O que é uma Shitcoin?

Conforme os anos passaram e o Bitcoin começou a se estabelecer, várias outras criptomoedas foram criadas, algumas por desenvolvedores curiosos com essa nova tecnologia, outras buscando solucionar problemas, e tantas outras por motivos monetários (para não dizer golpe).

Shitcoin é um termo pejorativo usado para descrever uma criptomoeda que se tornou inútil. É uma criptomoeda sem propósito, valor ou futuro, uma shitcoin pode perder valor porque o projeto prévio não se concretizou ou porque a moeda em si não foi criada de boa fé.

Moedas que trouxeram mudanças

Namecoin (NMC) foi a primeira altcoin do mundo, ou, em outras palavras, a primeira criptomoeda alternativa ao Bitcoin, seu objetivo era modificar o Sistema de Nome de Domínio (DNS, em inglês) para uma forma descentralizada.

Litecoin (LTC), também conhecida como a Prata das criptomoedas por ficar por muito tempo na segunda posição por capitalização de mercado, uma de suas principais características era o uso de um novo algoritmo chamado Scrypt, ao contrário do Bitcoin que usa SHA-256, além disso a moeda conta com um tempo de bloco 4 vezes menor e um suprimento 4 vezes maior. Ainda viva, é um plano B bem sólido, caso algo dê errado com o Bitcoin.

PeerCoin (PPC), lançada em 2012, trouxe um novo modelo de consenso, o Proof of Stake (PoS), permitindo que um novo leque de possibilidades fosse aberto neste mercado.

Ethereum (ETH), provavelmente a segunda criptomoeda mais conhecida, nos trouxe os contratos inteligentes que geraram o boom das ICOs em 2017, trazendo novas pessoas e opções para o setor blockchain.

Monero (XMR) trouxe uma nova camada de anonimato para o jogo, alguns dizem que é a primeira moeda fungível existente, já que o fato de não ser possível rastreá-la torna 1 XMR igual a qualquer outro 1 XMR pois não há como saber se tal 1 XMR é oriundo de um crime ou de um trabalho honesto por exemplo.

Binance Coin (BNB) começou como um token cuja utilidade seria de prover descontos nas taxas de transações da exchange Binance, após um tempo o token começou a ser utilizado em IEOs (Initial Exchange Offering, parecido com uma ICO) e por fim a Binance criou sua própria blockchain para resolver problemas de escalabilidade, criar uma exchange descentralizada e para hospedar tokens, tudo isso usando o BNB como moeda nativa. O sucesso foi tão grande que muitas exchanges copiaram o modelo deste token.

Shitcoins

Muitas morreram, outras tantas ainda são negociadas, vamos fazer uma lista dos principais motivos e mostrar exemplos.

Moedas pré-mineradas: Os desenvolvedores estão querendo dinheiro fácil.
Desenvolvedores anônimos: Pode ser a trigésima moeda do mesmo desenvolvedor que só quer dinheiro fácil.
Grande alocação de tokens para a equipe: Os desenvolvedores estão querendo dinheiro fácil.
Qualquer token/moeda que o BTC possa ser usado no lugar: A equipe está querendo dinheiro fácil.
Moedas que não buscam uma solução: Os desenvolvedores estão querendo dinheiro fácil.
Forks: Grandes holders estão querendo dinheiro fácil.
Poucas atualizações em seu código: Provavelmente a moeda foi abandonada.

A Dogecoin começou como uma piada, um meme de um cachorro, e logo caiu nas graças da comunidade que muito a usa para mover fundos já que a moeda é facilmente encontrada em exchanges e suas taxas de transação são ínfimas, além disso a comunidade fez uma vaquinha para patrocinar um carro da Nascar em 2014.

Carro da Nascar patrocinado pela Dogecoin

Os problemas com a Doge são fáceis de identificar, ela surgiu como uma piada e não como uma solução, basta uma olhada em seu repositório no Github para ver que ninguém atualiza o seu código, ao contrário de outras moedas que tem bastante atividade. Além disso seu supply, além de ser um dos maiores em circulação, é ilimitado, o que a torna uma moeda inflacionária, talvez o Ciro goste.

