O impacto de celebridades no espaço cripto
De gigantes da indústria de criptomoedas a endossos de celebridades, “o cripto mainstream” é mais relevante do que nunca, à medida que pessoas de fora se juntam a este ecossistema descentralizado.
As criptomoedas e a utilidade das soluções baseadas em blockchain não são mais algo somente para os interessados na interseção de tecnologia e finanças.
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Essa tecnologia entrou na vida de uma parcela crescente da população. De acordo com uma análise de mercado da MorningStar, em 2021 o valor de todo o mercado de criptomoedas disparou, passando de US$ 965 bilhões para quase US$ 2,6 trilhões, com uma capitalização total em torno de US$ 2,1 trilhões.
Esses números indicam uma coisa: adoção em massa. Ou pelo menos uma tendência na direção de uma adoção em massa. Certamente outra indicação disso são as manchetes relacionadas as criptomoedas nas notícias globais da cultura pop. Agora, grandes celebridades e marcas icônicas possuem e investem em ativos digitais, avatares de metaversos ou algum tipo de integração de blockchain com produtos.
Até mesmo grandes marcas e empresas deste setor se tornaram conhecidas no mainstream, se tornando familiares para a maioria das pessoas ao redor do mundo. No entanto, à medida que esse setor gera hype, os movimentos convencionais criam interações positivas com a indústria ou criam mais ceticismo?
Aqui estão alguns exemplos de criptomoedas convencionais que causaram de grande hype até processos judiciais.
Popularização cripto e a Crypto.com
Grandes notícias abalaram o mundo dos esportes em novembro de 2021: a renomeação da arena esportiva Staples Center, no centro de Los Angeles. A Crypto.com adquiriu o naming rights do local, pagando para isso o valor de US$ 700 milhões ao longo de um período de 20 anos.
O Staples Center era um dos lugares mais icônicos da cultura urbana de Los Angeles. A arena representava não apenas um lugar, mas milhares de momentos que compõem a história contemporânea da cidade.
Grandes notícias para o mundo cripto
Não havia como negar que isso era um grande negócio para o mundo das criptomoedas de várias maneiras. Um exemplo é simples, agora a palavra “cripto” é visível para milhões de pessoas diariamente nas ruas e rodovias de Los Angeles. Em letras gigantes e iluminadas, ninguém pode negar a existência deste termo porque está ali visível todos os dias.
No entanto, não é apenas a visibilidade física que merece destaque. A mudança trouxe visibilidade para o setor cripto de outras formas. A Crypto.com agora é um nome familiar para muitos fãs devotos da franquia da NBA e do mundo dos esportes.
Antes da arena, a exchange já havia fechado acordos com o UFC e a NHL. Muitos até reconheceram a Crypto.com de um comercial de Matt Damon de outubro de 2021. Meses após a aquisição do naming rights, a empresa tornou-se patrocinadora oficial da Copa do Mundo de 2022 no Catar.
Quando criptomoedas estão em toda parte em uma indústria, ela incentiva as equipes esportivas e seus fãs a se interessarem. O mundo esportivo está em chamas com itens colecionáveis de NFTs, ingressos e pacotes VIP para Esports e muito mais.
O ceticismo dos fãs
Embora onde há uma mudança tão grande, há sempre dois lados da mesma moeda. Muitos fãs foram ao Twitter para expressar sua frustração com a troca de nome para Crypto.com Arena. Um usuário chamou isso de “vergonha”, enquanto outro tuitou: “as criptomoedas não enganam as pessoas?”
Infelizmente para a exchange em menos de dois meses depois de assumir a arena, sua plataforma foi hackeada. Embora a empresa não tenha registrado perdas significativas, isso certamente gerou dúvidas e receios em novos usuários.
Algumas semanas antes do hack, os vigilantes financeiros do Reino Unido removeram os anúncios da Crypto.com por informações enganosas. Apesar dos contratempos, a Crypto.com ultrapassou 50 milhões de usuários em maio deste ano.
Kardashian e o espaço cripto
Kim Kardashian é uma mulher com uma reputação polarizada. Os fãs adoram cada palavra e cada momento da celebridade, enquanto os haters ridicularizam a mulher por “falta de talento”. Sua influência dificilmente deixa qualquer esfera da cultura pop intocada, e agora o mercado cripto não é exceção.
Kim Kardashian e o EthereumMax
Em junho de 2021, Kim Kardashian postou um story em seu Instagram divulgando o EthereumMax. Ela perguntou ao seus milhões de seguidores se eles gostavam de criptomoedas e fez referência a uma queima de tokens da comunidade EMax.
Embora ela tenha divulgado que sua recomendação não era um conselho financeiro e incluiu uma hashtag de anúncio, isso não parou por ai. Investidores do EthereumMax que tomaram decisões financeiras por causa do incentivo do anúncio decidiram levar esse assunto ao tribunal e processar Kim em janeiro deste ano.
