Palestinos estão usando o Bitcoin para contornar dificuldades econômicas

Moedas digitais como o Bitcoin têm representado uma alternativa para nações que enfrentam desafios econômicos, como a Venezuela e o Irã. Nesse contexto, a mais famosa das criptomoedas se tornou uma tábua de salvação para outra população: a palestina.

(Foto: Pixabay)

Antes de mais nada, é importante destacar que os território ocupados por este povo não possui uma moeda nacional e, por tanto, ele recorre às moedas estrangeiras no seu dia a dia.

Então, diferente dos problemas enfrentados pelas nações supracitadas – que estão diante de uma hiperinflação devastadora e das sanções impostas pelos EUA – a incursão do Bitcoin no cotidiano da população palestina segue outras motivações: a resistência à censura.

Isso porque qualquer um pode conduzir uma negociação P2P com Bitcoin. E, uma vez que a transação é paga, ela não pode ser vetada por um intermediário.

O que parece resolver um problema real para uma população com acesso restrito à economia global, em meio ao atual conflito com Israel – já que foram registrados até casos de apoiadores do ocidente que tiveram suas contas bancarias fechadas, por enviar dinheiro para os palestinos.

“Não há um portal de pagamentos, como o PayPal, para que empresários recebam fundos internacionais”, comentou Laith Kassis, CEO da ONG Palestine Techno Park, ao CoinDesk. “Então surge a solução blockchain com seus nós privados”.

Mas há controvérsias…

Embora o envio ou recebimento de Bitcoin não seja um atrito, a falta de trabalho conjunto com os bancos locais surge como empecilho para a população. O que os leva a recorrer e confiar nos revendedores que atuam como portais de liquidez.

É por esse motivo que o especialistas na tecnologia, Saifdean Ammous, autor de “The Bitcoin Standard”, se mostra céticos quanto a quaisquer alegações de que a criptomoedas atualmente ofereça uma solução para as dificuldades econômicas de sua pátria.

“Se a pessoa que quer fazer uma transação não tiver ambos os saldos em Bitcoin, então você está apenas adicionando camada extra de conversão de sua moeda local para Bitcoin e de volta para moeda local”, comentou Ammous, que é professor de economia da Universidade Americana Libanesa. “Isso nunca será uma solução sustentável”.

O estudioso ainda argumenta que as comunidades palestinas giram em torno de redes de confiança locais e em ativos físicos, como o dinheiro, porque o alto índice de desemprego e pobreza criam necessidades diárias urgentes.

De acordo com o Banco Mundial, 21% dos palestinos vivem abaixo da linha da pobreza, com menos de US$ 5,50 dólares por dia.

Nesse contexto, os ativos voláteis e de alta liquidez são predominantemente úteis para transações transfronteiriças, mas não cotidianas, defende o professor.

Nacionalismo cripto

Por outro lado, os otimistas da indústria de criptomoedas, como Kassis, adota uma abordagem diferente da proposta por Ammous.

A empresa Techno Park, de Kassis, realizou seu primeiro acampamento de blockchainno início de setembro, com 29 participantes. Contando com estudantes, empresários e funcionários do governo.

No final do treinamento técnico, que durou cinco dias, vários desenvolvedores estavam trabalhando em novos aplicativos.

“Todo o caráter dos registros descentralizados joga com a necessidade da comunidade [palestina] de conversar em pares, o que permitirá que empreendedores palestinos façam negócios internacionais”, comentou Kassis, acrescentando:

“Eu acho que a blockchain e a finthech tem um enorme potencial para mudar a dinâmica da nossa economia e resolver muitos problemas financeiros [por] alavancar a descentralização da rede”.

Kassis deposita suas esperanças na geração mais jovem que, para ele, “tem mais conhecimento sobre o ecossistema cripto do que os departamentos de TI dos bancos”.

E mesmo que seja muito cedo para que o Bitcoin faça a diferença agora, Ammous disse acreditar que, a longo prazo, a tecnologia tem grande potencial para desencadear mudanças na sociedade.

Para ele, os governos foram capazes de financiar ideia destrutivas, como as guerras, precisamente por causa da capacidade de emitir títulos sem lastro via bancos centrais.

“A chave é que quanto mais cresce, mais privará os governos da capacidade de imprimir mais dinheiro”, disse Ammous, concluindo:

“Acho que, a longo prazo, isso será muito bom em todos os lugares do mundo, principalmente em lugares como o Oriente Médio”.

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