O Bitcoin poderia ter caído abaixo de US$ 3.000?
Antes
de iniciarmos a análise, é necessário entender que cada exchange possui uma
cotação independente. Isto vale para os diversos países e moedas onde o Bitcoin
é negociado, mas também dentro de uma mesma região.
Já
tivemos alguns flash crashes, ou
seja, quedas bruscas e rápidas, na cotação do Bitcoin. O efeito é mais forte
quando cotado em pares menos líquidos, mas mesmo em Dólar ou Tether já
presenciamos quedas de 20% ou mais em questão de segundos.
Este
tipo de falha decorre da execução de uma ordem muito maior do que o total das
ofertas de compra, ou mediante alguma falha técnica. O flash crash é caracterizado por um retorno rápido para um patamar
próximo ao preço original.
A queda recente para USD 3.800
Nada
impede do preço nas diversas exchanges negociar abaixo de USD 3.000 por algumas
horas, ou até mesmo dias, especialmente quando há um temor de uma crise global
ou incertezas sobre o Coronavírus, por exemplo.
O
nível de USD 3.000 não é uma estimativa, mas sim um piso determinado pelo
período que ficou conhecido como “inverno das criptos” no final de 2018, além
de ter funcionado como suporte em setembro de 2017 quando a China baniu
exchanges e ICOs na região.
O que impede de cair abaixo disso?
A
indisposição dos detentores, ou “holders”, de venderem nestes níveis. Vale
ressaltar que o cotação de USD 3.000 resulta na capitalização de mercado de USD
55 bilhões, equivalente a 0,6% do total de ouro em circulação.
Este
patamar provavelmente continuará funcionando enquanto tivermos um número
suficiente de pessoas que acredita no potencial do Bitcoin, seu histórico de 11
anos mantendo as regras de emissão, livre circulação, proteção da rede através
dos mineradores, além de forte consenso social trazido pelos usuários que rodam
seus nós (nodes).
Conclusão
Excluindo
um cenário catastrófico de fechamento temporário das maiores bolsas
internacionais, falência de bancos ou grandes corporações, seria difícil
acreditar na manutenção do preço do Bitcoin abaixo de USD 3.000.
Lembre-se que até mesmo o ouro, considerado o melhor instrumento de hedge, ou proteção, encontra-se em queda de 6,5% em dólar no mês de março. Estamos sem dúvida atravessando momentos de incerteza, mas é possível seguir otimista com a tese de segurança e política anti-inflacionária do Bitcoin.
Sobre o autor
José Artur Ribeiro é CEO na Coinext. Economista formado pela Università di Roma (Itália) e investidor em criptomoedas desde 2014. Possui mais de 15 anos de experiência em cargos de liderança. Foi CFO da Hexagon Mining e CFO da Vodafone Brasil. Trabalhou também em multinacionais como Airbus Industries (França) e PricewaterhouseCoopers (Itália e Brasil).
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