomoedas, de acordo com o CEO da Pantera Capital, Dan Morehead. Em entrevista à Real Vision na quinta-feira, 22, o capitalista de risco disse que acredita que a tecnologia blockchain funcionará com base em seus próprios fundamentos, independentemente das condições indicadas pelas métricas de risco tradicionais:

“Como qualquer tecnologia disruptiva, como as ações da Apple ou da Amazon, há curtos períodos de tempo em que o mercado está correlacionado com o S&P 500 ou qualquer outra métrica de risco que você queira usar. Mas nos últimos 20 anos, elas vêm seguindo seu própiro caminho. E é isso que eu acho que vai acontecer com a tecnologia blockchain nos próximos dez anos ou o que quer que seja. Ele vai seguir seu caminho com base em seus próprios fundamentos.” 

Durante o primeiro semestre deste ano, a Pantera Capital levantou cerca de US$ 1,3 bilhão para seu fundo de blockchain, com ênfase especial em projetos de escalabilidade, DeFi e jogos. “Estamos muito focados em DeFi nos últimos anos, pois o ecossistema está construindo um sistema financeiro paralelo. Os jogos estão ficando online agora e temos algumas centenas de milhões de pessoas usando blockchains. Há muitos projetos de jogos muito legais, e ainda existem muitas oportunidades no setor de escalabilidade”, acrescentou.

No entanto, o otimismo de longo prazo contrasta com a queda real da afluência de capital de risco no setor. Agosto registrou o quarto declínio mensal consecutivo, chegando a US$ 1,36 bilhão, de acordo com dados da Cointelegraph Research. As entradas tiveram uma queda de 31,3% em relação aos US$ 1,98 bilhão de julho, com 101 negócios fechados em agosto, com um investimento médio de capital de US$ 14,3 milhões – uma queda de 10,1% em relação a julho.

Esperava-se que o inverno cripto estimulasse a consolidação do setor, mas números recentes da Crunchbase revelaram que apenas quatro acordos com empresas de criptomoedas apoiados por VCs foram concluídos nos EUA neste trimestre – um revés significativo em relação às 16 transações do primeiro trimestre do ano .

Sandeep Nailwal, sócio-gerente da Symbolic Capital, explicou que o mercado de baixa afastou até grandes players do setor:

“Todo mundo esperava que as fusões e aquisições decolassem no espaço cripto à medida que entrávamos no recente mercado de baixa, mas ainda não vimos isso acontecer. Acho que a principal razão para isso é que a desaceleração atingiu o setor tão rápido e tão intensamente que mesmo as grandes empresas preparadas para realizar aquisições agressivas ficaram tão chocadas com o crash que tiveram que se certificar de que seus próprios balanços estavam em ordem antes de procurar oportunidades de crescimento em outro lugar.”

A exchange de criptomoedas FTX não parece ter sido afetada por esse problema. A empresa teria se envolvido em negociações com investidores para levantar US$ 1 bilhão para financiar aquisições adicionais durante o atual mercado de baixa.

“Temos visto as avaliações caírem das máximas pré-verão e você conclui que há muitas oportunidades por aí, especialmente no espaço CeFi. As avaliações baixas de diversas empresas nos fazem pensar que tudo está à venda agora. A FTX certamente sentiu isso e foi extremamente prudente para aproveitar essas condições de mercado para impulsionar seu crescimento”, disse Nailwal.

O braço de investimentos da FTX anunciou no início deste mês que adquiriu uma participação de 30% na empresa de gestão de ativos SkyBridge Capital por um valor não divulgado, e a plataforma canadense de criptomoedas Bitvo foi comprada pela FTX em junho.

No sentido oposto, a empresa de comércio eletrônico Bolt suspendeu os planos de adquirir a Wyre, uma empresa de infraestrutura de criptomoedas e pagamentos, depois do anúncio de um acordo de US$ 1,5 bilhão em abril. Semanas antes, a empresa de investimentos em criptomoedas Galaxy Digital desistiu da aquisição do custodiante de ativos digitais BitGo, citando uma quebra de contrato.

A BitGo entrou com uma ação legal contra a Glaxy Digital por voltar atrás em seus planos de aquisição, pedindo mais de US$ 100 milhões em danos e acusando a Galaxy de “repúdio impróprio” e “violação intencional” do contrato de aquisição.

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