Junto com Kim, o famoso boxeador Floyd Mayweather e o YouTuber que virou boxeador Logan Paul também têm processos relacionados a ações publicitárias relacionadas a criptomoedas. Em situações em que as celebridades lucram com o hype sem o conhecimento adequado do setor, a credibilidade do espaço cripto certamente está em jogo.
No Twitter, diversos usuários levantam questionamentos do por que essas celebridades que antes promoviam criptomoedas “sem valor” agora estão quietas durante o ciclo de baixa do mercado.
O efeito Elon Musk
No entanto, há uma figura pública que nunca fica quieta quando o assunto é criptomoedas. Não importa se sua influência é positiva ou negativa, Elon Musk sempre expressa sua opinião neste espaço.
O exemplo mais proeminente de sua influência é através da popularidade vertiginosa que a memecoin Dogecoin (DOGE) tem tido. Mais uma vez, um comentário recente na mídia social sobre a moeda fez o ativo subir 10%. Um exemplo adicional é quando o McDonalds e Elon Musk foram os responsáveis pela criação de outra criptomoeda meme.
A GrimaceCoin é baseada em um personagem do elenco de personalidades do McDonald’s. Ela existe como resultado de uma simples conversa entre Musk e a companhia de fast foods sobre a aceitação da DOGE, ao qual o McDonald’s respondeu brincando sobre uma eventual GrimaceCoin.
Agora, o perfil dessa meme coin, que não foi criada pelo McDonald’s, tem quase 17.000 seguidores no Twitter.
Avaliação dos especialistas
Esses exemplos são apenas alguns do crescente número de celebridades, figuras públicas e empresas que trazem o hype mainstream para as criptomoedas. À medida que os NFTs encontram casos de uso em esportes, música, moda e arte, os criadores de vários setores têm uma nova responsabilidade.
Ao incorporar a tecnologia blockchain em sua imagem voltada para o público, eles agora são embaixadores de fato do espaço cripto – para melhor ou para pior.
O que dizem os especialistas sobre essa influência? O Be[In]Crypto conversou com Joah Santos, premiado estrategista de marca e atual CMO da Aldrin, sobre o tema.
No espírito de “toda imprensa é boa imprensa”, Santos diz que a influência de grandes figuras é boa e importante. “É uma grande coisa. Passamos de crianças no porão de nossa mãe para crianças legais graças aos NFTs. [Endossamento de celebridades e figuras públicas] se torna uma ponte para os primeiros adeptos à medida que permanecemos no estágio de inovação.”
Influência sem educação
No entanto, Santos destacou a desvantagem de tais endossos. “O lado negativo como um todo para a indústria de criptomoedas é essa mentalidade de ‘fique rico rápido’ que os influenciadores podem propagar. As pessoas entram em NFTs pensando que é sobre arte, mas no momento são muitas pessoas tentando ganhar dinheiro rápido. Temos muitas pessoas ainda entrando em projetos sem saber muito sobre isso.”
Ele comentou sobre a influência que esses indivíduos têm, mas muitas vezes sem a educação sobre a tecnologia ou utilidade por trás do produto. “Acho que os influenciadores não fazem muito, exceto transferir riqueza de um protocolo para outro”, diz ele. “Não há grandes influenciadores ou celebridades que forneçam informações e educação aprofundadas sobre produtos e inovação cripto e DeFi. Mas alguns estão trazendo mais atenção geral para criptomoedas e NFTs.”
Santos acredita que o espaço cripto não alcançará “atenção completa do mainstream” porque nem todos estão interessados em controlar a “direção de seus ativos financeiros”. No entanto, ele também destacou que a divulgação do risco de investimento será diferente com ativos descentralizados e, portanto, precisa de regulamentação.
“Nem todos os ativos são ações e títulos, e a arte não tem esse tipo de regulamentação. Existem investimentos estranhos por aí, como barris de uísque, e eles se saem bem. Precisamos parar de comparar NFTs com finanças tradicionais, porque não são a mesma coisa. No entanto, ainda precisa haver alguma regulamentação para garantir que não haja exploração”.
Cripto no mainstream: a receita para a adoção em massa
Enquanto celebridades e megaempresas de criptomoedas trazem várias formas de atenção para o espaço cripto, o caminho para a adoção em massa ainda está sendo pavimentado. Certamente a receita para isso exige uma mistura de ingredientes –celebridades, sustentabilidade, inovação e utilidade.
A verdadeira questão está em quanto é demais e se o espaço pode ter sucesso sem esses nomes e reconhecimento. As criptomoedas precisam ser uma marca chamativa para as pessoas confiarem e aderirem? É uma questão de qualidade sobre quantidade em termos de grandes endossos?
Esses são apenas os estágios iniciais do desenvolvimento descentralizado. O espaço cripto ainda precisa ver qual impacto será duradouro.
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