Bitcoin Cash, o BCH surgiu após uma antiga briga sobre o tamanho do bloco do Bitcoin, a proposta era aumentar o bloco para caber mais transações todavia essa solução não seria suficiente para resolver o problema da escalabilidade na rede Bitcoin. Até ai tudo bem, forks existem para isso, todavia o BCH sempre tentou se firmar como o verdadeiro Bitcoin, principalmente através do site Bitcoin.com, controlado por Roger Ver. Após o BCH ter gerado bilhões de dólares com este fork, vários outros projetos fizeram o mesmo, o último e mais conhecido foi o Bitcoin SV.

Um fork diferente foi o do Ethereum e Ethereum Classic, onde o ETC foi criado após um erro num código da DAO, e passou a ser a blockchain onde “o código é a lei”, todavia o ETC possui poucos projetos em sua rede em comparação com o ETH, sem falar no talento dos desenvolvedores, então apesar da sua justificativa, talvez possamos chamá-la de shitcoin, já que ninguém usa.

Outro ponto importante a ser analisado é a pré-mineração, ou seja, os desenvolvedores da moeda reservam uma parte do supply para si antes da moeda ser lançada no mercado, Ethereum é um bom exemplo disso, 12 milhões de ETH foram pré-minerados para os desenvolvedores, 60 milhões para o crowdfunding… Fizeram história: foi a primeira moeda com pré-mineração aceita pela comunidade. Isto faz dela uma shitcoin? Vale a discussão.

A Ripple (XRP) é um exemplo mais pesado, dos 100 bilhões de tokens criados, 20 bilhões foram para os desenvolvedores e 80% para a Corporação, um belo exemplo de centralização. Já o Bitcoin por exemplo, nasceu com uma corrida justa, apesar de não valer nada na época.

Desenvolvedores anônimos é outro ponto a ser destacado, quantas shitcoins esse desenvolvedor já criou para faturar uma grana? Não sabemos, por isso é importante saber quem é a equipe. Note que na data de criação do Bitcoin não havia nenhum fator monetário que necessitasse a exposição da face de Satoshi, incluindo pré-mineração.

Com a facilidade da criação de uma ICO/token, também surgiram os shittokens, qualquer pessoa poderia tentar arrecadar milhões com apenas um whitepaper e em 2017 foi exatamente isso que aconteceu, a maioria dos tokens era utilitário, ou seja, não davam direito a nada na empresa, os donos torravam o dinheiro arrecadado como bem queriam e não eram nada transparantes com os holders.

Além disso, muitos projetos além do dinheiro arrecadado também abocanham uma boa parte dos tokens, um belo exemplo é o BitTorrent (BTT) que vendeu publicamente apenas 6% de seus tokens! 2% foram para venda privada (amigos dos desenvolvedores), 9% para venda semente (amigos dos desenvolvedores), 10,1% para airdrops para holders de TRX (para inflar o preço do TRX), 10% airdrop para o BitTorrent, 19% para a equipe/Fundação, 20% para a Fundação da TRX, 19,9% para o ecossistema e 4% para parceirias. No mínimo uma piada, sem falar que o token serve para… Comprar pirataria… Um tanto inútil.

Caso você ache o BTT útil, compare-o ao projeto BitCache de Kim Dotcom que também trabalharia com micro-transações para pagar por arquivos, a diferença é que Dotcom usaria BTC em seu projeto, ou seja, não há a necessidade de um novo token para isso, ainda mais com tanta alocação para os desenvolvedores.

Outro exemplo de shittoken é o Dent, que simplesmente não queimou os tokens restantes da ICO, 10% dos tokens foram vendidos e 90% ficaram para a equipe. O que fizeram com estes tokens? Provavelmente compraram a listagem na Binance por 5 milhões de dólares (usando os tokens) e continuam a despejar o resto no mercado, basicamente imprimindo dinheiro e gerando inflação.

Note que shitcoins podem ganhar mais valor do que moedas boas e que moedas boas também morrem… e dão lugar a outras melhores. Por fim, este artigo não é um investimento financeiro, e sim uma tentativa de amadurecimento de um setor que começou com um grupo de cypherpunks e se expandiu até chegar à ganancia pura onde só os lucros importam. Procure utilizar criptomoedas e tokens cujos valores não são apenas monetários!

Saiba mais em O que é uma Shitcoin?

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