O que precisa acontecer para o Bitcoin se blindar do crash global

O Bitcoin caiu 34% em apenas cinco dias, chegando a testar os US$ 5.600, nível mais baixo em 10 meses. Até mesmo o ouro, que havia atingido sua máxima histórica de US$ 1.700 na semana passada, em alta de 12% no ano, entregou metade dos ganhos, e nesta quinta-feira (12) é negociado na faixa de US$ 1.600.

Não sabemos se esta venda generalizada é
um estágio inicial, onde os investidores buscam posições líquidas em espécie ou
na conta-corrente, buscando avaliar os impactos e potenciais novas medidas
restritivas. A alta do ouro e demais ativos de proteção poderia ocorrer num
segundo momento, por isso é cedo para tirar conclusões.

Bitcoin como reserva de valor

Não podemos assumir que o Bitcoin é
atualmente considerado um ativo de proteção, independente da queda recente.
Esta é a primeira grande crise que a moeda está enfrentando, e de qualquer
maneira, a julgar pelos movimentos das bolsas de ações e reações dos governos
ao Coronavírus, trata-se de algo sem precedente nas últimas décadas.

Indicador de “saúde” do Bitcoin

As estimativas de custo de mineração são
muito imprecisas, pois deve-se levar em conta o preço pago pelo equipamento,
energia elétrica e impostos. Uma queda no hashrate,
o poder de mineração, seria definitivamente preocupante. Perceba que ainda
estamos num patamar próximo da máxima histórica, o que é bastante saudável:

Hashrate do Bitcoin (BTC) – Fonte: blockchain.com

Principais catalizadores para uma alta do Bitcoin

Halving: o corte na produção de novos Bitcoins, marcado pra acontecer dentro de menos de dois meses, fará com que sua inflação equivalente torne-se menor que a do próprio ouro;

Quebra de bancos e financeiras: um eventual cenário similar ao de 2008 traria desconfiança dos investidores no sistema financeiro tradicional;

Resiliência: sustentando algo acima de USD 5.000, o Bitcoin terá caído menos de 50% em seis meses, muito acima dos USD 3.200 em dezembro de 2018. Lembre-se que estamos falando de uma crise global sem precedentes;

Ruptura do SWIFT e BIS: atualmente existe uma estrutura que interliga o sistema financeiro dos diversos países. Havendo algum tipo de conflito mais sério, há um risco deste método de liquidação falhar;

Quebra de confiança no ouro: apesar de funcionar como Reserva de Valor há centenas de anos, a maior parte do ouro hoje depende de custodiantes, responsáveis por seu armazenamento. Se esta cadeia for interrompida, o reflexo no preço do metal poderá ser catastrófico.


Sobre o autor

José Artur Ribeiro é CEO na Coinext. Economista formado pela Università di Roma (Itália) e investidor em criptomoedas desde 2014. Possui mais de 15 anos de experiência em cargos de liderança. Foi CFO da Hexagon Mining e CFO da Vodafone Brasil. Trabalhou também em multinacionais como Airbus Industries (França) e PricewaterhouseCoopers (Itália e Brasil).

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