Empresa que afirma atuar com energia solar cancela pagamentos
Aos poucos, as supostas pirâmides financeiras que usam energia solar como isca começam a desmoronar no Brasil.
Primeiro foi a Econ Global, que prometia lucros de 30% ao mês, e agora é a vez da Original Energy, identificada pela CVM (Comissão de Valores Mobiliários) como um negócio com “fortes indícios de ser um esquema fraudulento”.
Em um vídeo publicado no Youtube, o CEO da empresa, Rodrigo Mesquita, anunciou que a empresa suspenderá os pagamentos por cerca de 60 dias.
A paralisação temporária ocorreu, disse ele, porque a empresa foi vítima de uma suposta fraude. Além disso, o negócio teria sido afetado pela pandemia do coronavírus.
“Nossa empresa sofreu fraude séria ligada a compras feitas com cartões de credito e cartões clonados. Como consequência dessas fraudes graves, os bancos parceiros ainda bloquearam nossas contas, impossibilitando qualquer tipo de movimentação financeira. Como se não bastante, as operadoras de cartão também bloquearam nossas transações e nosso saldo”, falou Mesquita no vídeo.
Vale lembrar que desculpa semelhante foi usada por outras dezenas de supostas pirâmides, como Binary Bit, Midas Trend e Wolf Trade Club.
Original Energy oferece 16% de lucro ao mês
A Original foi fundada em 2018 na cidade de Petrolina (PE). O foco do negócio, que afirma ter usinas em três estados, é a locação de equipamentos fotovoltaicos. Cada um custa R$ 900.
Para quem aluga um equipamento, a empresa promete 16% de lucro ao mês, em contrato de um ano. O rendimento é superior ao normalmente oferecido no mercado de renda variável.
No começo deste ano, a empresa afirmou que reduziu o pagamento mensal de 16% para 3,2%, pois o negócio teria sido impactado pelo coronavírus.
CVM aponta indícios de fraude
Conforme revelei no UOL, a CVM informou que a Original Energy tem “fortes indícios de ser um esquema fraudulento, do tipo que poderia ser classificado como pirâmide financeira”.
O negócio é suspeito, segundo autarquia, porque oferece rendimentos fixos exagerados, não fornece informações claras sobre a forma de rendimentos e ainda paga bônus para pessoas que indicam novos membros.
A CVM sugeriu ao Ministério Público a abertura de uma ação civil pública para investigar o caso. É o MP o órgão responsável por analisar possíveis crimes contra a economia popular.
Clientes reclamam em plataformas e redes sociais
Por causa dos atrasos, a empresa já começou a receber reclamações na plataforma Reclame Aqui, no Facebook e em grupos do negócio no Telegram.
“A Original Energy está com uma operação [Editado pelo Reclame Aqui] que está lesando todos os investidores da empresa. A empresa não está fazendo os pagamentos previstos em contrato, estão atrasando e deixando de pagar os aluguéis (…).Esse fato está gerando um desgaste tremendo com o pessoal da empresa que não cumprem com o acordado no contrato e ignoram todos as solicitações”, escreveu um deles.
“Fiz uma compra de 5 módulos pela empresa, meus familiares fizeram a compra de 4. Ambos não recebemos o dinheiro referente ao mês de abril e vimos outras pessoas que receberam o valor, e ainda o dono da empresa anuncia em um vídeo no youtube, dizendo que pagaram todos do mês de abril, pura mentira. Até agora, eu e meus familiares não obtivemos o dinheiro. Vou entrar em um processo contra a empresa”, escreveu outro cliente lesado.
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