‘O que nos levou a este mercado é acreditar que os criptoativos serão muito grandes’, diz Alexandre Vasarhelyi da BLP Asset

Ao Cointelegraph Brasil, o sócio da BLP conta como os gestores do fundo passaram a se interessar por criptoativos, fala sobre perspectivas de mercado, protocolos promissores e previsões exorbitantes para o preço do Bitcoin.

Um dos sócios da BLP Asset, Alexandre Vahasarhelyi, concedeu entrevista ao Cointelegraph Brasil e disse que o que levou a gestora ao mercado de criptomoedas a “é acreditar que os criptoativos ainda serão muito grandes”.

Vahasarhelyi é sócio de Axel Blikstad e Glauco Cavalcanti na BLP Asset e seu braço de criptomoedas, a BLP Crypto. Os três sócios e gestores do fundo são ex-executivos de bancos tradicionais, mas estudaram o mercado de criptomoedas e resolveram abrir o fundo, o primeiro a receber aprovação da Comissão de Valores Mobiliários para operar no Brasil.

Ao Cointelegraph Brasil, o sócio da BLP conta como os gestores passaram a se interessar por criptoativos, fala sobre perspectivas de mercado, protocolos promissores e previsões exorbitantes para o preço do Bitcoin. Confira a seguir:

Cointelegraph Brasil (CT) – Como a BLP Asset decidiu que iria abrir um produto como um fundo de criptomoedas?

Alexandre Vahasarhelyi (AV) – Os três gestores passaram pelo mercado financeiro tradicional. A gente não trabalhava juntos, a gente simplesmente era amigo e surgiu o interesse de nos reunirmos e abrir um fundo. O Glauco tinha a BLP Asset que fazia produtos alternativos, então tinha fundos de precatórios, fundos de crédito não performado. E tendo a gestora tudo fica bem mais fácil. Em meados de 2017 a gente resolveu abrir o fundo e o Glauco começou a se mexer para isso, na época demorou muito tempo, porque na época era tudo ainda muito incipiente, foi difícil colocar o produto de pé. E no fim lançamos o fundo em primeiro de janeiro de 2018. No início a gente lançou o fundo para o investidor profissional, era o que a gente achava possível na época. Em outubro, com algumas classificações da CVM, a gente lançou o fundo para o varejo, então aí um já tem dois anos e um mês e o outro um ano e meio.

CT – Como foi o desempenho  do fundo nestes primeiros anos?

AV – O ano de 2018 foi muito difícil para todos os fundos, a nossa proposta é seguir o mercado, então está sempre comprado, porquê a gente acredita muito na tese de investimento. No ano passado melhorou bastante e 2020 começa com gás total. A gente tava aqui soltando a cota do fundo profissional e deu 40% em um mês, então estamos bem otimistas com o que está acontecendo para 2020.

CT – Além das oscilações do mercado, em 2019 o mercado brasileiro sofreu com uma série de pirâmides de Bitcoin e com a derrocada de empresas grandes como a Atlas Quantum e o Grupo Bitcoin Banco. Como isso afeta o mercado de vocês?

AV – Acho que o cliente brasileiro foi muito mal tratado no ano passado. Os números que a gente ouve na mídia no que eles chamam de pirâmide ou marketing multinível é muito grande. Como nosso veículo de investimento é no exterior e até pela legislação a gente não pode negociar com as corretoras do Brasil, a gente não acompanha muito o dia a dia do investidor brasileiro, porque a gente só faz o investimento lá fora. Do nosso lado, do investidor estrangeiro, não chega esse tipo de problema, mas obviamente em algum momento o nosso cliente pode ficar incomodado ou ficar com dificuldade de diferenciar. Mas como nosso produto é regulado pela CVM, com um carimbo forte do regulador, a longo prazo é muito bom para dar este tipo de resposta, pois o regulador avaliou o seu produto e viu que é um produto sério.

CT – A ideia do fundo é investir em uma cesta de criptoativos. Como ele funciona na prática?

AV – A proposta é justamente essa, 80% dos ativos ficam com os 10 maiores protocolos e 20% a gente tem liberdade para fazer a compra de outros protocolos e incluisive entrar em ICOs, em dois anos a gente entrou apenas em um. A gente é bastante seletivo, mas a gente entende que a vantagem de ter um veículo de investimento é você poder investir em uma ICO logo no começo, quando você tem um ticket maior, a empresa se interessa em ter você como cliente logo no início.

CT – Quais criptoativos para além do Top 10 você considera interessantes?

AV – Acho que tem duas questões. A gente tem algumas histórias que nos interessam bastante, como as DeFi [finanças descentralizadas], que pra gente faz muito sentido, até porque é a nossa área de conhecimento. Então você tomar um empréstimo colateralizado, é uma coisa que a gente acha muito legal. Entre dentro deste grupo de ativos, a gente gosta do Maker, por exemplo. Então a gente separa em três grandes grupos, que são moedas, então, Litecoin, Bitcoin Cash, até Monero, o segundo grupo é sistema operacional, que tem Cardano, Ethereum, EOS, que é uma coisa que a gente olha muito, e o terceiro aplicativos, que entra muita coisa mas ainda muito pequeno. O Maker a gente olha como um dApp, porque ele roda no Ethereum e tem uma função específica. Então ter um três ou quatro na carteira, e não que a gente ache que vá ser gigante, mas é importante ter para acompanhar o desenvolvimento do mercado. Mesmo que hoje não tenha nenhum dApp grande, não tem o “killer app”, é importante estar lá em algum momento.

CT – Que tipo de perspectivas você enxerga para o mercado em 2020, com a chegada do halving e toda a expectativa de alta em torno dele?

AV – A gente, por mandado, fica sempre comprado, então a gente não fica muito preocupado se vai subir ou se vai cair, porquê a gente não mexe na exposição. O que nos levou a este espaço é acreditar que os criptoativos ainda vão ser muito grandes e não dá pra dizer que os criptoativos ser grandes sem que o Bitcoin seja grande, porquê ele é o carro-chefe. Então a narrativa do halving no passado foi muito importante e a gente acha que vai ser a mesma coisa. 

CT – Muitos analistas têm feito previsões extremamente otimistas, dizendo que o Bitcoin poderia chegar a R$ 100.000 ainda neste ano. Estas previsões são confiáveis?

AV – A gente é mais matemático. Então, a gente acha que um ativo que tem 80% de volatilidade todo mundo vai estar certo e todo mundo vai estar errado ao mesmo tempo, porquê volatilidade quer dizer incerteza. Então se já é difícil prever o comportamento de uma ação, a dificuldade com um criptoativo é muito maior. Então a gente não encara nenhuma previsão com seriedade no curto prazo, mas a gente acha que no longo prazo tem muito espaço para crescimento. O que a gente vê é muita oscilação, mas uma coisa importante que a gente sempre lembra é que em 11 anos do Bitcoin 10 vezes a gente teve a mínima anual maior do que no ano anterior. Só teve um ano que a mínima foi menor que a do ano anterior, isso, quando você tira o ruído, pega o pior momento do ano, e você mostra uma tendência.

Você pode gostar...